Depois
de um longo intervalo, voltei. Como sempre, antes das informações, gosto de
deixar umas observações que melhoram a forma como você pode absorver e
aproveitar as dicas que exponho aqui.
Eu
estive em Montevideo (prefiro escrever assim, pois é o correto – você não gosta
que os gringos chamem seu país de BraZil, não é mesmo? E nem chama Buenos Aires
de “Bons Ares”...) entre os dias 04 e 09 de julho de 2013, ‘invernão’. Logo, se
vai pra lá em outra época, muitas coisas poderão não servir para você.
Embora
muitas das atrações estejam no Centro e na Ciudad Vieja (fui pra lá todos os
dias), eu fiquei hospedado no bairro de Pocitos. Não me arrependi. Montevideo
não é uma grande metrópole e é muito fácil utilizar os ônibus para se
locomover. Além disso, Pocitos é um bairro muito agradável. Falo mais sobre ele
ao longo do texto.
Está
buscando dicas de baladinhas? Da night? Lamento, pode voltar pro Google, pois
aqui não vai achar nada. Não que lá não exista isso, mas eu sou a última pessoa
para quem deva perguntar sobre o assunto. Sou avesso a baladas (ou boliches,
como eles dizem lá). Dependendo do lugar, até rola um barzinho. Mas balada
mesmo, sem chance.
As
informações se restringem a Montevideo. Não fui a Colônia, muito menos a Punta
ou Cabo Polônio. Se vai para tais lugares, terá que complementar seu roteiro em
outros sites.
Se
você já viaja com freqüência, talvez considere muitas informações irrelevantes,
óbvias demais. Porém, como um dia todos nós já fomos marinheiros de primeira
viagem, penso que alguém assim possa chegar até aqui e, consequentemente, ser
beneficiado com as mesmas.
Para
finalizar, o lembrete de sempre: tudo aqui escrito reflete a minha opinião
pessoal, meus gostos e desgostos, minhas exigências e minhas tolerâncias. Não
escrevo visando um público-alvo – não sou pago pra isso – mas, sim, para
compartilhar aquilo que julgo necessário, coisas que eu gostaria de ter lido
antes de viajar, mas não encontrei. Não sou dono da verdade absoluta (ela
existe?), mas sou dono da minha verdade.
Dito
isso, vamos ao que interessa:
- Chegando e saindo:
Não
há segredo. Como a companhia aérea uruguaia – Pluna – não existe mais, sobram
poucas opções para voar até lá. Embora tenha milhas na GOL, acabei comprando
passagens da TAM, pois os horários desta são muito melhores, além de serem vôos
diretos – na GOL existem vários com conexão em Porto Alegre. Se morasse na
capital, talvez fosse com a GOL, mas como não é o caso, optei pela vermelha
mesmo.
- Frio:
Quando eu fui, estava bastante frio. Pela localização às margens do Rio da Prata, sobe um vento de cortar os ossos. Luvas e cachecol são bem importantes. Eu não gosto de gorro, mas confesso que fez falta. Eu aconselho levar tanto roupas que aquecem como outras que protegem do vento. Se tem alguma peça de couro, essa é a oportunidade de usar. Porém, ao contrário do Brasil que é frio até dentro de casa, eles tem calefação nos ambientes. Sendo assim, o ideal é sair pra rua no esquema "cebola", com pelo menos a última blusa no tipo casaco, fácil de tirar e por. Assim que entrar num restaurante, vai querer tirar ao menos uma peça e nessas horas o esquema de cebola ajuda. Eu achava que apenas manteiga de cacau fosse suficiente para a boca mas, acredite se quiser, mesmo com o tempo nubladíssimo nos primeiros dias, fiquei com aquela sensação de 'mormarço' na pele. Imagino alguém mais branquelo... Leve a manteiga de cacau e, por que não, até mesmo um protetor para o rosto. Também aconselho proteger ouvido, nariz e boca, mesmo que não ache que está assim tanto frio. Eu não fiz isso e como resultado cheguei em casa com a garganta inflamada e 38 graus de febre. Três injeções para resolver...
- Frio:
Quando eu fui, estava bastante frio. Pela localização às margens do Rio da Prata, sobe um vento de cortar os ossos. Luvas e cachecol são bem importantes. Eu não gosto de gorro, mas confesso que fez falta. Eu aconselho levar tanto roupas que aquecem como outras que protegem do vento. Se tem alguma peça de couro, essa é a oportunidade de usar. Porém, ao contrário do Brasil que é frio até dentro de casa, eles tem calefação nos ambientes. Sendo assim, o ideal é sair pra rua no esquema "cebola", com pelo menos a última blusa no tipo casaco, fácil de tirar e por. Assim que entrar num restaurante, vai querer tirar ao menos uma peça e nessas horas o esquema de cebola ajuda. Eu achava que apenas manteiga de cacau fosse suficiente para a boca mas, acredite se quiser, mesmo com o tempo nubladíssimo nos primeiros dias, fiquei com aquela sensação de 'mormarço' na pele. Imagino alguém mais branquelo... Leve a manteiga de cacau e, por que não, até mesmo um protetor para o rosto. Também aconselho proteger ouvido, nariz e boca, mesmo que não ache que está assim tanto frio. Eu não fiz isso e como resultado cheguei em casa com a garganta inflamada e 38 graus de febre. Três injeções para resolver...
- Seguro viagem:
Ao
comprar as passagens, eu fiz o seguro da Mondial – www.mondialtravel.com.br – na mesma
compra. O preço é o mesmo, fica a seu critério comprar junto ou mais próximo da
viagem. Eles não exigem que você apresente nada disso e eu confesso que até me
esqueci que tinha, mas vai que você precisa de um atendimento de urgência? Vai
por mim, faça. É barato e pode poupar você de uma dor de cabeça imensa – chegou
a ver o caso das senhoras que se acidentaram na Turquia, nos balões? Então...
Eu
aconselho a, assim que o seguro enviar a você o contrato e demais documentos do
seguro, fazer o seguinte: salve no seu computador todos os arquivos, mande os
mesmos para um e-mail que você possa acessar com facilidade de qualquer lugar
(hotmail), leve uma cópia impressa com você (dependendo da emergência, pode não
ter internet por perto) e deixe outra cópia com alguém da sua casa. Assim, caso
dê merda, pelo menos você sabe para onde correr e com quem contar.
- Imigração/Polícia Federal:
A regra é
clara: líquidos, apenas em embalagens de 100 ml (o oficial em Guarulhos fez eu
tirar meu Close-Up líquido da bolsa para conferir) e, de preferência, embaladas
individualmente naqueles saquinhos tipo “zip-loc”. Se é fumante, diga adeus ao
seu isqueiro – se tem um Zippo ou outro de estimação, deixe em casa – pois eles
barram mesmo, sem choro. Até ano passado, quando fui a Buenos Aires, eles
liberavam aqueles menores. Hoje, nada feito. Se tem garrafa de água na bolsa,
beba antes, pois eles também não liberam. E isso vale tanto em Guarulhos quanto
na volta, em Montevideo.
- Que documento levar?
Nos
países do Mercosul, o RG brasileiro é aceito, desde que tenha no máximo dez
anos de expedição e, ÓBVIO, esteja em ótimas condições de conservação. Se não
tem passaporte, não tem problema; mas se tem, não custa levar. Um carimbo a
mais sempre cai bem. Eu também tenho – e levei – minha carteira nacional de
vacinação, por conta da vacina contra a febre amarela, mas em nenhum momento
foi solicitada. Mais uma vez, se tem, não custa levar. Vai que...
Ao
embarcar no avião, ainda no Brasil, o comissário vai lhe entregar um formulário
para ser preenchido (dica: tenha sempre uma caneta com você, em qualquer
viagem, é útil); na verdade são três formulários num papel só. Não se preocupe
com o preenchimento, é simples, intuitivo. Se possível, preencha assim que se
acomodar e deixe junto com seu documento, para não ter que fazer isso depois
que desembarcar.
Assim
que sair do avião, vai, obrigatoriamente, para a fila da imigração. O
procedimento é rápido (desde que já esteja com tudo preenchido). Eles vão pedir
seu documento e o formulário. Dos três, eles vão destacar um, carimbar um
segundo e deixar você com este carimbado e outro menor – se não me engano era
uma declaração de que a pessoa não porta nada de origem vegetal e animal,
controle sanitário. Pois bem, GUARDE O PAPEL CARIMBADO!!
Ano
passado, em Buenos Aires, como eu estava com passaporte, eles carimbaram o
mesmo e não me deram nenhum outro papel. Dessa vez, embora tenham também
carimbado o passaporte, me entregaram a guia carimbada. Como eu também havia
levado o RG para andar comigo na rua, enquanto o passaporte fica no cofre do
hotel, guardei junto, mesmo achando que jamais iria usar. Ainda bem que
guardei, pois na saída do Uruguai, mesmo com o passaporte carimbado na entrada,
a oficial exigiu o tal papelzinho carimbado. Sorte que estava fácil na bolsa.
Já o terceiro papel, o do controle sanitário, não pediram. Enfim, por via das
dúvidas, guarde com você todos os papeis que te entregarem aqui e lá. Ah,
também é muito importante você guardar durante toda a viagem o comprovante de
embarque – aquele pedacinho de papel onde colam a etiqueta da bagagem atrás –
tanto o da ida quanto o da volta, pois você vai precisar fornecer o número de
voo em mais de uma ocasião (inclusive no Free Shop).
Na
boa? Compre uma pasta de plástico, aquelas com elástico, do tamanho de meia
folha de sulfite, e coloque dentro toda a papelada referente à viagem – e
guarde a mesma na sua bagagem de mão, não faça a burrice de colocar na mala que
será despachada. Fica muito mais fácil e organizado para você nessas situações,
do que ter que parar a fila por minutos revirando os bolsos. Eu garanto que é
bem mais prático.
IMPORTANTE:
ou passaporte, ou RG com até dez anos de expedição. Nem sonhe que carteira de
habilitação, registro profissional (mesmo sendo você da OAB), vão funcionar.
Não vão. Mesmo. Não insista.
Aeroporto de Carrasco. Bem-vindo a Montevideo!
- Que moeda levar?
Se
você tem dólares em casa e não tem outros planos para eles, leve, pois eles
valem bastante no Uruguai (a cotação estava USD 1 = 20,40 Pesos Uruguaios). Do
contrário, leve Reais mesmo que é aceito numa boa, em vários lugares e também
com uma boa cotação (quando fui R$ 1 = 8,50 Pesos).
Assim
que passar pela esteira de bagagem, verá uma casa de câmbio. Só troque ali o
necessário para as primeiras despesas – táxi, ônibus ou um lanche de emergência
no saguão do aeroporto – pois a cotação, ali, é péssima. R$ 1 valiam 7,33
Pesos.
Já
na cidade, é muito fácil encontrar casas de câmbio, embora as do Centro
funcionem apenas em horário comercial e fechem nos fins de semana (primeira
vantagem de ficar em Pocitos; explico melhor adiante) e a cotação é quase
tabelada, a variação é muito pequena de um lugar para o outro. Em Buenos Aires,
eles exigiam um documento para efetuar o câmbio. Em Montevideo, não (na casa de
câmbio do aeroporto, porém, eles pediram, mas só lá). Mas, como nenhuma pessoa
em sã consciência sai às ruas sem documento, isso não será problema mesmo se
alguma casa de câmbio pedir, não é mesmo?
Eu
também levei meu cartão de débito habilitado para saques direto na minha conta
corrente (ligue no seu banco para fazer isso e, também, habilitar seus cartões
de crédito, informando para onde vai, a fim de evitar que eles sejam bloqueados
sob a suspeita de clonagem/furto), mas confesso que me arrependi. O caixa
eletrônico do aeroporto não funcionou, assim como uns dois ou três mais que
tentei pela cidade. No sábado e domingo, muitas agências com caixas “24 horas”
ficam trancadas...
Consegui
sacar duas vezes, um saque de 1000 Pesos e outro de 1500. Em ambas vezes, o
banco local me cobrou 100 Pesos a mais pela operação. O valor foi, sim,
convertido em Reais, debitado na minha conta corrente. Porém... O Banco do
Brasil (meu banco, não sei o seu) também lançou esses saques na fatura do
crédito (meu cartão é híbrido), ou seja, cobrança em duplicidade. E lá vem dor
de cabeça para resolver isso...
Sinceramente?
Se vai ficar poucos dias, leve tudo em espécie mesmo. Deixe uma quantia na
carteira, coloque o resto num ‘money belt’ por baixo da roupa, ou dentro da
meia, que seja, e não tenha essas dores de cabeça com taxas, IOF e essas merdas
que os bancos SEMPRE insistem em fazer.
Aí,
vem a célebre pergunta: “quanto acha que eu devo levar?”. Gente, isso é pessoal
e intransferível. Depende muito do que pretende fazer, se é econômico ou
esbanjador. Se serve de parâmetro, eu levei R$ 200 por dia, sem contar hotel,
transporte saindo e voltando ao aeroporto. Duzentos reais para os gastos com
comida, souvenir, lazer, museus, transporte (usei táxi apenas uma vez, para ir
ao aeroporto). Se puder levar isso, fome não vai passar; tédio também não.
Agora, se detesta caminhar (eu caminhei mais de 20 km num dia), se não quer
pegar ônibus, vai de táxi como a Angélica o tempo todo, talvez seja melhor
aumentar essa proporção diária...
Uma
coisa importante: não se iluda muito com essa diferença, de que R$ 1 vale mais
que 8 Pesos. Exemplificando: a passagem de ônibus é 20 Pesos, não três e pouco
como aqui. Claro que, convertendo, sai até mais barato. Mas não adianta ficar
convertendo toda hora, pois lá você gasta em Pesos, não em Reais. Ter mil Reais
no Brasil, não é o mesmo que ter mil Pesos no Uruguai. O meu almoço mais
caprichado, ficou em 760 Pesos. Não sei se me fiz claro, mas é só um alerta
para não se assustar, economizando na troca de Reais achando que ‘vai render’.
Cartão
de crédito eu recomendo para compras grandes, como a conta do hotel. Lembre-se
que de Pesos, vai para Dollar e só depois tudo é convertido em Reais. Isso sem mencionar
a facada de 6% do IOF. Já disse e repito: leva em espécie o máximo que der e
deixa os cartões para emergências, um plano B.
Ah
sim, gorjetas são esperadas pelos garçons. Os tradicionais 10%, que raramente
vem incluído na conta (confira antes).
- Aeroporto/hotel/aeroporto:
Depois
de pegar a bagagem, trocar o dinheiro e passar as malas no raio-x, é hora de se
hospedar. Assim que chegar no saguão, logo ao lado direito, verá uma guichê
branco e laranja (não memorizei o nome) que oferece o serviço de van para os
hoteis. Custa 250 Pesos por pessoa e eles deixam na porta do hotel. Não
precisei esperar muito para lotar a van, uns dez minutos no máximo – tempo
minimizado pelo wifi gratuito no saguão do aeroporto. Login: antel (‘a’
minúsculo, mesmo), senha: wifi.
No
dia do retorno eu fui de táxi até o aeroporto, paguei 700 Pesos. Não sei se
seria o mesmo preço no dia da chegada, pois já era noite e não sei se existe
bandeira dois lá. Certamente
existem ônibus fazendo esse trajeto, mas deve demorar muito, difícil por estar
com bagagem. Enfim, nessas horas eu opto pelo conforto, não pela economia.
- Por que Pocitos e não o Centro?
Quando
comecei as minhas pesquisas, li em vários lugares que Pocitos seria um bairro
agradável, seguro, tranquilo, mas, ao mesmo tempo, com diversas opções de
restaurantes, bares e outras comodidades. Já o Centro, embora seja onde estão
localizadas várias das atrações que me interessavam, não me pareceu um lugar
bom para se hospedar. E eu acertei na escolha. O Centro no fim de semana,
durante o dia, fica deserto. Praticamente todo o comércio fechado, poucos
restaurantes abertos – só o Mercado do Porto que salva esse marasmo. Também
transitei por lá durante a noite (não de madrugada) e fiquei ainda mais
contente por estar em Pocitos.
Como
já mencionei, Montevideo não é uma cidade imensa. No primeiro dia, eu quis por
que quis ir a pé do hotel até o centro, pois gosto de ir conhecendo aos poucos,
reparando nas casas, nas pessoas, enfim, em tudo. Levei uma hora para chegar lá
– e mais uma hora para voltar. Nos outros dias, usei o ônibus; vinte minutos a
viagem e pronto. Tendo um mapa nas mãos – e no hotel eles fornecem – não tem
como errar. As ruas do Centro são bem sinalizadas (as de Pocitos, nem todas tem
placa...) e fica fácil você se situar. Ademais, caso esteja meio perdido, basta
perguntar para o cobrador, motorista ou outro passageiro mesmo que eles ajudam.
Os montevideanos são gentis, educados e gostam dos brasileiros.
Eu
fiquei hospedado no Palm Beach Plaza – www.hotelpalmbeach.com.uy – e
recomendo muito! Fiz a reserva pelo www.booking.com
e correu tudo tranquilamente. É um hotel novíssimo e, embora os quartos sejam
pequenos, é tudo muito aconchegante, limpo, confortável, funcionários gentis e
atenciosos, um café da manhã totalmente adequado e uma internet que funciona
bem! Além disso, a localização do hotel é soberba. Fica a uns vinte passos do
ponto de ônibus, tem casa de câmbio a uma quadra, mercadinho a meia quadra,
vários restaurantes nas proximidades. Enfim, recomendo totalmente. E o preço?
Metade do que eu pagaria no Rio, por exemplo.
A minha vista pela manhã...
- Ônibus:
Eu
usei apenas dois ônibus, o 121 e o 116. Ambos passam na pracinha perto do
hotel, a diferença é que um deles (121) vai até a Plaza Independência, por
cima, pela 18 de julho (estudando o mapa no Google, vai entender melhor), o que
facilita a ida ao Estádio Centenário e à Feira Tristan Narvaja. Já o 116, vai
por ‘baixo’, pela 21 de setembro. Passa pelo Parque Rodó e vai até o Mercado do
Porto, além da Independência. Ficando em Pocitos, só esses dois números que
precisa saber (eu também peguei o 185, saindo do Centenário, mas não deu muito
certo. Na parte dedicada ao estádio eu explico).
O
valor da passagem é 20 Pesos, como já mencionei, e você paga para o motorista
(alguns tem cobrador). Não tem roleta. Assim que você dá o dinheiro, eles
digitam numa maquininha e sai um recibo, que você precisa recolher. Nunca me
pediram para conferir, mas se você não pega eles chamam você de volta. O troco
máximo é para notas de 200 Pesos. Se pagar com 500 ou 1000, nada feito.
Aqui
eu faço minha observação. Imagina um ônibus no Brasil, sem roleta? NUNCA que
neguinho iria pagar a tarifa. Nessas horas eu fico com um pouco de vergonha de
muitos brasileiros...
Ah,
outra coisa diferente: para descer do ônibus, você pode tanto fazê-lo pela
porta dianteira ou traseira. Se vai descer pela frente, é só ficar em pé ao
lado da porta que o motorista já entende e para no próximo ponto. Se vai descer
por trás, basta apertar o botão acima da porta – não tem cordinha – que ele
para também. E, mais uma vez, a diferença na educação. Caso alguém vá descer
pela frente, quem está no ponto para subir espera, numa boa, a pessoa descer.
Comovente...
Para
se orientar em Montevideo, é bom se acostumar a se referir à localização dos
lugares mencionando o encontro de duas ruas, tanto para os taxistas como para o
ônibus. Os próprios estabelecimentos se apresentam como “estamos na rua X com a
rua Y”. A localização pelo número do local não é muito usada. Eu, por exemplo,
estava hospedado na ‘Jaime Zudañez con Plaza Tomas Gomensoro’. É fácil se
acostumar – e bem mais fácil de se achar pelo mapa.
Em
vez de detalhar meu dia-a-dia na capital uruguaia, vou resumir em tópicos os
lugares e passeios que julgo interessantes.
- Mercado do Porto (Piedras com
Perez Castellanos)
Pra
mim, um dos melhores lugares para se visitar (leia-se comer). É bem pequeno,
não espere um prédio imponente como o do Mercadão de São Paulo. Eu mesmo passei
em frente dele, sem saber, e fui parar lá no embarque do porto, justamente
achando que ele era um daqueles prédios enormes. Embora seja chamado de
mercado, não tem barracas como as de SP ou BH; são algumas lojas de souvenir e
vários restaurantes. O mais famoso, maior e concorrido é o El Palenque. Comi
nele duas vezes (não comi a terceira pois é fechado na segunda-feira). Não tem
mesas, apenas banquetas ao longo de um balcão enorme. Ótimo atendimento,
cardápio bem variado e uma comida saborosíssima! Não vou indicar um prato em
especial, pois cada um tem o seu paladar, mas, se possível, peça um ‘chorizo’.
Garanto que vai gostar.
Tem
uma casa de empanadas que vivia lotada e que, por conta disso, acabei nem
provando. Pelo movimento, deveriam ser bem boas. Não me recordo o nome, mas
fica bem próximo a uma das várias portas. Na verdade, acho besteira indicar
esse ou aquele lugar, creio que todos sejam bons, pois no sábado estavam todos
lotados.
Sábado na hora almoço.
Se
metade do quarteirão é do Mercado, a outra pertence a esse museu. Porém, ao
contrário do que possa parecer, não é grande. Visitei por curiosidade – paguei 45
Pesos – mas reconheço que não é nada imperdível. Para uma cidade que se
vangloria de comemorar quase dois meses de carnaval, creio que merecia um museu
mais rico, mais informativo, mais interessante... Não me lembro o horário de
funcionamento, mas já que vai ao Mercado, e se tiver interesse, só dar uma
checada e ver se está aberto. Ah, a entrada fica de frente para o porto e não
no lado oposto, como pode parecer (quando chegar lá, vai entender a minha
dúvida).
Além desse corredor, mais uma sala. E só. |
- Café Brasilero (sem o ‘i’
mesmo):
Ituzaingo
com 25 de Mayo. Fui duas vezes. Um lugar pequeno, mas bem aconchegante.
Daqueles prédios antigos. Coma a torta de morango – tarteleta de frutilla – e
beba um submarino. Pronto. Uma delícia.
- Teatro Solis:
Chegando
na Praça Independência, já dá pra vê-lo. As visitas guiadas (50 Pesos)
acontecem às 11 e ao meio-dia (isso nas férias de julho, pois me parece que em
outras épocas também tem uma às 16h00). Não demora muito, mas vale. O teatro é
lindo, sua história bem interessante e é um dos principais atrativos da cidade.
Tem que fazer para conhecer um pouco da história de Montevideo. Segundo a guia,
os espetáculos são freqüentes, tanto no salão principal, como numa outra sala
mais moderna, onde apresentações mais contemporâneas acontecem. Eu fui assistir
a uma peça – na sala principal, claro – e, embora não entenda quase nada de
espanhol falado, gostei do programa. A experiência foi gostosa, nova.
- Café Bacacay:
Exatamente
em frente ao teatro. Como todo café, pequeno mas aconchegante. Ainda mais
naqueles dias frios, encontrar um local como aquele, todo aquecido, com vista
para a fachada do Teatro, foi reconfortante.
- Estádio Centenário/Museu do
Futebol:
Eu acho que é
uma visita obrigatória para quem vai a Montevideo. Diferente do La Bombonera em
BsAs, onde o time do Boca é exaltado, aqui o futebol uruguaio é destacado, não
esse ou aquele time. A história das Copas e de outros campeonatos importantes,
muitas fotos, troféus, itens que hoje se transformaram em relíquia estão ali em
exposição. Isso sem mencionar o acesso às arquibancadas, até à beira do campo.
O lugar exala história. Eu não sou boleiro, mas até a mim o lugar impressionou.
Se tiver como escolher, vá com o dia limpo. O visual é ainda mais incrível.
O museu e o
estádio estão abertos para visitação de segunda à sexta, sempre das 10 às 17
horas. Custou 100 Pesos (mas também aceitavam Reais e Dollares). Digo isso
pois, antes de ir, algum site me passou a informação de que também abria aos
sábados e domingos. Não sei se foi por causa das férias de julho, ou se mudaram
de vez, mas perdi a viagem que fiz até lá no domingo – o que, no fim, foi bom,
pois voltei no domingo garoava e na segunda o céu estava limpo que só.
Para chegar, é
fácil. Pega o 121 perto do hotel e desce na Boulevard Gral. Antigas com a Luis
Morquio (em frente a um hospital). Daí, caminha sentido oposto a 18 de julho
por uma avenida bem arborizada até chegar no parque Battle. O estádio fica no
lado oposto. Na dúvida, pergunte. Qualquer um vai saber informar. Para voltar,
saindo estádio, ou caminha de volta até a Gral. Antigas e pega o 121 de volta
para Pocitos – ou continua pela 18 de julho até o Centro – ou pega o 185, no
ponto logo à esquerda da saída do Museu. Eu fiz isso, mas confesso que me
perdi. Embora ele esteja marcado “Pocitos”, ele faz um trajeto que vai até o
meio do caminho, depois volta rumo a Buceo (bairro vizinho). Não foi de todo
mal, pois desci perto da rambla e voltei caminhando, apreciando uma vista que
ainda não conhecia (e se você gosta de shopping, esse 185 passa em frente ao
maior shopping da cidade...).
- Rambla:
É
uma avenida imensa, com mais de 20
km , que margeia toda a cidade e o Rio da Prata. Vale a
pena caminhar por ela – desde que esteja sol – pois rende belas fotos e também
permite observar os locais caminhando, sentir-se menos turista e mais
montevideano, rs. Eu caminhei pela rambla saindo do hotel – fica em frente – e
fui até o Parque Rodó. Longe, mas como já disse, gosto de caminhar.
- Parque Rodó:
Menor
do que esperava e com menos atrativos também. Talvez no fim de semana (fui numa
segunda) tenha mais pessoas por ali, talvez até mesmo algum evento. Vale a
visita? Sim. É imprescindível? Não.
- Feira Tristan Narvaja:
Começa
na rua com o mesmo nome (na verdade o nome da feira é por causa da rua),
esquina com a 18 de julho e se estende por muitos, muitos quarteirões. Muitos
na internet se queixaram, dizendo que é só quinquilharia, que é sem graça.
Discordo. Além das quinquilharias, tem muito mais coisas para se ver. Mas, para
mim, o mais interessante é poder se misturar aos locais. Sim, pois não é uma
feirinha para turistas, mas onde os montevideanos vão à feira mesmo, comprar
desde frutas, queijo, até produtos de limpeza, roupas e o que mais alguém
aparecer para vender ali. Uma queixa: é muito difícil encontrar um lugar, ao
longo da feira, onde se possa usar o banheiro. Os poucos estabelecimentos
abertos, claro, só permitiam o uso para clientes. Eu até cheguei a entrar num
restaurante para comer, mas não tinham banheiro. A princípio, pode parecer
queixa de velho, mas é só a bexiga apertar para que todo o resto fique
desinteressante...
Algumas
barracas ficam viradas para o meio da rua, outras de frente para a calçada
onde, ainda, você tem mais antiquários e restaurantes. Tem que garimpar algum
lugar decente para comer...
Se tiver a sorte de encontrar uma senhorinha toda maquiada, vendendo
empanadas numa esquina, com a família, compre e coma. Não vai se arrepender.
Nessas horas dá vontade de andar com uma marmita, só para poder comprar mais do
que o estômago aguenta e comer depois.
A
feira acontece todos os domingos, a partir das nove da manhã. Até o meio-dia
ainda tá legal, mas aos poucos começam a baixar acampamento e, antes das três,
adeus feira.
Outra
dica é o restaurante “Verde”, onde comi um flan (pudim) com doce de leite muito
bom. Não me lembro se fica na própria Tristan ou numa paralela, mas esse não é
difícil de achar.
Uns reclamam da muvuca. Eu acho válido se misturar com os locais e seus costumes.
- Museus:
Existem
vários museus e galerias pela cidade, porém, como não sou muito fã de arte
contemporânea, não visitei nenhum. Os únicos que me interessaram, ou estavam
fechados (do Gaúcho e da Moeda, ambos na 18 de julho, no mesmo local, fui no
sábado e na segunda, nada...) ou não localizei, mesmo seguindo o Google (do
Holocausto). Aí vai do gosto do freguês, achar os lugares e se achar por lá.
Existem
outras atrações, parques, mencionados nos sites que visitei, mas nenhum que me
chamasse a atenção. Como disse, esse não é o guia definitivo. Logo, se buscar
outras fontes, pode ser que encontre lugares que julgue interessantes e que eu
não mencionei aqui.
Bom,
acho que é isso. Eu recomendo, sim, uma visita a Montevideo. Cidade agradável,
tranquila, bonita, com uma excelente culinária e paisagens que enchem os olhos.
Minha intenção é voltar no futuro, mas em outra época, para viver a cidade com
um clima mais quente. Imagino que deva ficar ainda mais linda com as árvores
cheias de folhas e com as pessoas saindo mais às ruas, sem medo de sentir frio.
Talvez demore um pouco, mas certamente eu volto. Pretendo fazer um outro post,
mais pessoal, no meu outro blog – www.decerto.blogspot.com.
Se tiver a oportunidade de ler, pode ser que te inspire ainda mais a viajar até
lá. De qualquer forma, se tiver a oportunidade, se precisar de um destino de
feriado prolongado, vá pra Montevideo. Duvido muito que se arrependa.
Até
a próxima!!