domingo, 5 de junho de 2011

Sozinho em Fernando de Noronha!


            Estive na Ilha entre os dias 16/11 a 22/11/10. Claro que muita coisa pode ter mudado desde então, o clima vai ser diferente em outros meses do ano, logo espero que as informações abaixo sirvam para uma noção mais básica, e não como uma ‘cartilha’ que deve ser seguida à risca. Outro ponto importante: eu fiquei extremamente maravilhado com tudo que vi e vivi lá, então todo o relato terá uma boa dose de empolgação. Alguém que já tenha conhecido outros pontos do planeta ou que tenha um gosto para praias diferente do meu, pode ir pra lá e não achar TUDO isso que eu achei. Enfim, é uma questão de gosto, e isso é muito particular. O que é bom pra mim pode ser mais ou menos pra você; ou vice-versa. Outra coisa: fiz toda a viagem sozinho, sem intermédio de agência, receptivo, nada disso. Logo, os que vão com agência não terão que se preocupar com tantos detalhes; mas não tenho certeza se terão a mesma liberdade de escolha que eu tive. Pra finalizar, tudo aqui reflete a MINHA opinião; não tenho a menor intenção em ser imparcial ou me abster de elogiar/criticar o que quer que seja. Já digo isso porque pode ser que no meio do texto eu solte algumas considerações não tão, digamos, satisfatórias. Enfim, quem se sentir desconfortável com meu ponto de vista, tem todo o direito de não ler mais nada. Pra fechar, Noronha é a Meca do turismo de lua-de-mel – e eu pude comprovar isso – então, mais um motivo pra compartilhar tudo isso. Afinal, eu sei o quanto é difícil achar informações sobre uma viagem sozinho pra lá. E vamos ao que interessa:

- Antes de ir:
            Além da reserva de pousada, é muito aconselhável recolher a taxa de preservação ambiental cobrada pelo governo de PE antecipadamente, pela internet. Isso evita a perda de um precioso tempo na fila para tal fim no aeroporto de Noronha. Basta acessar www.noronha.pe.gov.br, localizar o link da Taxa de Preservação, seguir as orientações do preenchimento, imprimir o boleto e pagar em qualquer banco. Cada pessoa tem que preencher o seu, não importa se é um casal ou uma família, recolher a sua taxa (parece que crianças pagam menos) e apresentar na chegada. Recomendo fazer isso com a pousada já reservada (pois no preenchimento da guia da taxa eles pedem o nome da pousada) e pelo menos uns dois dias antes da viagem, pra que haja tempo na compensação do pagamento. Alguns receptivos dão a opção de reservar e pagar os passeios antes mesmo de se chegar na Ilha. Mais abaixo colocarei os valores que paguei dos passeios. Até pode rolar um desconto nessa reserva antecipada, mas eu preferi deixar pra contratar lá mesmo; como era a primeira vez, achei que seria interessante dar uma pesquisada, conversar com outros turistas que tivessem usado essa ou aquela agência (o que acabei não fazendo, haha)...

- Chegando em Noronha:
            Claro que o meio mais óbvio é de avião – a não ser que você esteja num cruzeiro ou consiga uma ‘carona’ num das embarcações da Marinha... – e os vôos saem apenas de Natal ou do Recife. Natal é mais rápido mas, durante minhas pesquisas, achei que por Recife sai mais barato. Fui por Natal mesmo, pois seria meu primeiro destino nas férias já que não conhecia, ainda que tenha sido mais caro.
            A Gol tem vôos saindo apenas do Recife e é ela que tem os melhores preços – nunca caia na loucura de comprar vôo direto de SP/Noronha; ‘quebre’ o vôo, primeiro SP/Recife e depois Recife/Noronha. Fica bem mais barato. A TAM talvez também tenha saídas do Recife, mas confesso que não pesquisei muito sobre. Já saindo de Natal, quem leva é a TAM e a Trip. Optei pela segunda por ser mais barata; comprei as passagens no mês de agosto/2010 e paguei, ida e volta, R$ 681,00 em três vezes no crédito. O avião da Trip é bem menor do que as convencionais, mas é bem tranqüilo, serviço de bordo na média do normal, aeronave com aspecto de novinha, gostei. A viagem dura cerca de uma hora, mas é sempre bom lembrar que Noronha está a um fuso a frente do resto do país e por isso conferir os horários no cartão de embarque pode gerar alguma confusão, nada grave.
            Saindo do aeroporto, pode se pegar algum táxi ou o ônibus (falo dele mais tarde). A pousada com que fechei disse que iria me buscar no aero, mas aí enrolaram e acabei indo de ônibus. Pelo menos ele parou na porta – literalmente – da pousada.

- O que levar:
            Repelente (especialmente na Praia do Cachorro), protetor solar (usa-se muito), máscara e snorkel (imprescindíveis!! Já pé de pato, se tiver leve. Senão pode alugar lá. Colete, só pra quem não sabe nadar...). Roupas leves, calçados idem. Para trilhas eu prefiro papete, pois levo apenas um par de tênis e não posso molhar. E eu, particularmente, acho o fim da picada levar jogo de frescobol, guarda-sol e cadeiras (acredite, vi pessoas com isso). Muita frescura – se me permitem a sinceridade.
            Também é importante ter sempre na mochila água e alguma coisa pra enganar o estômago. Mas a água é essencial, porque se transpira muito, o sol é forte e nem todas as praias tem barraca vendendo – isso sem contar que sai mais em conta comprar no mercado do que na praia. Lembre-se: não saia da pousada sem água!!
            Vários estabelecimentos na ilha aceitam cartão – Visa e Master se igualaram em aceitação, na minha opinião – mas é bom ter grana viva e, se possível, em notas não tão altas. Só vi dois caixas eletrônicos em Noronha, ambos 24 horas, um no aeroporto e outro na agência do Banco Real (Santander) no centro administrativo da Ilha. Mas nunca se sabe quando vai acabar a grana nos caixas ou eles vão dar problema... Eu levei mil reais em grana, paguei todos os passeios em dinheiro, usei cartão nos restaurantes e lojas de souvenir, e acabei voltando com alguma coisa pro continente, sem precisar do caixa eletrônico.
Chegando em Noronha
- O que fazer:
            Como a maioria dos vôos chega logo após o almoço, logo depois de deixar as coisas na pousada já dá pra dar uma volta pela Vila dos Remédios (parte histórica) e pelas praias centrais (Cachorro, Meio e Conceição). Além de fazer isso, eu já aproveitei para reservar todos os passeios que queria fazer e assim ficar livre dessa parte. As praias centrais são facilmente acessíveis a pé, só descer as ladeiras e seguir as placas. Depois que anoiteceu, o lance é jantar e ficar de boa até dar sono, pra poder acordar cedo e começar a ‘paulera’, porque Noronha exige uma certa disposição física, acredite. E eu também acho uma burrice ficar acordado até tarde, bebendo todas por exemplo, num lugar como aquele, tão caro e com tanta coisa linda pra se ver. A farra tem que ficar no continente mesmo; a não ser que a pessoa tenha resistência de Sísifo ou ainda, não se importe de jogar dinheiro fora.

- Onde ficar:
As vilas de Noronha são, dos Remédios, do Trinta, Floresta Nova e Floresta Velha. Existem outras, mas eu achei mais afastadas, o que não é interessante em termos de hospedagem. Eu fiquei na Vila do Trinta e gostei da localização, dá pra fazer muita coisa a pé.
Noronha tem muitas pousadas, para os mais diversos gostos e bolsos. Existem as de alto padrão – que custam alguns milhares de reais a diária – até as mais simples, chamadas de domiciliares. Nestas, na maioria das vezes, as famílias moram no local e tem alguns quartos para alugar e foi numa dessas que eu fiquei. Eu fechei seis noites na Pousada da Janda, por R$ 480,00; mas o cara com quem negociei – Jean Carlos – só me disse que garantia esse preço se eu pagasse tudo adiantado (o contato com ele foi em agosto, três meses antes). Paguei, para garantir. Como disse no início, ele havia me garantido – inclusive o site continha essa informação – que haveria traslado até a pousada. Quando cheguei, não estava lá. Liguei em um dos vários telefones e a moça que atendeu (babá dos filhos da dona da pousada) me disse que ele não estava lá, mas que a Alessandra estava no aeroporto. Achei a tal Alessandra, mas ela falou que eu deveria pegar táxi ou ônibus, pq o carro que iriam me buscar estava em passeio e que, na verdade, esse traslado era apenas uma cortesia, ou seja, truque. Bom, acabei indo de busão mesmo, ainda que estivesse com uma mochila imensa. Só não foi pior porque o trajeto não é longo e o ônibus parou na frente da pousada. Não faço conta nenhuma de andar de ônibus, só acho desnecessário a pessoa vender uma coisa que não fornece. Se me avisasse desde o primeiro contato, eu não poderia reclamar, certo?
Bem, além desse ‘desencontro’, a pousada ao menos serviu para o essencial: dormir, tomar banho e deixar minhas coisas. O quarto era bem pequeno, apenas uma cama de solteiro, sem armários, mas com ar-condicionado, frigobar para você abastecer e banheiro dentro (como água em Noronha é sempre uma questão delicada, não espere chuveiros com alta pressão e água em abundância...). Uma coisa há de se destacar: a tranquilidade do lugar. Mesmo trancando a porta do quarto, a chave ficava pendurada num chaveiro atrás da porta, a qual ficava aberta o dia inteiro e nem portão a pousada tem. Não tive qualquer problema com relação a isso. Ah sim, mais uma queixa com relação à pousada: me foi dito que todos os dias o quarto seria limpo, pela manhã. Só o fizeram no primeiro dia, depois não mais. Eu tive que tirar lixo do banheiro e até comprar papel higiênico (tá, eu poderia pedir, mas achei desaforo...). Tem ainda o café da manhã, que é incluído na diária. Péssimo. Nunca fui de luxo – afinal sempre me hospedo em hostels/albergues Brasil afora – mas uma coisa é ser simples, outra é servir coisa de péssima qualidade. Tinham umas fatias de bolo que só Deus sabe quanto tempo estavam naquela bandeja. Duras feito pau! Só tomava café com leite e pão com margarina... Resumo? Se um dia voltar pra lá, Janda nunca mais. Também não recomendo. Certeza que existem outras pousadas domiciliares pelo mesmo preço e mais bem acolhedoras.
A tal pousada...
- Passeios:
            Assim que eu cheguei, a dona da pousada da Janda, Alessandra, me ofereceu os passeios, pois ela tem uma agência também, a ‘Central Noronha de Passeios’ – acho que é isso. De início, achei interessante poder fechar tudo no mesmo lugar, assim ganhava no preço e não teria a trabalheira de ficar fazendo cotação de agência em agência. Bem... Na descrição dos passeios eu entro em detalhes.

Caminhada histórica: vários sites anunciam esses passeios, mas eu confesso que não vi ninguém fazendo. Afinal, dá pra você conhecer tudo a pé mesmo, a presença do guia só se faz necessária se você faz questão de saber os detalhes históricos – a maioria dos lugares, construções, tem placas auto-explicativas, com um resumo da história – logo, eu achei suficiente fazer por conta mesmo, sem contratar guia ou agência. E, claro, tem que subir até a Fortaleza dos Remédios, pois o visual é fantástico. A qualquer hora do dia, mas na hora do pôr-do-sol, obrigatório!
Prédio administrativo da Ilha
Ilhatur: Esse passeio eu recomendo muito! O ideal mesmo é agendar para fazer logo no primeiro dia na ilha. Você sai de manhã com o guia, passa para alugar equipamento (se necessário) e começa a visitar todas as praias da ilha. Isso ajuda muito, pois você já tem um panorama do local e pode escolher seu ponto preferido, assim, caso tenha um dia livre, pode voltar pra onde quiser sem precisar de passeio ou guia e curtir o dia todo. Eu paguei R$ 65,00 nesse passeio, o guia que nos levou foi o Natal e foi bacana. Não me recordo totalmente, mas a seqüência visitada foi: Sancho, Sueste, Leão, Porto, Enseada dos Tubarões, Buraco da Raquel, Museu do Tubarão, Boldró, Cacimba do Padre, Baía dos Porcos, terminando com o pôr-do-sol no mirante do Boldró. A parada para almoço foi no restaurante do ‘Biu’; R$ 26,00 para comer à vontade, bebidas à parte. Muito boa a comida, mas existem mais baratos... Com relação a aluguel de equipamento, nesse passeio é obrigatório alugar colete e pé de pato (se você não levou nada, alugue até máscara e snorkel, claro), pois na Baía do Sueste, são exigidos pelo Ibama por ser um local de preservação, com fundo de corais, logo o colete não deixa você tocar no fundo e o pé de pato ajuda a nadar, porque para ver as tartarugas se vai longe, o local tem uma certa corrente e sem as nadadeiras, pode cansar.
            Praia do Leão e Buraco da Raquel são locais para contemplação e fotos, pois a do Leão, segundo o guia, é muito perigosa por pertencer ao mar de fora e ter vários pontos com corrente fortíssima – ainda segundo ele, vários morreram afogados nessa praia. Mas o visual é lindo. O Buraco vale mais pelas lendas que o cercam e pela proximidade do museu do Tubarão, que vale uma visita.
            Nas proximidades da Praia do Porto – onde dá pra ir de busão, ou até mesmo a pé e fazer snorkel pra ver o naufrágio – está a igrejinha de São Pedro e, logo abaixo, ponta da Air France e a Enseada dos Tubarões, todos pontos para contemplação e fotos. Na Enseada, com maré alta, dá pra ver os tubarões lá embaixo, bem interessante.
            Praia do Boldró foi uma parada rápida para banho e logo depois fomos para Cacimba do Padre, a qual eu acho que a mais extensa da Ilha, e de onde tem uma trilha curta para a do Cachorro – aqui, chega-se muito próximo do Dois Irmãos, momento alto do passeio pra mim, pois o lugar sempre representou Noronha, onde quer que eu visse os morros.
            Não vou descrever todas as praias detalhadamente, primeiro porque todas são lindas, merecem ser visitadas e nenhuma descrição vai substituir uma visita; segundo porque isso renderia páginas e páginas... Vou falar apenas da Baía do Sancho, pois essa merece todas as descrições e elogios possíveis.
            Areia fina, limpíssima, águas calmas, mornas e transparentes. Chegar na praia do Sancho, pra mim, foi como entrar na televisão, na revista, num site da internet, pois até então era só nesses lugares que eu havia visto um lugar como aquele. Sério, fiquei hipnotizado. Primeiro estive lá durante o Ilhatur, onde fiz snorkel (fantástico), voltei com o passeio de barco – e a visão da praia se descortinando para você, vista do mar, marcante – e, finalmente, no meu último dia livre, voltei pra lá de busão e fiquei curtindo o visual até quando deu e, ao me despedir do lugar, observando o Dois Irmãos lá do alto, já me deu saudade antes mesmo de sair dali. Enfim, pra mim, estar na Praia do Sancho foi uma realização enorme. Existem lugares melhores? Se sim, ainda não os conheço (teve um cara que disse que as praias de Itacaré são melhores). Só não tive um ataque de riso porque, afinal, cada um é livre para achar o que quiser, de onde quiser. Mas que eu achei um absurdo tal comparação, isso eu achei...
A inacreditável Praia do Sancho
Trilha do Atalaia: São duas modalidades, a longa e a curta. A curta é obrigatória, porque é a que leva até a piscina natural – não me lembro o preço. Já a longa, depois de visitar a piscina, caminha-se por cerca de duas horas margeando o mar de fora, numa paisagem fantástica! E não achei tão cansativo não, achei que seria bem mais difícil. Confesso que não me recordo, mas acredito ter pagado R$ 70,00 pela trilha longa.
            O passeio consistiu no seguinte: o mesmo guia do dia anterior, o Natal, pegou o pessoal na pousada e nos deixou no início da trilha, com a guia da trilha. Descemos por uma trilha bem tranquila, acredito que menos de meia hora de caminhada, até chegarmos à praia do Atalaia. Olha, a do Sancho é linda, mas essa também tem um visual... Linda demais! As agências informam o número de pessoas e aí o Ibama agenda os horários para cada turma. O nosso era as 10:30. A entrada na água para snorkel é controlada por um fiscal do Ibama, cerca de meia hora por grupo, sempre com a maré baixa. Lugar bem rasinho, com grande variedade de peixes e outros animais, vale muito a pena visitar Atalaia, sem dúvida! Terminado o tempo, os da trilha curta voltam para o ponto inicial para retornar às pousadas, Já eu, a guia, mais um outro cara, seguimos para a longa. Nas palavras da própria guia, como já sabiam de antemão que faríamos a longa, eles deveriam ter nos encaixado nos primeiros grupos da manhã, pois assim, durante a trilha longa, poderíamos ainda pegar maré baixa e curtir piscinas que se formam no mar de fora – coisa que foi impossível, pois, dado o adiantado da hora, a maré já estava subindo, o que tornava arriscado entrar na água naquele momento. Então esse é um ponto a ser observado ao contratar esse passeio, ter certeza de que a trilha longa será feita durante a maré baixa!
            A trilha termina próximo do Buraco da Raquel e, teoricamente, o guia da agência iria nos buscar. Ficamos aguardando num restaurante ali no Porto, a guia ligou, ligou, e nada. Aí ela chamou um táxi pra gente e se virou pra pagar. É, o Natal foi gente fina só no primeiro passeio. Mas valeu a pena. Se voltar a Noronha, faço Atalaia de novo, certeza – na maré baixa, claro...
No meio do percurso da trilha
Batismo de Mergulho: Esse foi peculiar... Bom, paguei R$ 240,00 e fiz com a Noronha Divers. Apesar de ser um barco mais simples do que o da Atlantis, gostei demais da equipe. Atenciosos, acostumados com novatos feito eu, passaram grande segurança, enfim, super profissionais. Estávamos em dois casais, eu fui na segunda dupla. Enquanto a primeira estava debaixo d’água, deu pra cair no mar e ficar curtindo o mar com máscara, cerca de oito metros de profundidade, mas com corrente fraca, bem divertido. Porém, como nem tudo é perfeito, o povo da Noronha deu uma mancada. Eu estava na água, sem pé de pato, e procurava não me afastar do barco; só que eu certo momento eu percebi que nadava, nadava, mas não me aproximava. Os caras estavam saindo com o barco! Tive que me agarrar na corda da âncora e me ‘içar’ de volta. Nem reclamei porque não tava a fim de confusão, mas foi uma pisada legal comigo.
            Disse no início que foi peculiar pelo seguinte: existe toda uma técnica para mergulhar, especialmente por causa da pressão debaixo d’água, onde você tem que fazer pressão como se fosse soltar ar pelos ouvidos para compensar, mas pra mim não foi tão fácil quanto pareceu. Senti muita dor nos ouvidos, demorei para conseguir estabilizar e, ao sair da água e tirar a máscara, percebi que meu nariz havia sangrado; ‘culpa’ minha, pois tenho veia superficial e, com a pressão da água, mais o movimento constante de pressionar o nariz para a compensação, deveria ter previsto que isso aconteceria. Fora isso, foi uma experiência bem bacana. Estar submerso a tantos metros possibilita um visual único, ainda mais em Noronha, que tem uma diversidade enorme de vida marinha. Eu, particularmente, sei que jamais farei novamente pelos problemas que descrevi; mas eu ainda acho que todos que vão a Noronha deveriam fazer sim; não é porque pra mim não foi bom que vou condenar e não recomendar a todos. Pelo contrário, se for possível, faça!
            Junto, no barco, foi uma moça que trabalha na Ciliares fazendo filmagens debaixo da água, sendo que o DVD saiu por R$ 140,00. Como todo novato que se preze, comprei o dito cujo, mas me arrependi. Como fiquei uma boa parte do tempo preocupado com a compensação, na maior parte das imagens eu apareço reclamando de dor no ouvido ou pressionando o nariz para a compensação. A cinegrafista até que tentou, mas reconheço que não colaborei muito... Além das imagens do mergulho, eles acrescentam fotos da Ilha e imagens de outros mergulhadores – profissionais, claro. Se você achar que saiu bem nas imagens, até compre; mas por esse preço, tem que valer muito a pena!
            Sobre a máquina subaquática: eu aluguei com a Alessandra, por R$ 50,00 a diária e levei durante o mergulho. Bobagem, mais uma grana usada sem necessidade. Não é tão fácil quanto parece usar – bem – a máquina debaixo d’água. Primeiro porque acabei ficando mais preocupado em fotografar do que em admirar o visual e segundo porque não é tão fácil visualizar as imagens no visor da máquina, com máscara, debaixo d’água. Resultado, aproveitei pouquíssimas fotos. Tem gente que aluga essa máquina para fazer snorkel; como eu levei minha bolsa estanque, não precisei da sub, pois a bolsa faz o serviço direitinho. Só não me vá comprar uma estanque e levar pro mergulho! Aí ela não aguenta...

Passeio de Barco: Mais um ‘entrevero’... Inicialmente, eu tinha fechado com a Alessandra esse passeio, por R$ 65,00, pra fazer na parte da manhã do mesmo dia do mergulho. Mas aí ela veio com um papo de que o barco estava em manutenção, que, como eu iria embora na segunda-feira, poderia fazer naquele dia antes de ir pro aeroporto. Cismei. Já tinham me dito que o barco deles não era assim grande coisa. Isso sem contar que esse preço era apenas para o passeio, sem almoço, sem plana-sub (que eu queria fazer). Ela ainda tentou desmerecer o passeio de outras empresas, dizendo que o plana-sub dela é melhor (sim, eles fazem, mas separado do barco, para cobrar mais...) pois duraria uma hora enquanto os outros eram apenas vinte minutos. Foi aí que ela pecou. Quando alguém quer mostrar competência não por mostrar eficiência ou qualidade, mas denegrindo o serviço alheio, me perde como cliente na hora. Por mais que sejam concorrentes, isso não justifica falta de ética. Exagero da minha parte? Que seja... Além disso, jamais que eu iria aceitar fazer passeio na segunda de manhã, pra sair correndo pra pousada pegar mochila e ir pro aeroporto. Decidi então cancelar meu passeio com ela e fechar em outra agência. Ela não fez uma cara muito feliz – e eu tive que pedir duas vezes pelo dinheiro de volta – mas acabou concordando, pois meu argumento de que seria muito corrido na segunda-feira não deixava outra escolha. E eu particularmente acho que esse barco não estaria pronto nem na segunda-feira...
            Então decidi fechar o barco completo com a Blue Marlin. Paguei R$ 120,00, mas foi passeio de manhã até o começo da tarde (das 09:00 às 14:00), fazendo ponta a ponta da ilha, pelo mar de dentro (ver as praias do ponto de vista do mar, vale a pena). Também fizemos meia hora de planasub – placa de acrílico onde você se segura e o barco puxa, enquanto você observa o visual debaixo d’água, inclusive o naufrágio! Super tranquilo, qualquer pessoa pode fazer, mesmo que seja com colete pra quem tem mais medo de água, totalmente possível. Depois do plana, o barco vai até a baía dos golfinhos (eles nadam muito perto do barco) e para pro almoço onde? No Sancho! Nem preciso dizer que curti demais, né? Enquanto eles aprontam tudo – os próprios marinheiros cozinham – pulamos na água para fazer snorkel e ir até a areia se quisesse, enfim, curtir a praia. Foi bem legal, o almoço estava ótimo, muito melhor ter feito esse passeio do que esperar aquele outro...
            Só um detalhe. Fechei o passeio na agência, mas teria que pagar pra uma senhora num restaurante perto do porto. Depois de pago, ela me deu um cartão para embarcar; confesso que nem reparei que tinha o nome da embarcação no tal cartão. Estava esperando para embarcar e o pessoal chamando por agência, ninguém chamava a minha, chamaram pelo barco... Quase fiquei para trás! Percebi que estava ficando sozinho e aí vi que aquele era meu barco. Pode parecer lerdeza da minha parte, mas como eu disse, eu estava esperando chamarem pelo nome da agência, não pelo nome do barco. Enfim...
            Bom, foram esses os passeios que eu fiz. Existe ainda o da observação dos golfinhos no mirante. Mas tem que levantar muito cedo, a distância do ponto de observação é muito alta, não quis fazer. Logo, não sei o preço.
Dois Irmãos
 - Projeto Tamar:
            Todos os dias o Tamar de Noronha tem palestrar gratuitas, sobre os diversos tópicos da Ilha e outras partes do mundo. Duram uma hora, sempre na parte da noite. Eu assisti duas, uma sobre a história do arquipélago (muito interessante) e outra sobre tubarões (também interessante, mas menos)... Dá pra ir de busão – tem um ponto na frente – ou até mesmo a pé, uns 20 minutos de caminhada, uma ou duas ladeiras, mas nada impossível. Como eu sempre chegava da rua em cima da hora, ia de busão, mas voltava a pé, sempre. Não só por serem gratuitas, mas ir ao Tamar vale a pena – até porque a vida noturna não é o forte de Noronha (e eu acho isso ótimo). Tem uma lojinha bem interessante, com várias coisas legais para comprar e cuja renda vai para o próprio Tamar (óbvio).

- Andando de ônibus:
            A BR-363, única rodovia que corta a ilha, tem pouco mais de 07 km de extensão. De meia em meia hora os ônibus passam nos pontos e te deixam nas entradas das praias, no Tamar, aeroporto, muito simples. São apenas duas ‘linhas’: 01 – Posto e 02 –Sueste. A linha 01 vem do sul da ilha, passa pelo aeroporto e vai até a praia do Porto, onde fica o Posto da BR (o único). A linha 02 faz o inverso (que dúvida não?) e é nesse que se vai pro Tamar, pra praia do Sancho... Não tem erro, seja pra onde quer que vá, só perguntar pra qualquer nativo que eles te falam se você pega o ‘Posto’ ou o ‘Sueste’. Aí, só pedir pro motorista que ele para onde você quer ir. Ah, a tarifa estava R$ 3,10, que você paga ao descer do busão. Me falaram que é fácil pegar carona na ilha, mas eu não achei não.

- Praias centrais:
            São três as praias de mais fácil acesso, onde se vai a pé com tranqüilidade: Cachorro, Meio e Conceição.
A do Cachorro é bem famosa, não só por ser a primeira praia a ser visitada na ilha, mas pelo tal bar que fica na parte de cima e, dizem, tem uma noite animada em certos dias da semana. A praia tem uma faixa de areia pouco extensa e é separada pela praia do Meio por uma pedras, por onde só é possível passar na maré baixa – também me falaram de um tal ‘buraco do Galego’ nessas pedras, só visível na maré baixa. Eu peguei uma época em que a maré estava baixa muito cedo, por isso sempre que chegava na praia do Cachorro, no fim da tarde, a maré já tinha subido e eu não vi esses detalhes. Tem umas barracas também, mas eu preferi a praia da Conceição para tomar cerveja. 
Praia do Cachorro
Praia do Meio. Das três, eu gostei mais dessas. O acesso é fácil, pois existe uma escada logo depois da praia do Cachorro. A faixa de areia é mais extensa que a do Cachorro, o mar tem ondas – vários surfistas vão lá – não tem pedras no fundo, o terreno é plano, enfim, muito boa. Vale a pena para passar horas e horas sem fazer nada, só apreciando.
A deliciosa Praia do Meio
Conceição. Ainda mais extensa que as anteriores, mas na maré alta vira praia de ‘tombo’. Com areia mais grossa e vários trechos com pedras submersas, tem que saber ao certo onde entrar para banho. O ponto forte é o visual. Fica logo abaixo do Morro do Pico e tem o ‘Bar do Meio’, que fica justamente entre as praias do Meio e Conceição, um bom lugar pra tomar uma cerveja no fim da tarde. Vi pessoas fazendo snorkel ali, mas eu não fiz – se bem que eu acho que em qualquer ponto de Noronha dá pra ser usar snorkel.
A 'rochosa' Praia da Conceição
- Comendo e bebendo:
            Sabidamente, tudo em Noronha é mais caro. Mas, ao contrário do que muitos pensam, não se trata de uma questão de exploração do turismo. O arquipélago está a centenas de quilômetros do continente – isso todo mundo sabe – mas ninguém para pra pensar na logística que é pra tudo chegar lá. Então, pra mim, os altos preços são justificáveis. Restaurantes
a) Flamboyant. Fica na ‘praça’ ou bosque da Vila dos Remédios. Para almoço é self-service, no jantar, a la carte. Almocei algumas vezes e achei o melhor. O preço era R$ 39,90 o quilo, mas uma boa variedade, comida bem saborosa, recomendo. E aceitam cartões! O que é uma bênção na Ilha...
b) Ousadia da Ilha: um pouco acima do bosque, no lado direito de quem ‘sobe’. Também self-service, o dia todo. Também gostei, apesar de ter menor variedade que o Flamboyant. Jantei algumas vezes lá e não tenho queixas, apenas o fato de não aceitarem cartão.
c) Restaurante da Edilma: Fica na Vila dos Remédios, bem antes de começar a ladeira. Lá eles tem bolinho e filé de Tubarão, experimentei ambos, mas o filé é bem melhor. Também fazem pratos executivos, mas o preço é bem mais caro que os demais. Pelo menos aceitam cartão (isso se o ‘sistema’ estiver no ar). Comi lá umas duas ou três vezes.
d) Delícias da Ná: Pra mim, o pior que fui. Fica na rua da pousada onde estava. O que me atraiu foi o preço, mas, como não poderia deixar de ser, deixou a desejar. Pouca variedade e pratos nem um pouco interessantes; as únicas carnes eram de churrasco, e acho que é porque dá pra requentar com mais facilidade. Enfim, não gostei e não recomendo – apesar de sempre ter clientes comendo lá. Tinha máquina, mas não ‘estava passando’ o cartão.
e) Restaurante do Biu: Fui só uma vez, durante o passeio. Como disse, R$ 26,00 para comer à vontade, bebidas à parte. Variedade bacana, comida bem preparada, gostei. Fica localizado numa rua paralela a da Pousada, não lembro o nome – mas qualquer pessoa sabe onde fica. Porém, pelo preço, ainda compensa ir ao Flamboyant.
            Para comprar diversos, padaria e mercadinho ‘Breakfast’. Fica na vila dos Remédios, numa rua perpendicular à via principal. Sem dúvida, o local mais barato para comprar água e tudo mais e aceitam cartão! Subindo a rua da pousada, eu achei um supermercado ‘Poty’; apesar de ser grande, não aceitam cartão e achei mal localizado.

- Outras informações:
- A não ser que você leve note/netbook, acessar a internet em Noronha é complicado. A hora sai por absurdos R$ 12! E, pra piorar, os computadores ficam trancados em gabinetes, sendo impossível passar fotos em pen drive ou algo do gênero.
- Algumas pessoas alugam buggies para percorrer a ilha. Talvez se estiver em grupo compense (não tenho noção do preço), mas acho meio preguiça, afinal dá sim pra ir de ônibus até certo ponto e caminhar cerca de quinze minutos, meia hora até chegar na praia.
- Celular pega bem, pelo menos o meu da Claro pegou. Mas não se esqueça que você vai pagar uma fortuna de roaming!
- Apesar de ser um paraíso, nunca é demais lembrar que Noronha está bem longe da ‘civilização’, então é sempre bom redobrar os cuidados, de todo tipo. Tem hospital, mas apenas para coisas mais simples, corriqueiras. Felizmente não sofri nenhum tipo de acidente na rua, ou mesmo no mar, pois não sei o que seria se tivesse que esperar pra chegar no continente; não vi em nenhum lugar helicóptero de bombeiro ou coisa parecida... Outra coisa, queira ou não, você estará em alto mar. A diferença entre a força das marés é nítida entre os chamados ‘mar de fora’ e ‘mar de dentro’, mas mesmo o ‘mar de dentro’ tem sua força. Como disse o palestrante do Tamar, Noronha exige do visitante uma certa resistência física, mas também uma boa dose de intimidade e respeito com o mar. Não é porque se sabe nadar que é aconselhável se aventurar sozinho em qualquer ponto. Eu sei nadar, há muito tempo, me sinto à vontade na água, e por isso posso dizer que as praias de lá tem sim uma diferença. Claro que não é nada absurdo, assustador, mas cautela não mata ninguém.
- Não seja idiota: não deixe qualquer tipo de lixo nas praias (levar sacola na mochila não pesa nada, muito menos levá-la de volta e jogá-la no lixo) e também não faça o turista imbecil, perseguindo e pegando nas mãos os vários animais de pequeno porte que povoam a ilha, além de os assustarem, você pode até matá-los (acredite, um turista estúpido fez isso); se bem que, se o fizer, cometerá um crime ambiental e o Ibama vai lhe fazer uma visitinha...
- Acho que depois de tanta coisa, nem seja necessário mencionar, mas acampar na Ilha? Nem em sonho. Proibidíssimo! E eu acho isso ótimo. Quem se dispõe a ir até lá tem que se adaptar às normas do local. Se acha isso ou aquilo um absurdo, faça um favor a si mesmo, fique em casa. É caro sim, existe uma taxa a ser recolhida, sim, mas vale a pena cada centavo investido. Os que acham que o lugar é supervalorizado, então não percam seu tempo indo pra lá. Pois é, como devem ter percebido, desenvolvi um certo apego com o lugar. Afinal, não é sempre que um sonho se torna real.
            E pra mim, estar em Noronha, foi isso. A realização de um sonho, de uma coisa que foi planejada – e adiada – por muito tempo. Logo, quando finalmente eu me vi lá, tinha como não me sentir realizado?
            Viva Fernando de Noronha!!!!!!

*Seguem dois vídeos que fiz por lá. O primeiro começa com uns trechos em Natal.



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