domingo, 23 de outubro de 2011

Como fui parar no Jalapão

     Primeiramente, reconheço que minha ida ao Jalapão contradiz o subtítulo do meu blog. Sim, fui por agência. Mas eu explico: o Parque Estadual do Jalapão é um lugar muito remoto, distante 300 km da capital Palmas. É possível ir por conta própria? Claro que sim. Mas aí você vai ter que alugar um veículo 4x4 (pensou que seu CrossFox dava conta né?), levar combustível, peças para conserto, fora todo equipamento para acampar. GPS? Duvido muito que funcione... Resumindo, contrata os serviços de uma agência pra isso, será muito menos trabalhoso e arriscado, vai por mim.
     Como sempre digo nos meus posts, todo o relato traduz a minha opinião sobre tudo o que aconteceu, baseada nos meus gostos, desgostos, exigências, manias, implicâncias... Logo, jamais se baseie apenas no que eu escrevo. O que foi excelente pra mim, pode ser um lixo pra você - e vice-versa. Estive no Tocantins entre os dias 23 e 29 de setembro de 2011, logo não sei como é a questão clima, chuva, whatever em outras épocas. Dito isso, vamos ao que interessa:
    
     Existem algumas agências que fazem passeios para o Jalapão, que oferecem passeios de dois, três, cinco dias. Decidimos contratar logo aquela que faz o roteiro de maior permanência, afinal não é todo dia que se vai ao Jalapão e, se é pra ir, então que seja serviço completo. Depois de pesquisar, decidimos pela Korubo, pois já tínhamos lido algumas matérias sobre eles em revistas e na internet e também por ser a agência que oferecia o pacote mais completo. Fechamos com eles o pacote de cinco dias, quatro noites (mais duas noites em Palmas), por R$ 2.300,00 por pessoa, divididos em cinco vezes - as três primeiras prestações pagas com depósito em conta e duas últimas com cheques, os quais entregamos à Korubo antes de embarcarmos para o safari. O que esse preço inclui? Praticamente tudo. Transfer aeroporto/Palmas/aeroporto, hospedagem em Palmas, acampamento no Jalapão com pensão completa, todos os passeios, eventuais lanches e água durante os mesmos. À parte apenas cerveja e refrigerante que você consome no acampamento e, claro, gastos com souvenir (lembrando que as passagens aéreas para chegar e sair de Palmas também correm por sua conta). Para facilitar, vou detalhar o roteiro que fizemos:

Dia 01, sexta-feira - Saímos de Manaus (onde começamos nossas férias) num voo que fez conexão em Brasília - acostume-se, não existem voos diretos para Palmas, você obrigatoriamente vai parar em Brasília na ida e na volta - chegando em Palmas por volta do meio-dia. No aeroporto a Korubo já estava nos esperando e ali mesmo já ficamos sabendo qual seria nosso grupo do safari. Sim, diferente de outros lugares, as saídas para o Jalapão são apenas aos sábados (pelo menos pela Korubo), com um grupo fechado, não tem essa de a cada dia chegar um "povo novo". Por isso é muito importante se planejar com antecedência, para comprar as passagens aéreas para os dias e horários certos (ao menos que queira ficar mais tempo em Palmas, o ideal é comprar voos que cheguem na sexta-feira e saiam na quinta-feira seguinte), para poder ter um tempo de descansar antes e depois do safári - acredite, será necessário esse descanso... Do aeroporto, seguimos para a Pousada dos Girassois (unidade 01), bem no centro de Palmas. Feito check-in, o resto do dia foi livre - nós resolvemos dormir, pois tinhamos saído de madrugada de Manaus e o calor na capital do Tocantins é INFERNAL! Sair andar pelas ruas, fora de cogitação... A pousada é boa, o quarto é pequeno mas confortável, com ar-concidionado (item de primeira necessidade), um café da manhã bem variado, piscina e ótima localização. Mencionei que a pousada tá incluída no preço da Korubo, né?
     Minha impressão sobre Palmas? Bem... Além do calor infernal, a cidade não tem grandes atrativos. Por ser uma cidade nova (tem menos de 25 anos), ela ainda está desenvolvendo sua personalidade. Como ela foi construída especialmente para ser a capital do Estado, é toda planejada (assim como Brasília), com traços bem definidos, ruas com 'coordenadas' em vez de nomes, prédios públicos concentrados num mesmo local, uma vegetação rasteira - cerrado - com poucas árvores. A vida noturna também não empolga, com poucas opções, pouco movimento. Eu tive a sorte de ter uma amiga que vive lá e ela me levou jantar num restaurante bem gostoso - Tabu - e também me explicou detalhes da cidade. Mas posso dizer que Palmas ainda não tem um turismo muito explorado, porém parece ter "material" pra isso.

Praça dos Girassois, centro de Palmas. Os girassois? Boa pergunta...
Dia 02, sábado - Depois de tomar café da manhã na pousada, arrumamos a bagagem e, por volta das nove horas, entregamos os cheques das parcelas restantes e embarcamos no caminhão - sim caminhão - rumo ao Jalapão.
Só assim pra se chegar lá
      E aí começa a aventura. As primeiras duas/três horas são em estrada asfaltada em meio ao cerrado brasileiro, parando vez ou outra para apanhar cajus na beira da estrada e para almoçar no muncípio de Ponte Alta do Tocantins, cidade bem pequena, onde os celulares já começam a emitir seus últimos suspiros... Depois do almoço, aí seguimos direto até o acampamento, numa estrada de areia muito ruim, com mais buracos do que qualquer outra que eu tenha percorrido (entende agora porque seu CrossFox não aguenta?), passando por lugares remotos, sem qualquer vestígio de civilização.
Durante um bom tempo, essa é a única paisagem  
     Depois de mais de oito horas - exatamente isso que você leu - chegamos ao acampamento. Porque tanto tempo? Além da estrada extremamente ingrata, o Jalapão fica a 300 km de Palmas, quase na divida com a Bahia, então é chão! Uma vez no acampamento, foi só fazer reconhecimento de terreno, banho, jantar e cama. Era preciso descansar para aguentar os próximos dias.

Dia 03, domingo - Antes, vou descrever o acampamento. No site da Korubo eu já havia visto umas imagens e sabia que não dormiríamos em simples barracas ou tomaríamos banho em chuveiros improvisados. Mas ainda assim, me surpreendi com o lugar! Uma baita estrutura, com camas e banheiro dentro das tendas e chuveiros com água quente! E as refeições? Essa foi sem dúvida e melhor surpresa. Café, almoço e jantar preparados com uma variedade, uma qualidade, impressionantes. Se você ainda está pensando que, por ser acampamento, comemos miojo, ovo cozido e bebemos água de rio, está completamente enganado. Não que fossem pratos exóticos, elaborados, mas era tudo tão bem feito, tão saboroso e numa quantidade até exagerada, que a hora das refeições era a mais aguardada pela turma, haha. Sério, isso eu posso garantir, se alguém for pra lá e disser que a comida é ruim, é porque essa pessoa é uma metida à besta, que não deveria nunca ter saído de SP (sim, porque esse tipo de reclamação é típica de paulista; sou paulista, sei do que estou falando). Aliás, você já assistiu ao vídeo que fiz lá? Tem um post logo abaixo. Tem imagens do acampamento, de dentro das tendas - menos das comidas; estava tão ocupado comendo que me esqueci de fotografar... ;)
     Após o café, seguimos para o nosso primeiro passeio: descer parte do Rio Novo de caiaque. O rio passa em frente ao acampamento, tem água limpíssimas e uma correnteza não muito forte, o que torna o passeio próprio para qualquer pessoa. Dois guias acompanham o grupo rio abaixo, para eventual auxílio - eu mesmo tombei meu caiaque logo na primeira parada - mas é tudo muito tranquilo, dá pra curtir numa boa, sem sustos. Mesmos nas partes onde existem mais pedras, passamos numa boa - pode ser que na época de cheia fique mais complicado, não sei. Essa descida durou umas duas horas, acredito eu. No fim, lá estava o caminhão da Korubo para nos trazer de volta ao acampamento. 
     Aliás, há que de destacar o profissionalismo dos caras. Num dos passeios, o eixo do caminhão quebrou (não falei que a estrada era difícil?), mas como havia um funcionário da Korubo nos acompanhando numa caminhonete, o passeio seguiu - e logo depois outro caminhão surgiu substituindo o anterior; num outro dia, o "cooler" em que eles levam água tombou e ficou vazio, mas não demorou muito e eles logo trouxeram outro. Muitas vezes as pessoas só enxergam o preço das coisas e reclamam que é tudo caro. O que elas não levam em conta é o trabalho que esse tipo de coisa dá; se fossem eles a oferecer esse serviço, cobrariam menos? Duvido...
     Depois do caiaque, almoçamos e ficamos um tempo de boa tomando banho de rio, até sairmos para ver o pôr-do-sol na duna. E lá se foram mais algumas horas na estrada até as proximidades da Serra do Espírito Santo, onde fica a duna - foi nesse dia que o caminhão quebrou. O visual no lugar é incrível! A duna tem uma tonalidade avermelhada que, com a luz do sol sobre ela, fica parecendo algo de outro planeta! E ao contrário do que possa parecer, subir até o topo da duna não é difícil não, e o visual...

Dia 04, segunda-feira - Saímos às oito da manhã do acampamento e, duas horas depois, chegamos à Cachoeira do Formiga. Olha... Pra mim foi o melhor lugar que visitei no Jalapão. Juro. Eu sou doido por água; quando ela é cristalina, tem uma temperatura perfeita, vem de uma cachoeira mas a correnteza não te leva embora, aí que fico doido! Nem vou ficar tecendo mais e mais elogios ao lugar, mas posso dizer que não existe criatura nesse mundo que seja capaz de dizer que não gostou de lá - e se disser é porque tá querendo ser do contra.

     Com muito resistência, deixamos a cachoeira para trás e seguimos rumo ao Fervedouro da Glorinha. Como descrever esse lugar? Um lago, onde você caminha até certo ponto quando, de repente, o chão 'some' e você fica flutuando! Pois é, apesar de não tocar o chão, você também não afunda, mesmo que se esforce para tanto. É muito curioso. Porém, um pequeno problema: a quantidade ABSURDA de mosquitos e afins que ficam sobrevoando ao redor da sua cabeça. Sério, chega a ser irritante, mas a beleza do local e a experiência justificam estar ali. Depois, seguimos para um outro fervedouro, esse com bem menos insetos nas nossas cabeças, mas a parada foi rápida pois iríamos almoçar em seguida. Seguimos, então, até Mateiros para conhecer - e comprar - o artesanato feito com o capim dourado; cidadezinha minúscula com uma praça, uma escola e uma sorveteria. Pelo menos o sorvete estava gostoso.

Dia 05, terça-feira -Saímos às cinco e meia da manhã do acampamento, depois de um café rápido, a fim de seguirmos para a trilha da Serra do Espírito Santo. Eu imaginei que iríamos ver o sol nascer do alto da serra, mas não; levantar tão cedo é necessário para não pegar o sol muito forte durante a subida da serra. Pelo menos foi possível acompanhar o sol nascendo durante o trajeto que, mais uma vez, foi longo... O passeio consiste em subir até o topo da serra, caminhando por uma trilha em zigue-zague, por um quilômetro, caminhar mais três quilômetros até o mirante da serra e, claro, voltar tudo isso depois. Eu imaginei que seria mais difícil e muito mais cansativo, já que sou sedentário confesso e havia acordado há poucas horas. Mas me surpreendi. Não se foi a empolgação com o visual, mas foi tudo tão tranquilo que caminharia outros tanto quilômetros de preciso fosse. Enfim... Uma vez no topo da serra, é possível ter uma visão privilegiada de toda a extesão do parque! É muito lindo mesmo, uma experiência visual e sensorial bastante válida. Talvez, quem já tenha escalado outros pontos do mundo não se impressione tanto, mas como foi minha primeira vez nesse tipo de situação, gostei demais.
Desce! 
     Depois da trilha, retornamos ao acampamento para o almoço e tivemos a tarde toda livre. Uns ficaram no rio, outros aproveitaram o redário para dormir... Existe uma trilha curta dentro do acampamento que termina próximo a umas corredeiras; fomos até lá e descemos apenas com a correnteza de volta ao acampamento. Coisa simples, leve, só pra distrair mesmo.

Dia 06, quarta-feira - Deixamos o acampamento às oito e meia da manhã - já com toda a bagagem - rumo a Palmas. No caminho, paramos para visitar a cachoeira da Velha e tomar banho na prainha do Rio Novo. A cachoeira impressiona. No meio de todo aquele cerrado, onde só sevê vegetação rasteira e poucas árvores, eis que ela surge; esse contraste de paisagens é um dos pontos fortes do Jalapão. Onde você acha que só tem poeira e mato, de repente aparece uma cachoeira, um rio enorme, uma arara azul belíssima... A cachoeira é apenas para contemplação mesmo, pois são muitas quedas e entrar na água seria pedir para sofrer um belo de um acidente. Pouco tempo depois, de caminhão, chegamos na prainha. Aqui sim um lugar perfeito pra banho, com águas calmas, cristalinas e naquela temperatura... 
Prainha
     Mas a parada não dura muito, logo fazemos um lanche e voltamos pra estrada. Aí, aquela odisseia de novo, mais buracos, mais solavancos... Chegamos em Palmas no começo da noite. Só restou mesmo um banho, jantar e dormir, porque o Jalapão é bom, mas cansa...

Dia 07, quarta-feira - Como nosso voo saía de Palmas apenas depois do almoço, aproveitamos a parte da manhã para dar uma volta pela Praça dos Girassois e fotografar o lugar e também aproveitar a temperatura mas baixa, porque seria difícil ficar andando pra lá e pra cá com uns 40 graus na cabeça. Ah sim, essa última noite também foi na Pousada dos Girassois e a Korubo nos levou de volta ao aeroporto.

     Enfim, acho que é isso. Valeu a pena? Sem sombra de dúvida! Só não digo que faria de novo pois, como já disse no meu vídeo (o qual eu espero que você veja, se ainda não viu), quando tiver tempo e dinheiro disponíveis, irei pra um lugar novo e não de volta pra lá. Mas àqueles que estão pensando em ir eu digo: vão! 
     Se você gosta desse tipo de viagem, no meio do nada, sem qualquer contato com o mundo, apenas curtindo paisagens, usufruindo da natureza e, de quebra, quer aprender um pouco sobre a história do Tocantins, vai gostar. Agora, se você é daqueles que tem "nojinho" de tudo, não quer suar, se sujar todo de poeira, caminhar muito, não suporta insetos, não vive sem chapinha... faça um favor a você mesmo/a e aos demais viajantes, fique em casa, ok? Pois se tem uma coisa da qual o Jalapão não precisa é de gente fresca.
     Falo mesmo!

     Se alguém quiser mais informações, ficarei mais do que satisfeito em ajudar. E, por favor, comentários, sugestões, críticas também são bem-vindas - menos se for pra reclamar da chapinha.

domingo, 10 de julho de 2011

Sozinho em Cusco, no Peru!


           Estive em Cusco entre os dias 19 e 25/06/11, logo, tudo aqui escrito reflete fatos e situações do período; se você vai pra lá em outra época, provavelmente não vai encontrar tudo do mesmo jeito que descreverei. Obviamente, tudo aqui expressa a minha opinião, as minhas experiências, os meus gostos e desgostos. Como em todos os meus relatos, jamais tenho a pretensão de que isso seja um guia definitivo, um roteiro a ser seguido à risca. Cada um é cada um; o que foi maravilhoso pra mim pode ser detestável para o outro – e vice-versa. Que cada um que chegue até aqui e leia até o fim possa extrair o maior número possível de informações úteis; e aquilo que considerar inútil, simplesmente ignore. Mas é claro que quaisquer correções serão bem-vindas afinal, mesmo que não pareça, não sou intransigente.
            Bom, dito isso, vamos ao que interessa:

- Antes de viajar:
            Só consegui marcar essa viagem graças aos pontos do TAM Fidelidade, pois não poderia – pelo menos não agora – comprar as passagens. Troquei ida e volta, São Paulo/Lima, por 14.000 pontos e paguei apenas cerca de R$ 140,00 de taxas de embarque. Importante: só consegui esses trechos por essa quantidade de pontos, pois troquei tudo com três meses de antecedência; quanto antes efetuar a troca, melhor.
            Pelo tempo que iria passar lá, comprei USD 400 e informei meus bancos sobre a viagem, para que não ocorresse bloqueio dos meus cartões de crédito (caso o seu não seja, deve habilitar para uso no exterior E informar a viagem); também foi possível sacar moeda local direto da minha conta corrente, mas como tive alguns problemas, falarei sobre o dinheiro adiante, com mais detalhes.
            Fiz seguro-viagem pela Mondial Assitence (www.mondialtravel.com.br) o qual, felizmente, não usei; comprei botas de caminhada, pois tênis são muito frágeis para o tipo de caminhada que se faz lá, especialmente nas ruínas, e também aquecem mais os pés. Durante a noite e nas primeiras horas da manhã, o tempo é muito frio, onde todo tipo de proteção é necessária – aqueles gorros típicos peruanos são mais do que meros souvenires, esquentam mesmo – porém, conforme o sol vai subindo, a temperatura muda bastante e torna-se possível caminhar pela cidade usando apenas uma única blusa.
Oceano Pacífico e solo peruano
 - Documentação:
            É possível sim viajar para Lima e Cusco com o RG brasileiro, desde que ele tenha menos de dez anos de expedição e, claro, esteja em ótimas condições e a foto seja fiel ao seu rosto atual; se eles julgarem que a foto não corresponde, podem sim criar problemas. Eu pretendia ir com passaporte, para ter o carimbo do Peru e especialmente o dos 100 anos da descoberta de Machu Picchu, mas, infelizmente, não foi possível providenciá-lo antes de viajar.
            Certificado Internacional de Vacinação (CIV): antes de viajar, em todos os lugares em que eu pesquisei diziam que é imprescindível você ter o CIV junto com seu documento, especialmente ao voltar para o Brasil, pois é necessário comprovar a vacinação contra a Febre Amarela (na verdade, é apenas essa informação que consta no CIV, as demais vacinas não aparecem). Eu fiz a minha quando estive no aeroporto de Joinville e é simples: basta ir ao posto da ANVISA com sua carteirinha de vacinação original e RG (lógico) que na hora eles fazem e imprimem. Não me pediram o CIV em nenhum momento, mas, como é obrigatório, melhor nem arriscar e fazer logo; se pedirem está com você.

- O que levar:
- Manteiga de cacau, algum tipo de soro para umedecer o nariz. Acredite, nessa época o tempo seco incomoda mais do que o frio. A umidade parece ser praticamente zero, ainda mais nos passeios pelas ruínas, onde a quantidade de poeira é bem grande – perceberá isso quanto assoar seu nariz...
- Eu levei apenas um par de botas impermeáveis, própria para trekking (mesmo não sendo período de chuvas, ela ajuda a esquentar) e a usei o tempo todo; chinelo apenas para tomar banho. Tênis? Acho desnecessário, já que a bota é versátil e pode ser usada em todas as ocasiões. Se fizer questão e tiver espaço na mochila...
- Você tem money belt, doleira ou algo do gênero? Aquelas bolsas de pano que ficam ao redor da cintura, debaixo da roupa? Se não tem, compre. Muito útil para guardar o ‘excesso’ de dinheiro, pois eu considero o ideal nunca andar com mais do que 100 (reais, dólares, ou qual quer que seja a moeda local) na carteira, e até mesmo seu documento, um dos seus cartões. Se perder, o prejuízo será pequeno. Acabou o dinheiro da carteira? Acha um banheiro – ou discretamente debaixo da mesa – tira mais grana do money belt e pronto.
- Lenços de papel e papel higiênico na mochila de ataque (para quem não sabe, mochila de ataque é aquela que vai com você para a rua, para os passeios): nunca se sabe quando será preciso ir ao banheiro e nem todos os lugares podem estar devidamente preparados para recebê-lo. Aliás, esse é um hábito que todo viajante deveria ter, enfim...
- Uma farmacinha simples, com analgésicos, contra dor de cabeça, resfriado, band-aids e quaisquer outros que venha tomando. Se forem remédios controlados, informe-se melhor em sites como ANVISA – ou Google... Não precisei tomar nada, sequer entrei numa farmácia, logo não sei qual o rigor para a venda de remédios, quais necessitam de receitas e tal.
- Cópias de documentos: eu tirei cópia colorida do RG, uma cópia do CIV e imprimi duas vias de toda a papelada – comprovante de reserva dos vôos, dos albergues, seguro-viagem – e deixei essas cópias sempre guardadas no armário do albergue; se me assaltassem na rua, teria meu ‘esconderijo’ (seria muita burrice tirar cópia de tudo e levar junto com os originais...). O site do consulado também orienta a tirar cópia colorida das principais folhas do passaporte; não substitui o original, mas facilita provar que você é você, caso seja assaltado. Nem preciso dizer que essas cópias só servem pra isso mesmo, num caso infeliz de perder os originais; não vá pagar o mico federal – literalmente – de passar na imigração com cópia de passaporte ou RG...

- Lidando com dinheiro:
            A moeda do Peru é o Nuevo Sol. Nem vou entrar no mérito da cotação, já que isso varia sempre; posso apenas ilustrar que, na época em que fui, um dólar valia 2,75 nuevos soles. Para Reais a cotação era R$ 1 = S./ 1,50.
            Além de ter habilitado meus cartões de crédito para uso internacional – e avisado por telefone onde estaria e qual o período da viagem (façam isso, senão bloqueiam seu cartão durante a viagem, por julgarem ser clonagem), também habilitei meu cartão do Banco do Brasil para saques na moeda local direto da minha conta corrente. Claro também comprei dólares aqui no Brasil – USD 400 – e foi muito mais fácil trocar do que pensei; no aeroporto de Lima a cotação era menor do que em Cusco logo, troque apenas uma pequena quantia no aero para gastos iniciais e deixe para ir trocando o restante em Cusco (ao redor da Plaza de Armas existem várias casas de câmbio, com a cotação que eu julguei justa). Eu consegiu, inclusive, trocar alguns Reais em Cusco; aproveitei, pois eles estavam “sobrando” e assim que achei uma casa que trocava, achei melhor. Antes Soles na mão do que Reais – inúteis no Peru – fazendo volume na carteira. Mas não conte com isso sempre, trocar reais, leve dólares que é mais garantido.
            Lá no início, mencionei que tive problemas ao sacar Nuevos Soles para débito na minha conta-corrente aqui no Brasil. Minha primeira tentativa foi no saguão de desembarque do aeroporto de Lima; segui todas as orientações da tela (espanhol ou inglês, nada de português, ok?) e, no momento de liberar a grana, o caixa eletrônico deu uma mensagem de erro na operação – mas meu celular avisou que a grana havia sido debitada! Como não dava para acessar minha conta, saí do aeroporto sem saber o que tinha acontecido (não tinha como reclamar, pois não era caixa de agência, mas sim um terminal ‘perdido’ no meio do saguão. Já em Cusco, aconteceu duas vezes a mesma coisa – dessa vez em caixas que estavam dentro de uma agência bancária; consegui sacar a grana apenas uma vez. Quebrando a cabeça para entender, eu cheguei à conclusão de que eu estava sacando valores que ultrapassavam meu limite de saque diário, por isso o caixa reteve as cédulas; só que, se não liberou a grana por causa disso, também não deveria debitar da minha conta, certo? Enfim...
            Vou explicar melhor o que aconteceu. Meu limite de saque diário era de R$ 120,00 (isso eu perguntei na minha agência, antes de viajar); como no primeiro saque eu tentei pegar 400 Soles (s./ 400), o que representava pouco mais de R$ 250,00, meu limite foi ultrapassado – e eu confesso que tinha me esquecido do limite. Nas outras duas tentativas, eu tentei sacar s./ 300 de cada vez, o que passou meu limite também; apenas quando pedi s./ 100 (cerca de R$ 60) a grana saiu. Resumindo? Memorize seu limite de saques em Reais e faça a conversão mentalmente antes de pedir a grana no caixa eletrônico (a senha é a mesma que você usa para saques no Brasil). IMPORTANTE: Para cada saque feito no exterior dessa forma, o Banco do Brasil me cobrou R$ 12 mais a taxa do IOF (sim, um absurdo); ou seja, evite sacar dinheiro na função débito – ao menos que seu limite seja alto e você possa sacar uma quantia razoável de uma só vez. Porque pagar R$ 12 toda vez que sacar R$ 60, ninguém merece...
            Ah sim, apesar de todos esses problemas, no fim das contas o banco percebeu o erro e estornou todos os valores do saques que eu não consegui completar. Menos mal né?
            Antes de voltar ao Brasil, se ainda tem alguma quantia de Nuevos Soles, melhor trocar no aeroporto mesmo, por Reais. Ainda que a cotação não seja lá essas coisas, os Reais você usa aqui. Já os Soles...

- Taxis: No Peru eles não tem taxímetro, o costume é negociar o valor da corrida antes de entrar no carro. Se informe na sua hospedagem quais os táxis credenciados, de confiança. Os táxis que eu usei, o pessoal do hostel quem chamou, não peguei nenhum na rua, não tem como eu dizer “qual a cor dos mais confiáveis”. Evite pegar táxi, na rua, sozinho e sente-se sempre no banco de trás, travando as portas para que nenhum “passageiro extra” entre de repente.

- Onde ficar:
            Cusco tem uma infinidade de hospedagens, desde albergues até hoteis luxuosos. Eu pesquisei pelo site www.hostelworld.com e encontrei vários hostels. Decidi pelo Yamanyá Backpackers, pela avaliação que recebeu no site e fiz uma ótima escolha; muito bem localizado – três quadras da Plaza de Armas – seguro, com chuveiro quente (até demais), cama enorme e um edredon poderoso! Fiz a reserva pelo site e não tive problema algum quando cheguei lá, minha vaga estava garantida e o valor restante que tinha que pagar não sofreu qualquer alteração. Uma equipe super prestativa, me ajudou em tudo que precisei, café da manhã extremamente simples (mas não seria isso que prejudicaria minha estada lá), internet free. Mesmo tendo um bar dentro do hostel, não atrapalhou o meu sono; eles guardam as mochilas de quem vai pra Machu Picchu dentro de um depósito, enfim, recomendo. Queixas? Apenas uma: quando eu ia pra MP, isso às quatro horas da manhã, o cara da recepção me fez pagar o valor da estada – coisa que só faria no check-out – pois, segundo ele, é a regra, quem vai pra MP paga tudo antes de sair. Só que essa regra é pro povo que vai fazer a trilha ou mesmo passar uma noite em Águas Calientes, o que não era o meu caso; mesmo explicando que eu iria voltar no mesmo dia, não teve jeito, tive que pagar tudo naquela hora. Felizmente o dinheiro que sobrou deu pra eu me virar em MP, mas foi desagradável “perder” aquela grana toda antes da hora.
            Além do Yamanyá eu conheci outros dois hostels em Cusco, o Pariwana e o Ecopackers. Achei ambos bem localizados – o Eco é na mesma rua do Yamanyá – mas bem mais movimentados do que o meu. Na pesquisa pelo Hostelworld eu tinha lido alguns elogios sobre um tal de “Loki Hostel”; por acaso, vi onde fica esse e não gostei da localização. Fica perto de San Blas, numa área que eu achei meio desaconselhável andar à noite. Em suma, quanto mais próximo da Plaza de Armas, melhor.
Yamanyá Backpackers

 - O que fazer:
            Como eu fui pra Cusco numa semana festiva, todos os dias tinham eventos, desfiles, shows na Plaza de Armas. Na verdade, a cidade em si já é uma atração; vale muito a pena tirar um dia para andar pelas ruas de Cusco, fotografando a arquitetura, observando os locais, descobrindo lugares interessantes para se comer, tomar um café. Existem também alguns museus – eu visitei apenas o Museu Inka – muitas igrejas, as quais só abrem em hora de missa e onde fotografias no interior são proibidas; existe um “boleto religioso” que você pode comprar e visitar as igrejas fora dos horários de missa.  Aqui acho que nem compensa entrar em detalhes, pois basta dar uma caminhada pelos arredores da Plaza de Armas para conhecer os pontos mais interessantes. Vida noturna? Bom, eu sou a última pessoa a quem perguntar sobre isso, pois saio de casa pra ver o que não tenho aqui perto e, vamos e venhamos, barzinhos e coisas do gênero eu posso freqüentar sem precisar ir tão longe. Mas, porém, contudo, todavia, posso dizer que Cusco tem sim uma vida noturna agitada, dado o alto número de mochileiros e, pelo que ouvi, um tal de “Mama África” é o barzinho mais freqüentado de Cusco, fica na Plaza de Armas. Certeza que existem outros lugares, mas tais informações eu deixo para outro, não é o meu forte.
Plaza de Armas

Comer e beber.
- Restaurante Inkanto: Ambiente aconchegante, perto da Plaza de Armas (olhando para a Catedral, vire na rua à direita), mas serviço muito lento, comida pouco saborosa (escolhi um filé de alpaca com um arroz sei-lá-o-quê) e cara – dois copos de suco mais o prato principal, 60 soles.
- Los Balcones: de costas para a catedral, um dos restaurantes do lado direito da praça. Comi um menu turístico (entrada, sopa, principal e suco) por 30 soles. Gostei, apesar do coentro na alpaca – a sopa estava excelente.
- Não lembro o nome, mas é ao lado do Los Balcones: aqui comi o cuy, mas não assado e sim frito, numa espécie de iscas empanadas, com choclo (milho), papas (batata) e pisco. Também gostei. Não lembro o preço, mas não achei caro – senão lembraria.
- InkaFé: Espalhados por Cusco, um dos melhores lugares onde comi. Primeiro fui no que fica numa esquina, em frente à Plaza Del Regocijo (ou algo parecido), onde comi Trucha Crocante – uma delícia – e bebi a famosa Chicha Morada. Noutro dia, fui em outro InkaFé, próximo a pedra de 12 ângulos, na rua do Jack’s Café (acredite, você vai ver esse lugar e vai se lembrar). Aqui eu tomei um café mesmo, com um pedaço de bolo bem gostoso.
- Bembos e Cappuccino Café: ambos na Plaza de Armas, um ao lado do outro, na parte de cima. O Bembos é um fast-food no térreo e o café no andar de cima; já o Cappuccino é um ambiente mais, digamos, sério. Ambos são bons – no Cappuccino a variedade é maior.
- Paddy’s Pub: fica numa esquina ao lado da Catedral, bem pequeno, não fui. Eu visitei o outro pub que fica na outra esquina, cuja entrada é pela rua lateral, Norton’s Rat; como tudo em Cusco, bem pequeno, mas um ambiente bacana – se der sorte, pegue um banco na sacada e aprecie a vista.
Chicha Morada
 - Passeios:
            Eu fiz três passeios em Cusco: City Tour, Vale Sagrado, acesso ao Inti Raymi e, claro, Machu Picchu. Contratei todos numa agência de Lima, ainda no Brasil, a qual parcelou todo o pacote em três vezes – tudo ficou em 600 dólares. Aí surge a pergunta: “mas não dá pra fazer tudo isso sozinho, sem agência?”. Claro que dá. Porém, eu decidi contratar tudo de antemão, pois eu já sabia que a semana em que eu estaria lá seria concorridíssima, especialmente os ingressos para a Festa do Sol (Inti Raymi). Some-se a isso o fato de que eu teria que correr atrás de tudo lá em Cusco, o que iria tomar boa parte do meu tempo, correndo o risco de não conseguir vaga para a Festa, passagens de trem e até mesmo o acesso a MP. Conforme for descrevendo os passeios, coloco minha opinião sobre como seria se tivesse feito tudo por conta própria.
            Voltando à agência, eu achei pela internet esse site www.andesperu.com; mandei para eles uma mensagem de como eu queria que fosse meu roteiro, o que eu queria fazer em cada um dos dias em que estivesse lá e eles responderam com tudo pronto, do jeito que pedi! Achei ótimo eles montarem esses roteiros personalizados, pois a agência com a qual tinha entrado em contato antes era mais enrolada do que qualquer outra coisa, cheia de restrições quanto ao meu roteiro, demoravam a responder. A Andes Peru, cujo contato foi o André, me prestou um serviço 99% - apenas uma pequena falha, nada que me prejudicasse.
            Funcionou da seguinte forma: depois do meu contato, eles retornaram por e-mail com toda a descrição dos passeios (também solicitei que fossem me buscar no aeroporto de Cusco), na sequência que eu havia escolhido e o preço. Assim que confirmei, eles me enviaram alguns formulários pra eu preencher, assinar e mandar de volta; fiz tudo isso, fotografei a papelada e mandei pra eles. Também foi preciso mandar foto do meu RG e do meu cartão de crédito, para ele poder debitar tudo pelo escritório dele. Arriscado? Pode ser, mas ou era assim ou eu não fazia. Mas eles foram EXTREMAMENTE profissionais, chegando a me perguntar qual a melhor data para passar o cartão, me mandaram todos os vouchers dos passeios, enfim, recomendo sem medo a Andes Peru. A agência fica em Lima – inclusive, um amigo meu que já estava lá, localizou o escritório deles, conheceu o André e comprou com eles o ingresso para a Festa do Sol, ou seja, não se trata de uma empresa fantasma – e eles terceirizam os passeios com outra agência de Cusco. O bacana é que foram sempre as mesmas pessoas que foram me buscar no hostel para os passeios e o guia também foi sempre o mesmo. O que rolou foi o seguinte:

Dia 01 – Assim que saí do desembarque do aero de Cusco, uma moça estava me esperando. Pegamos um táxi (ela mesma pagou) e me deixaram na porta do hostel. Não tinha nada marcado para esse dia, então saí caminhar e conhecer os arredores
Me situando em Cusco
 Dia 02 – Na hora marcada, 13h00, a mesma moça foi até o hostel e me apresentou ao guia do city tour. Fui com ele até a Plaza de Armas para aguardar as demais pessoas do grupo e começar o passeio. Começamos com uma visita à Catedral. Para tanto, é necessário comprar um ingresso na entrada da igreja ou o “boleto religioso”, que dá acesso a outras igrejas em Cusco. Claro que o guia me entregou o boleto, pois já estava tudo pago. Dá pra fazer sem agência? Claro que sim mas, caso faça, aconselho comprar um guia explicativo do interior e da história da Catedral depois, pois sem guia e sem saber nada, a visita fica sem sentido. O guia – Marco – explicou tudo sobre o local, muito mais proveitoso.
            *Aqui eu faço uma observação. Dependendo do número de turistas, eles dividem em grupos com guia que fala em inglês e outro em espanhol. Como brasileiro que sou, me colocaram no grupo dos espanhóis; achei que não iria entender muita coisa, pois meu inglês é bem melhor, mas me surpreendi com a facilidade com a qual entendi tudo o que o guia disse. Continuo não falando espanhol, mas agora posso dizer que pelo menos entendo o idioma – pelo menos o falado no Peru.
            Depois da Catedral, seguimos a pé para o Templo do Sol – Qorikancha – onde existem várias paredes construídas desde a época Inka e o guia explica como tais paredes foram construídas sem cimento ou qualquer material de fixação.
            Bom, não vou me estender ainda mais sobre esse passeio, mas posso dizer que é válido, desde que seja o primeiro passeio feito em Cusco. Vou repetir, por mais que pareça desperdício de dinheiro fazer um city tour numa cidade como Cusco, a presença do guia é importantíssima, especialmente para mim que era totalmente leigo (ignorante mesmo) sobre a cultura da região e do povo Quechua. Depois de Qorikancha seguimos de ônibus para Sacsayhuamán, Puca Púcara, Qenko e Tambomachay. IMPORTANTE: nesses lugares você vai precisar do Boleto Turístico. Se fechar com agência, certifique-se se esse boleto já está incluso, senão você terá que comprar na hora – custava 130 soles – e ele te dá acesso a diversos lugares. O meu me foi entregue pelo guia, pois estava no pacote. É de extrema importância guardá-lo, pois você vai usá-lo no passeio do Vale Sagrado também!
Parada rápida em Puca Pucara
 Dia 03 – Esse dia eu programei para visitar Machu Picchu. O combinado era que me pegassem às 04 da manhã, mas atrasaram cerca de meia hora. A mesma funcionária da agência apareceu pra me buscar – inclusive testemunhou o ‘entrevero’ que tive com o funcionário do hostel por causa do pagamento antecipado das diárias. Dali, entramos no carro que iria me levar até MP e onde ela me entregou toda a papelada: bilhete de ida e volta do trem, passagens do ônibus ida e volta para MP e ingresso de acesso à cidadela. Logo depois, ela foi embora e ficamos apenas eu e o motorista. Ele dirigiu um pouco e logo parou numa rua, dizendo que foi buscar mais dois passageiros; eu achei que eram mais dois turistas, mas não eram. Deu medinho, confesso – ainda mais que um amigo meu já sofreu sequestro relâmpago no Peru – mas foi só cisma minha, correu tudo bem. Chegando em Ollantaytambo, na estação de trem tomei um café e já embarquei no trem. São duas empresas, Peru Rail (um vagão super espaçoso) e a Inka Rail, com um serviço de bordo bem simpático, mas um espaço tão – MAS TÃO – apertado... Adivinhe em qual eu fui? Enfim, apesar do aperto a viagem foi boa, pois a companhia no vagão rendeu bons papos (brasileiros saindo pelo ladrão). E a paisagem? Espetacular!
            Chegando na estação de Águas Calientes, tinha um senhorzinho me esperando – conforme me havia dito a funcionária da agência – e que me levou até onde saem os ônibus para MP. Ah sim, a viagem de trem dura pouco mais de uma hora e a subida de ônibus até MP leva pouco mais de meia hora.
            Assim que eu descesse do ônibus era pra haver algum guia me esperando na entrada de MP, mas não havia ninguém (essa foi a única falha da agência comigo). Aí, uma outra guia que estava formando grupo para entrar me pediu 20 Soles, só que eu teria que esperar juntar um número certo de pessoas. Claro que não esperei e entrei sozinho. Seria necessário o guia? Certamente eu teria muito mais informações. Mas não foi ruim estar sozinho, pois pude andar no meu ritmo, sem ninguém me apressando e tal e, diferente dos demais lugares, eu já havia lido várias coisas sobre Machu Picchu, então não fiquei tão perdido lá dentro – meu guia impresso tinha um mapa com os principais pontos do local. Quanto tempo para conhecer toda a cidadela? Cada um tem seu tempo, mas eu diria que, pelo menos, umas duas horas ali dentro – eu fiquei três. Lembrando Ao voltar para Ollantaytambo, o mesmo motorista que havia me levado estava lá me esperando, com mais um casal (esse de mochileiros mesmo) e voltamos para Cusco sem qualquer imprevisto. E a paisagem no caminho? Impressionante!

            *Reconheço que essa foi a forma mais turística de se ir a Machu Picchu. Pesquisando, descobri outras formas usadas:
- Trilha Inca: caminhada de quatro dias e três noite, acampando, passando pro caminhos estreitos, atingindo mais de 4 mil metros de altitude. Quem fez, disse que compensa todo o sacrifício, uma experiência única. Mesmo assim, não me animei para fazer isso no futuro...
- Passar uma noite (ou várias) em Águas Calientes. Águas é o vilarejo mais próximo de Machu Picchu, encravado nas montanhas, cheio de pousadinhas, restaurante e uma feira de artesanato bem interessante. Dizem também existir um passeio às águas termais, talvez por isso valha a pena ficar uns dias lá. Geralmente que vai para Águas Calientes pretende levantar de madrugada para ir a Machu Picchu e ter acesso ao Huayna Picchu, o ponto mais alto da cidadela; isso é necessário, pois o acesso ao Huayna é limitado e não tem senha, é por ordem de chegada. Antes de ir cogitei fazer isso, mas a ideia de perder um dia em Cusco – e levantar duas madrugadas seguidas naquele frio – me fez desistir.
- Eu cheguei a ler em alguns fóruns uma forma de se ir até MP, saindo de Cusco, saindo de carro até certo ponto e depois caminhar por uma usina(?) até chegar lá. Nem perdi meu tempo atrás disso, porque por mais que eu busque viajar de forma econômica, não significa que tenha que sofrer pra isso. Existe a economia sensata e a economia burra... Tem pessoas também que vão a pé de Águas Calientes até Machu Picchu; se tem disposição física para tanto e tempo de sobra, boa sorte. Eu não faria isso. Se for pra caminhar, então melhor aceitar logo o desafio da Trilha Inca.
- Indo sem agência. Eu cheguei a pesquisar como ir por conta própria e descobri o seguinte: só é possível comprar o ingresso para MP, assim como as passagens de trem, pela internet se o seu cartão tem um sistema chamado “verified by Visa” ou o similar da MasterCard. Eu li que, na época, apenas alguns cartões emitidos pelo Bradesco (ou Itaú, não lembro) tinham essa possibilidade. Caso contrário, o jeito é fazer uma reserva para Machu Picchu pelo site www.drc-cusco.gob.pe, imprimir o boleto e pagar assim que chegar em Cusco (depois de pagar o boleto, tem que ir retirar o ingresso na Secretaria de Cultura, informe-se sobre os endereços). Na verdade, o site que eu acessei era www.machupicchu.gob.pe, mas agora ele está fora do ar logo, acesse o site anterior pra ver se consegue acessar a reserva de outra forma. Já o trem, a www.perurail.com vende as passagens, inclusive dos trens que saem da estação de Poroy (a mais próxima de Cusco) mas, como disse, também existe esse “senão” do cartão de crédito. Já a outra empresa, www.inkarail.com.pe, também faz reservas pelo site (não sei se é só reserva ou também venda), mas seus trens só saem de Ollantaytambo, quase duas horas de carro de Cusco.

Dia 04 – Nesse dia, fomos ao Vale Sagrado. Confesso que não anotei a sequência dos lugares visitados, então vou tentar ser o mais fiel possível, de acordo com a minha memória. Esse dia estava cheio de pessoas para o passeio, fomos num ônibus (mais uma vez, fiquei na turma que ouvia em espanhol). Boa parte do percurso é às margens do Rio Urubamba, o mesmo que transbordou no começo do ano, impedindo o acesso a Machu Picchu e destruindo vários vilarejos. A primeira parada foi rápida, na “Escuela de Cerâmica Ccorao”; apenas alguns objetos de cerâmica – não entrei no que seria a escola, e várias barracas de artesanato, um mais lindo do que o outro, como sempre. Tem uma mulher usando o tear e outra cuidando de lhamas, se você quiser tirar foto delas ou com elas, é bom dar umas moedas de gorjeta (em espanhol, propina). A parada seguinte foi no “Mirador Taray”, onde o guia dá mais algumas explicações e mostra um vilarejo que praticamente foi lavado pela enchente do Urubamba. Na sequência, o Complexo Arqueológico de Pisaq (Boleto Turístico); lugar enorme, com várias ruínas e um visual impressionante das montanhas. Mais uma vez, a explicação do guia é essencial. Depois das ruínas, o ônibus desce até o vilarejo de Pisaq, onde existe um mercado de artesanato absurdo! Sério, eu fiquei doidinho ali, com tanta variedade de coisas para se ver e comprar – gastei uma grana boa nesse lugar. Após, é hora de almoçar. Não sei o motivo, mas cada pessoa, cada grupo, tinha um restaurante diferente para almoçar; acredito que sejam várias agências em Lima que concentram suas atividades na mesma agência em Cusco, por isso os restaurantes diferentes. Eu fui no último restaurante, com mais umas cinco pessoas, chamado “Tunupa”, uma delícia por sinal; comida toda inclusa, apenas bebida à parte (não tem caixa, paga direto pro garçom) e umas sobremesas, ai, ai...
            Depois do almoço, vem o trecho que eu achei o mais interessante: Ollantaytambo (de novo, precisa do Boleto Turístico). Apesar de ter ido lá no dia anterior, eu fui apenas para pegar o trem e não vi nada das ruínas; o lugar é fantástico! Claro que Machu Picchu é o lugar mais impressionante, mas aqui também mostra toda a inteligência e força dos Quechua, para construir um lugar tão imponente. Sem dúvida, o melhor do Vale Sagrado, pra mim, foi Ollantaytambo. Claro que na saída também tem a tradicional feirinha, uma tentação... Pra terminar, uma parada rápida por “Chinchero”, mas também muito interessante. Aqui, mulheres com trajes típicos fazem uma demonstração de como se extrai os fios da lã da alpaca, a lavagem, tingimento e confecção dos tecidos; extremamente interessante, onde elas comprovam que todas as etapas são feitas de forma natural – até o “sabão” que limpa a lã é, na verdade, uma raiz. Impressionante! Na saída, claro, uma ‘propina’ para as moças e mais artesanatos para comprar.
            Em todos os passeios, na volta, algumas pessoas entravam no ônibus para vender DVD com fotos e imagens de Cusco e arredores – teve um que entrou vendendo um licor de anis – todos com autorização do guia, dizendo que são universitários e tal. Não comprei nada, porque senão ficava sem um tostão...
Mercado de Pisaq
 Dia 05 – Como era dia de Corpus Christi, não marquei nenhum passeio para poder curtir a cidade, pois eles celebram a data com muito entusiasmo. A praça fica tomada com desfiles de pessoas de várias partes do Peru, todos em trajes típicos, sai uma procissão com todas as imagens sacras que ficam nas igrejas – os santos são imensos – e toda a celebração tradicional do dia. Devido à colonização espanhola, Cusco ainda tem uma fortíssima cultura católica, muito mais fervorosos do que eu pensei que fossem. Aliado a isso, em uma outra praça – San Francisco ou San Domingos – existem barracas vendendo comidas típicas, especialmente o cuy e o chiriuchu. Não comi nada dessas barracas, pois não senti firmeza nas condições de higiene, comi apenas em restaurantes – sei que ninguém garante que lá sejam mais limpos que as barracas, mas enfim... Como encontrei meu amigo que fez a Trilha Inca, e os amigos dele também, fomos dar uma volta pela cidade de novo, pois eles ainda não conheciam.
Procissão de Corpus Christi
 Dia 06 – Festa do Sol ou Inti Raymi. Segundo o guia, essa festa ocorre duas vezes por ano, no solstício de inverno (24 de junho) e no solstício de verão (em fevereiro, não sei o dia). É uma encenação de rituais celebrados pelo Inca, toda falada em quechua, dividida em três partes. As duas primeiras são de livre acesso, pois acontecem em espaços públicos – Qorikancha e Plaza de Armas; caso queira ver de perto, chegue cedo, pois lota. E é assim mesmo: em Qorikancha tudo começa com a apresentação dos quatro povos que vem saudar o sol, o exército e o Imperador Inca; depois, todos vão a pé – público e ‘elenco’ até a Plaza de Armas – para dar continuidade à encenação. Finalmente, todos sobem a Sacsayhuamán; quem comprou o ingresso, tem acesso às cadeiras – o meu era setor laranja, um dos melhores pontos para se assistir o espetáculo – quem não comprou, teve que subir num morro lotado de pessoas e que fica a uma distância meio ruim para visualizar tudo. Eles fornecem um roteiro do espetáculo, em quéchua, inglês e espanhol, mas é apenas assistir antes e ler depois, pois fica impossível acompanhar; vem um DVD junto, mas confesso que ainda nem vi. Se for ao Inti Raymi, leve protetor solar, água (não vendem nada lá dentro) e uma proteção para cabeça e pescoço, pois o sol é forte, bem forte.
Inti Raymi
 Dia 07 – Volta pra Lima, onde dei uma volta pelo bairro de Miraflores (muito bacana, por sinal) e respirei um pouco de ares urbanos, depois de uma imersão em cultura, história e tradições. Se vou detalhar minha permanência em Lima? Nem... Foi tão pouco tempo que nem compensa, não vai ajudar ninguém.

            Bom, acho que deu né? Li, reli e acredito que tudo de útil e interessante que poderia compartilhar, está aqui. Caso você, prezado leitor, tenha alguma outra pergunta, me manda que, se eu puder, respondo com prazer.
           
            Pra encerrar, quero dizer que Cusco é uma cidade muito interessante que vale sim uma visita; não vá pra lá apenas por causa de Machu Picchu, tire pelo menos um dia para andar pelas ruas cusqueñas, garanto que não vai se arrepender. Violência? Tudo bem que eu não fiquei até altas horas perambulando pela cidade, mas estive no centro dela em momentos de festa, alta concentração de pessoas, andei fotografando tudo e nenhum momento me senti observado, sequer fui abordado por bêbados ou similares (confesso que nem vi gente nesse estado por lá). Como dizem, canja de galinha e cautela não fazem mal a ninguém; não ande com a câmera no pescoço, mas também não deixe de registrar imagens de um lugar tão belo.
             E viva El Peru!

domingo, 5 de junho de 2011

Sozinho em Fernando de Noronha!


            Estive na Ilha entre os dias 16/11 a 22/11/10. Claro que muita coisa pode ter mudado desde então, o clima vai ser diferente em outros meses do ano, logo espero que as informações abaixo sirvam para uma noção mais básica, e não como uma ‘cartilha’ que deve ser seguida à risca. Outro ponto importante: eu fiquei extremamente maravilhado com tudo que vi e vivi lá, então todo o relato terá uma boa dose de empolgação. Alguém que já tenha conhecido outros pontos do planeta ou que tenha um gosto para praias diferente do meu, pode ir pra lá e não achar TUDO isso que eu achei. Enfim, é uma questão de gosto, e isso é muito particular. O que é bom pra mim pode ser mais ou menos pra você; ou vice-versa. Outra coisa: fiz toda a viagem sozinho, sem intermédio de agência, receptivo, nada disso. Logo, os que vão com agência não terão que se preocupar com tantos detalhes; mas não tenho certeza se terão a mesma liberdade de escolha que eu tive. Pra finalizar, tudo aqui reflete a MINHA opinião; não tenho a menor intenção em ser imparcial ou me abster de elogiar/criticar o que quer que seja. Já digo isso porque pode ser que no meio do texto eu solte algumas considerações não tão, digamos, satisfatórias. Enfim, quem se sentir desconfortável com meu ponto de vista, tem todo o direito de não ler mais nada. Pra fechar, Noronha é a Meca do turismo de lua-de-mel – e eu pude comprovar isso – então, mais um motivo pra compartilhar tudo isso. Afinal, eu sei o quanto é difícil achar informações sobre uma viagem sozinho pra lá. E vamos ao que interessa:

- Antes de ir:
            Além da reserva de pousada, é muito aconselhável recolher a taxa de preservação ambiental cobrada pelo governo de PE antecipadamente, pela internet. Isso evita a perda de um precioso tempo na fila para tal fim no aeroporto de Noronha. Basta acessar www.noronha.pe.gov.br, localizar o link da Taxa de Preservação, seguir as orientações do preenchimento, imprimir o boleto e pagar em qualquer banco. Cada pessoa tem que preencher o seu, não importa se é um casal ou uma família, recolher a sua taxa (parece que crianças pagam menos) e apresentar na chegada. Recomendo fazer isso com a pousada já reservada (pois no preenchimento da guia da taxa eles pedem o nome da pousada) e pelo menos uns dois dias antes da viagem, pra que haja tempo na compensação do pagamento. Alguns receptivos dão a opção de reservar e pagar os passeios antes mesmo de se chegar na Ilha. Mais abaixo colocarei os valores que paguei dos passeios. Até pode rolar um desconto nessa reserva antecipada, mas eu preferi deixar pra contratar lá mesmo; como era a primeira vez, achei que seria interessante dar uma pesquisada, conversar com outros turistas que tivessem usado essa ou aquela agência (o que acabei não fazendo, haha)...

- Chegando em Noronha:
            Claro que o meio mais óbvio é de avião – a não ser que você esteja num cruzeiro ou consiga uma ‘carona’ num das embarcações da Marinha... – e os vôos saem apenas de Natal ou do Recife. Natal é mais rápido mas, durante minhas pesquisas, achei que por Recife sai mais barato. Fui por Natal mesmo, pois seria meu primeiro destino nas férias já que não conhecia, ainda que tenha sido mais caro.
            A Gol tem vôos saindo apenas do Recife e é ela que tem os melhores preços – nunca caia na loucura de comprar vôo direto de SP/Noronha; ‘quebre’ o vôo, primeiro SP/Recife e depois Recife/Noronha. Fica bem mais barato. A TAM talvez também tenha saídas do Recife, mas confesso que não pesquisei muito sobre. Já saindo de Natal, quem leva é a TAM e a Trip. Optei pela segunda por ser mais barata; comprei as passagens no mês de agosto/2010 e paguei, ida e volta, R$ 681,00 em três vezes no crédito. O avião da Trip é bem menor do que as convencionais, mas é bem tranqüilo, serviço de bordo na média do normal, aeronave com aspecto de novinha, gostei. A viagem dura cerca de uma hora, mas é sempre bom lembrar que Noronha está a um fuso a frente do resto do país e por isso conferir os horários no cartão de embarque pode gerar alguma confusão, nada grave.
            Saindo do aeroporto, pode se pegar algum táxi ou o ônibus (falo dele mais tarde). A pousada com que fechei disse que iria me buscar no aero, mas aí enrolaram e acabei indo de ônibus. Pelo menos ele parou na porta – literalmente – da pousada.

- O que levar:
            Repelente (especialmente na Praia do Cachorro), protetor solar (usa-se muito), máscara e snorkel (imprescindíveis!! Já pé de pato, se tiver leve. Senão pode alugar lá. Colete, só pra quem não sabe nadar...). Roupas leves, calçados idem. Para trilhas eu prefiro papete, pois levo apenas um par de tênis e não posso molhar. E eu, particularmente, acho o fim da picada levar jogo de frescobol, guarda-sol e cadeiras (acredite, vi pessoas com isso). Muita frescura – se me permitem a sinceridade.
            Também é importante ter sempre na mochila água e alguma coisa pra enganar o estômago. Mas a água é essencial, porque se transpira muito, o sol é forte e nem todas as praias tem barraca vendendo – isso sem contar que sai mais em conta comprar no mercado do que na praia. Lembre-se: não saia da pousada sem água!!
            Vários estabelecimentos na ilha aceitam cartão – Visa e Master se igualaram em aceitação, na minha opinião – mas é bom ter grana viva e, se possível, em notas não tão altas. Só vi dois caixas eletrônicos em Noronha, ambos 24 horas, um no aeroporto e outro na agência do Banco Real (Santander) no centro administrativo da Ilha. Mas nunca se sabe quando vai acabar a grana nos caixas ou eles vão dar problema... Eu levei mil reais em grana, paguei todos os passeios em dinheiro, usei cartão nos restaurantes e lojas de souvenir, e acabei voltando com alguma coisa pro continente, sem precisar do caixa eletrônico.
Chegando em Noronha
- O que fazer:
            Como a maioria dos vôos chega logo após o almoço, logo depois de deixar as coisas na pousada já dá pra dar uma volta pela Vila dos Remédios (parte histórica) e pelas praias centrais (Cachorro, Meio e Conceição). Além de fazer isso, eu já aproveitei para reservar todos os passeios que queria fazer e assim ficar livre dessa parte. As praias centrais são facilmente acessíveis a pé, só descer as ladeiras e seguir as placas. Depois que anoiteceu, o lance é jantar e ficar de boa até dar sono, pra poder acordar cedo e começar a ‘paulera’, porque Noronha exige uma certa disposição física, acredite. E eu também acho uma burrice ficar acordado até tarde, bebendo todas por exemplo, num lugar como aquele, tão caro e com tanta coisa linda pra se ver. A farra tem que ficar no continente mesmo; a não ser que a pessoa tenha resistência de Sísifo ou ainda, não se importe de jogar dinheiro fora.

- Onde ficar:
As vilas de Noronha são, dos Remédios, do Trinta, Floresta Nova e Floresta Velha. Existem outras, mas eu achei mais afastadas, o que não é interessante em termos de hospedagem. Eu fiquei na Vila do Trinta e gostei da localização, dá pra fazer muita coisa a pé.
Noronha tem muitas pousadas, para os mais diversos gostos e bolsos. Existem as de alto padrão – que custam alguns milhares de reais a diária – até as mais simples, chamadas de domiciliares. Nestas, na maioria das vezes, as famílias moram no local e tem alguns quartos para alugar e foi numa dessas que eu fiquei. Eu fechei seis noites na Pousada da Janda, por R$ 480,00; mas o cara com quem negociei – Jean Carlos – só me disse que garantia esse preço se eu pagasse tudo adiantado (o contato com ele foi em agosto, três meses antes). Paguei, para garantir. Como disse no início, ele havia me garantido – inclusive o site continha essa informação – que haveria traslado até a pousada. Quando cheguei, não estava lá. Liguei em um dos vários telefones e a moça que atendeu (babá dos filhos da dona da pousada) me disse que ele não estava lá, mas que a Alessandra estava no aeroporto. Achei a tal Alessandra, mas ela falou que eu deveria pegar táxi ou ônibus, pq o carro que iriam me buscar estava em passeio e que, na verdade, esse traslado era apenas uma cortesia, ou seja, truque. Bom, acabei indo de busão mesmo, ainda que estivesse com uma mochila imensa. Só não foi pior porque o trajeto não é longo e o ônibus parou na frente da pousada. Não faço conta nenhuma de andar de ônibus, só acho desnecessário a pessoa vender uma coisa que não fornece. Se me avisasse desde o primeiro contato, eu não poderia reclamar, certo?
Bem, além desse ‘desencontro’, a pousada ao menos serviu para o essencial: dormir, tomar banho e deixar minhas coisas. O quarto era bem pequeno, apenas uma cama de solteiro, sem armários, mas com ar-condicionado, frigobar para você abastecer e banheiro dentro (como água em Noronha é sempre uma questão delicada, não espere chuveiros com alta pressão e água em abundância...). Uma coisa há de se destacar: a tranquilidade do lugar. Mesmo trancando a porta do quarto, a chave ficava pendurada num chaveiro atrás da porta, a qual ficava aberta o dia inteiro e nem portão a pousada tem. Não tive qualquer problema com relação a isso. Ah sim, mais uma queixa com relação à pousada: me foi dito que todos os dias o quarto seria limpo, pela manhã. Só o fizeram no primeiro dia, depois não mais. Eu tive que tirar lixo do banheiro e até comprar papel higiênico (tá, eu poderia pedir, mas achei desaforo...). Tem ainda o café da manhã, que é incluído na diária. Péssimo. Nunca fui de luxo – afinal sempre me hospedo em hostels/albergues Brasil afora – mas uma coisa é ser simples, outra é servir coisa de péssima qualidade. Tinham umas fatias de bolo que só Deus sabe quanto tempo estavam naquela bandeja. Duras feito pau! Só tomava café com leite e pão com margarina... Resumo? Se um dia voltar pra lá, Janda nunca mais. Também não recomendo. Certeza que existem outras pousadas domiciliares pelo mesmo preço e mais bem acolhedoras.
A tal pousada...
- Passeios:
            Assim que eu cheguei, a dona da pousada da Janda, Alessandra, me ofereceu os passeios, pois ela tem uma agência também, a ‘Central Noronha de Passeios’ – acho que é isso. De início, achei interessante poder fechar tudo no mesmo lugar, assim ganhava no preço e não teria a trabalheira de ficar fazendo cotação de agência em agência. Bem... Na descrição dos passeios eu entro em detalhes.

Caminhada histórica: vários sites anunciam esses passeios, mas eu confesso que não vi ninguém fazendo. Afinal, dá pra você conhecer tudo a pé mesmo, a presença do guia só se faz necessária se você faz questão de saber os detalhes históricos – a maioria dos lugares, construções, tem placas auto-explicativas, com um resumo da história – logo, eu achei suficiente fazer por conta mesmo, sem contratar guia ou agência. E, claro, tem que subir até a Fortaleza dos Remédios, pois o visual é fantástico. A qualquer hora do dia, mas na hora do pôr-do-sol, obrigatório!
Prédio administrativo da Ilha
Ilhatur: Esse passeio eu recomendo muito! O ideal mesmo é agendar para fazer logo no primeiro dia na ilha. Você sai de manhã com o guia, passa para alugar equipamento (se necessário) e começa a visitar todas as praias da ilha. Isso ajuda muito, pois você já tem um panorama do local e pode escolher seu ponto preferido, assim, caso tenha um dia livre, pode voltar pra onde quiser sem precisar de passeio ou guia e curtir o dia todo. Eu paguei R$ 65,00 nesse passeio, o guia que nos levou foi o Natal e foi bacana. Não me recordo totalmente, mas a seqüência visitada foi: Sancho, Sueste, Leão, Porto, Enseada dos Tubarões, Buraco da Raquel, Museu do Tubarão, Boldró, Cacimba do Padre, Baía dos Porcos, terminando com o pôr-do-sol no mirante do Boldró. A parada para almoço foi no restaurante do ‘Biu’; R$ 26,00 para comer à vontade, bebidas à parte. Muito boa a comida, mas existem mais baratos... Com relação a aluguel de equipamento, nesse passeio é obrigatório alugar colete e pé de pato (se você não levou nada, alugue até máscara e snorkel, claro), pois na Baía do Sueste, são exigidos pelo Ibama por ser um local de preservação, com fundo de corais, logo o colete não deixa você tocar no fundo e o pé de pato ajuda a nadar, porque para ver as tartarugas se vai longe, o local tem uma certa corrente e sem as nadadeiras, pode cansar.
            Praia do Leão e Buraco da Raquel são locais para contemplação e fotos, pois a do Leão, segundo o guia, é muito perigosa por pertencer ao mar de fora e ter vários pontos com corrente fortíssima – ainda segundo ele, vários morreram afogados nessa praia. Mas o visual é lindo. O Buraco vale mais pelas lendas que o cercam e pela proximidade do museu do Tubarão, que vale uma visita.
            Nas proximidades da Praia do Porto – onde dá pra ir de busão, ou até mesmo a pé e fazer snorkel pra ver o naufrágio – está a igrejinha de São Pedro e, logo abaixo, ponta da Air France e a Enseada dos Tubarões, todos pontos para contemplação e fotos. Na Enseada, com maré alta, dá pra ver os tubarões lá embaixo, bem interessante.
            Praia do Boldró foi uma parada rápida para banho e logo depois fomos para Cacimba do Padre, a qual eu acho que a mais extensa da Ilha, e de onde tem uma trilha curta para a do Cachorro – aqui, chega-se muito próximo do Dois Irmãos, momento alto do passeio pra mim, pois o lugar sempre representou Noronha, onde quer que eu visse os morros.
            Não vou descrever todas as praias detalhadamente, primeiro porque todas são lindas, merecem ser visitadas e nenhuma descrição vai substituir uma visita; segundo porque isso renderia páginas e páginas... Vou falar apenas da Baía do Sancho, pois essa merece todas as descrições e elogios possíveis.
            Areia fina, limpíssima, águas calmas, mornas e transparentes. Chegar na praia do Sancho, pra mim, foi como entrar na televisão, na revista, num site da internet, pois até então era só nesses lugares que eu havia visto um lugar como aquele. Sério, fiquei hipnotizado. Primeiro estive lá durante o Ilhatur, onde fiz snorkel (fantástico), voltei com o passeio de barco – e a visão da praia se descortinando para você, vista do mar, marcante – e, finalmente, no meu último dia livre, voltei pra lá de busão e fiquei curtindo o visual até quando deu e, ao me despedir do lugar, observando o Dois Irmãos lá do alto, já me deu saudade antes mesmo de sair dali. Enfim, pra mim, estar na Praia do Sancho foi uma realização enorme. Existem lugares melhores? Se sim, ainda não os conheço (teve um cara que disse que as praias de Itacaré são melhores). Só não tive um ataque de riso porque, afinal, cada um é livre para achar o que quiser, de onde quiser. Mas que eu achei um absurdo tal comparação, isso eu achei...
A inacreditável Praia do Sancho
Trilha do Atalaia: São duas modalidades, a longa e a curta. A curta é obrigatória, porque é a que leva até a piscina natural – não me lembro o preço. Já a longa, depois de visitar a piscina, caminha-se por cerca de duas horas margeando o mar de fora, numa paisagem fantástica! E não achei tão cansativo não, achei que seria bem mais difícil. Confesso que não me recordo, mas acredito ter pagado R$ 70,00 pela trilha longa.
            O passeio consistiu no seguinte: o mesmo guia do dia anterior, o Natal, pegou o pessoal na pousada e nos deixou no início da trilha, com a guia da trilha. Descemos por uma trilha bem tranquila, acredito que menos de meia hora de caminhada, até chegarmos à praia do Atalaia. Olha, a do Sancho é linda, mas essa também tem um visual... Linda demais! As agências informam o número de pessoas e aí o Ibama agenda os horários para cada turma. O nosso era as 10:30. A entrada na água para snorkel é controlada por um fiscal do Ibama, cerca de meia hora por grupo, sempre com a maré baixa. Lugar bem rasinho, com grande variedade de peixes e outros animais, vale muito a pena visitar Atalaia, sem dúvida! Terminado o tempo, os da trilha curta voltam para o ponto inicial para retornar às pousadas, Já eu, a guia, mais um outro cara, seguimos para a longa. Nas palavras da própria guia, como já sabiam de antemão que faríamos a longa, eles deveriam ter nos encaixado nos primeiros grupos da manhã, pois assim, durante a trilha longa, poderíamos ainda pegar maré baixa e curtir piscinas que se formam no mar de fora – coisa que foi impossível, pois, dado o adiantado da hora, a maré já estava subindo, o que tornava arriscado entrar na água naquele momento. Então esse é um ponto a ser observado ao contratar esse passeio, ter certeza de que a trilha longa será feita durante a maré baixa!
            A trilha termina próximo do Buraco da Raquel e, teoricamente, o guia da agência iria nos buscar. Ficamos aguardando num restaurante ali no Porto, a guia ligou, ligou, e nada. Aí ela chamou um táxi pra gente e se virou pra pagar. É, o Natal foi gente fina só no primeiro passeio. Mas valeu a pena. Se voltar a Noronha, faço Atalaia de novo, certeza – na maré baixa, claro...
No meio do percurso da trilha
Batismo de Mergulho: Esse foi peculiar... Bom, paguei R$ 240,00 e fiz com a Noronha Divers. Apesar de ser um barco mais simples do que o da Atlantis, gostei demais da equipe. Atenciosos, acostumados com novatos feito eu, passaram grande segurança, enfim, super profissionais. Estávamos em dois casais, eu fui na segunda dupla. Enquanto a primeira estava debaixo d’água, deu pra cair no mar e ficar curtindo o mar com máscara, cerca de oito metros de profundidade, mas com corrente fraca, bem divertido. Porém, como nem tudo é perfeito, o povo da Noronha deu uma mancada. Eu estava na água, sem pé de pato, e procurava não me afastar do barco; só que eu certo momento eu percebi que nadava, nadava, mas não me aproximava. Os caras estavam saindo com o barco! Tive que me agarrar na corda da âncora e me ‘içar’ de volta. Nem reclamei porque não tava a fim de confusão, mas foi uma pisada legal comigo.
            Disse no início que foi peculiar pelo seguinte: existe toda uma técnica para mergulhar, especialmente por causa da pressão debaixo d’água, onde você tem que fazer pressão como se fosse soltar ar pelos ouvidos para compensar, mas pra mim não foi tão fácil quanto pareceu. Senti muita dor nos ouvidos, demorei para conseguir estabilizar e, ao sair da água e tirar a máscara, percebi que meu nariz havia sangrado; ‘culpa’ minha, pois tenho veia superficial e, com a pressão da água, mais o movimento constante de pressionar o nariz para a compensação, deveria ter previsto que isso aconteceria. Fora isso, foi uma experiência bem bacana. Estar submerso a tantos metros possibilita um visual único, ainda mais em Noronha, que tem uma diversidade enorme de vida marinha. Eu, particularmente, sei que jamais farei novamente pelos problemas que descrevi; mas eu ainda acho que todos que vão a Noronha deveriam fazer sim; não é porque pra mim não foi bom que vou condenar e não recomendar a todos. Pelo contrário, se for possível, faça!
            Junto, no barco, foi uma moça que trabalha na Ciliares fazendo filmagens debaixo da água, sendo que o DVD saiu por R$ 140,00. Como todo novato que se preze, comprei o dito cujo, mas me arrependi. Como fiquei uma boa parte do tempo preocupado com a compensação, na maior parte das imagens eu apareço reclamando de dor no ouvido ou pressionando o nariz para a compensação. A cinegrafista até que tentou, mas reconheço que não colaborei muito... Além das imagens do mergulho, eles acrescentam fotos da Ilha e imagens de outros mergulhadores – profissionais, claro. Se você achar que saiu bem nas imagens, até compre; mas por esse preço, tem que valer muito a pena!
            Sobre a máquina subaquática: eu aluguei com a Alessandra, por R$ 50,00 a diária e levei durante o mergulho. Bobagem, mais uma grana usada sem necessidade. Não é tão fácil quanto parece usar – bem – a máquina debaixo d’água. Primeiro porque acabei ficando mais preocupado em fotografar do que em admirar o visual e segundo porque não é tão fácil visualizar as imagens no visor da máquina, com máscara, debaixo d’água. Resultado, aproveitei pouquíssimas fotos. Tem gente que aluga essa máquina para fazer snorkel; como eu levei minha bolsa estanque, não precisei da sub, pois a bolsa faz o serviço direitinho. Só não me vá comprar uma estanque e levar pro mergulho! Aí ela não aguenta...

Passeio de Barco: Mais um ‘entrevero’... Inicialmente, eu tinha fechado com a Alessandra esse passeio, por R$ 65,00, pra fazer na parte da manhã do mesmo dia do mergulho. Mas aí ela veio com um papo de que o barco estava em manutenção, que, como eu iria embora na segunda-feira, poderia fazer naquele dia antes de ir pro aeroporto. Cismei. Já tinham me dito que o barco deles não era assim grande coisa. Isso sem contar que esse preço era apenas para o passeio, sem almoço, sem plana-sub (que eu queria fazer). Ela ainda tentou desmerecer o passeio de outras empresas, dizendo que o plana-sub dela é melhor (sim, eles fazem, mas separado do barco, para cobrar mais...) pois duraria uma hora enquanto os outros eram apenas vinte minutos. Foi aí que ela pecou. Quando alguém quer mostrar competência não por mostrar eficiência ou qualidade, mas denegrindo o serviço alheio, me perde como cliente na hora. Por mais que sejam concorrentes, isso não justifica falta de ética. Exagero da minha parte? Que seja... Além disso, jamais que eu iria aceitar fazer passeio na segunda de manhã, pra sair correndo pra pousada pegar mochila e ir pro aeroporto. Decidi então cancelar meu passeio com ela e fechar em outra agência. Ela não fez uma cara muito feliz – e eu tive que pedir duas vezes pelo dinheiro de volta – mas acabou concordando, pois meu argumento de que seria muito corrido na segunda-feira não deixava outra escolha. E eu particularmente acho que esse barco não estaria pronto nem na segunda-feira...
            Então decidi fechar o barco completo com a Blue Marlin. Paguei R$ 120,00, mas foi passeio de manhã até o começo da tarde (das 09:00 às 14:00), fazendo ponta a ponta da ilha, pelo mar de dentro (ver as praias do ponto de vista do mar, vale a pena). Também fizemos meia hora de planasub – placa de acrílico onde você se segura e o barco puxa, enquanto você observa o visual debaixo d’água, inclusive o naufrágio! Super tranquilo, qualquer pessoa pode fazer, mesmo que seja com colete pra quem tem mais medo de água, totalmente possível. Depois do plana, o barco vai até a baía dos golfinhos (eles nadam muito perto do barco) e para pro almoço onde? No Sancho! Nem preciso dizer que curti demais, né? Enquanto eles aprontam tudo – os próprios marinheiros cozinham – pulamos na água para fazer snorkel e ir até a areia se quisesse, enfim, curtir a praia. Foi bem legal, o almoço estava ótimo, muito melhor ter feito esse passeio do que esperar aquele outro...
            Só um detalhe. Fechei o passeio na agência, mas teria que pagar pra uma senhora num restaurante perto do porto. Depois de pago, ela me deu um cartão para embarcar; confesso que nem reparei que tinha o nome da embarcação no tal cartão. Estava esperando para embarcar e o pessoal chamando por agência, ninguém chamava a minha, chamaram pelo barco... Quase fiquei para trás! Percebi que estava ficando sozinho e aí vi que aquele era meu barco. Pode parecer lerdeza da minha parte, mas como eu disse, eu estava esperando chamarem pelo nome da agência, não pelo nome do barco. Enfim...
            Bom, foram esses os passeios que eu fiz. Existe ainda o da observação dos golfinhos no mirante. Mas tem que levantar muito cedo, a distância do ponto de observação é muito alta, não quis fazer. Logo, não sei o preço.
Dois Irmãos
 - Projeto Tamar:
            Todos os dias o Tamar de Noronha tem palestrar gratuitas, sobre os diversos tópicos da Ilha e outras partes do mundo. Duram uma hora, sempre na parte da noite. Eu assisti duas, uma sobre a história do arquipélago (muito interessante) e outra sobre tubarões (também interessante, mas menos)... Dá pra ir de busão – tem um ponto na frente – ou até mesmo a pé, uns 20 minutos de caminhada, uma ou duas ladeiras, mas nada impossível. Como eu sempre chegava da rua em cima da hora, ia de busão, mas voltava a pé, sempre. Não só por serem gratuitas, mas ir ao Tamar vale a pena – até porque a vida noturna não é o forte de Noronha (e eu acho isso ótimo). Tem uma lojinha bem interessante, com várias coisas legais para comprar e cuja renda vai para o próprio Tamar (óbvio).

- Andando de ônibus:
            A BR-363, única rodovia que corta a ilha, tem pouco mais de 07 km de extensão. De meia em meia hora os ônibus passam nos pontos e te deixam nas entradas das praias, no Tamar, aeroporto, muito simples. São apenas duas ‘linhas’: 01 – Posto e 02 –Sueste. A linha 01 vem do sul da ilha, passa pelo aeroporto e vai até a praia do Porto, onde fica o Posto da BR (o único). A linha 02 faz o inverso (que dúvida não?) e é nesse que se vai pro Tamar, pra praia do Sancho... Não tem erro, seja pra onde quer que vá, só perguntar pra qualquer nativo que eles te falam se você pega o ‘Posto’ ou o ‘Sueste’. Aí, só pedir pro motorista que ele para onde você quer ir. Ah, a tarifa estava R$ 3,10, que você paga ao descer do busão. Me falaram que é fácil pegar carona na ilha, mas eu não achei não.

- Praias centrais:
            São três as praias de mais fácil acesso, onde se vai a pé com tranqüilidade: Cachorro, Meio e Conceição.
A do Cachorro é bem famosa, não só por ser a primeira praia a ser visitada na ilha, mas pelo tal bar que fica na parte de cima e, dizem, tem uma noite animada em certos dias da semana. A praia tem uma faixa de areia pouco extensa e é separada pela praia do Meio por uma pedras, por onde só é possível passar na maré baixa – também me falaram de um tal ‘buraco do Galego’ nessas pedras, só visível na maré baixa. Eu peguei uma época em que a maré estava baixa muito cedo, por isso sempre que chegava na praia do Cachorro, no fim da tarde, a maré já tinha subido e eu não vi esses detalhes. Tem umas barracas também, mas eu preferi a praia da Conceição para tomar cerveja. 
Praia do Cachorro
Praia do Meio. Das três, eu gostei mais dessas. O acesso é fácil, pois existe uma escada logo depois da praia do Cachorro. A faixa de areia é mais extensa que a do Cachorro, o mar tem ondas – vários surfistas vão lá – não tem pedras no fundo, o terreno é plano, enfim, muito boa. Vale a pena para passar horas e horas sem fazer nada, só apreciando.
A deliciosa Praia do Meio
Conceição. Ainda mais extensa que as anteriores, mas na maré alta vira praia de ‘tombo’. Com areia mais grossa e vários trechos com pedras submersas, tem que saber ao certo onde entrar para banho. O ponto forte é o visual. Fica logo abaixo do Morro do Pico e tem o ‘Bar do Meio’, que fica justamente entre as praias do Meio e Conceição, um bom lugar pra tomar uma cerveja no fim da tarde. Vi pessoas fazendo snorkel ali, mas eu não fiz – se bem que eu acho que em qualquer ponto de Noronha dá pra ser usar snorkel.
A 'rochosa' Praia da Conceição
- Comendo e bebendo:
            Sabidamente, tudo em Noronha é mais caro. Mas, ao contrário do que muitos pensam, não se trata de uma questão de exploração do turismo. O arquipélago está a centenas de quilômetros do continente – isso todo mundo sabe – mas ninguém para pra pensar na logística que é pra tudo chegar lá. Então, pra mim, os altos preços são justificáveis. Restaurantes
a) Flamboyant. Fica na ‘praça’ ou bosque da Vila dos Remédios. Para almoço é self-service, no jantar, a la carte. Almocei algumas vezes e achei o melhor. O preço era R$ 39,90 o quilo, mas uma boa variedade, comida bem saborosa, recomendo. E aceitam cartões! O que é uma bênção na Ilha...
b) Ousadia da Ilha: um pouco acima do bosque, no lado direito de quem ‘sobe’. Também self-service, o dia todo. Também gostei, apesar de ter menor variedade que o Flamboyant. Jantei algumas vezes lá e não tenho queixas, apenas o fato de não aceitarem cartão.
c) Restaurante da Edilma: Fica na Vila dos Remédios, bem antes de começar a ladeira. Lá eles tem bolinho e filé de Tubarão, experimentei ambos, mas o filé é bem melhor. Também fazem pratos executivos, mas o preço é bem mais caro que os demais. Pelo menos aceitam cartão (isso se o ‘sistema’ estiver no ar). Comi lá umas duas ou três vezes.
d) Delícias da Ná: Pra mim, o pior que fui. Fica na rua da pousada onde estava. O que me atraiu foi o preço, mas, como não poderia deixar de ser, deixou a desejar. Pouca variedade e pratos nem um pouco interessantes; as únicas carnes eram de churrasco, e acho que é porque dá pra requentar com mais facilidade. Enfim, não gostei e não recomendo – apesar de sempre ter clientes comendo lá. Tinha máquina, mas não ‘estava passando’ o cartão.
e) Restaurante do Biu: Fui só uma vez, durante o passeio. Como disse, R$ 26,00 para comer à vontade, bebidas à parte. Variedade bacana, comida bem preparada, gostei. Fica localizado numa rua paralela a da Pousada, não lembro o nome – mas qualquer pessoa sabe onde fica. Porém, pelo preço, ainda compensa ir ao Flamboyant.
            Para comprar diversos, padaria e mercadinho ‘Breakfast’. Fica na vila dos Remédios, numa rua perpendicular à via principal. Sem dúvida, o local mais barato para comprar água e tudo mais e aceitam cartão! Subindo a rua da pousada, eu achei um supermercado ‘Poty’; apesar de ser grande, não aceitam cartão e achei mal localizado.

- Outras informações:
- A não ser que você leve note/netbook, acessar a internet em Noronha é complicado. A hora sai por absurdos R$ 12! E, pra piorar, os computadores ficam trancados em gabinetes, sendo impossível passar fotos em pen drive ou algo do gênero.
- Algumas pessoas alugam buggies para percorrer a ilha. Talvez se estiver em grupo compense (não tenho noção do preço), mas acho meio preguiça, afinal dá sim pra ir de ônibus até certo ponto e caminhar cerca de quinze minutos, meia hora até chegar na praia.
- Celular pega bem, pelo menos o meu da Claro pegou. Mas não se esqueça que você vai pagar uma fortuna de roaming!
- Apesar de ser um paraíso, nunca é demais lembrar que Noronha está bem longe da ‘civilização’, então é sempre bom redobrar os cuidados, de todo tipo. Tem hospital, mas apenas para coisas mais simples, corriqueiras. Felizmente não sofri nenhum tipo de acidente na rua, ou mesmo no mar, pois não sei o que seria se tivesse que esperar pra chegar no continente; não vi em nenhum lugar helicóptero de bombeiro ou coisa parecida... Outra coisa, queira ou não, você estará em alto mar. A diferença entre a força das marés é nítida entre os chamados ‘mar de fora’ e ‘mar de dentro’, mas mesmo o ‘mar de dentro’ tem sua força. Como disse o palestrante do Tamar, Noronha exige do visitante uma certa resistência física, mas também uma boa dose de intimidade e respeito com o mar. Não é porque se sabe nadar que é aconselhável se aventurar sozinho em qualquer ponto. Eu sei nadar, há muito tempo, me sinto à vontade na água, e por isso posso dizer que as praias de lá tem sim uma diferença. Claro que não é nada absurdo, assustador, mas cautela não mata ninguém.
- Não seja idiota: não deixe qualquer tipo de lixo nas praias (levar sacola na mochila não pesa nada, muito menos levá-la de volta e jogá-la no lixo) e também não faça o turista imbecil, perseguindo e pegando nas mãos os vários animais de pequeno porte que povoam a ilha, além de os assustarem, você pode até matá-los (acredite, um turista estúpido fez isso); se bem que, se o fizer, cometerá um crime ambiental e o Ibama vai lhe fazer uma visitinha...
- Acho que depois de tanta coisa, nem seja necessário mencionar, mas acampar na Ilha? Nem em sonho. Proibidíssimo! E eu acho isso ótimo. Quem se dispõe a ir até lá tem que se adaptar às normas do local. Se acha isso ou aquilo um absurdo, faça um favor a si mesmo, fique em casa. É caro sim, existe uma taxa a ser recolhida, sim, mas vale a pena cada centavo investido. Os que acham que o lugar é supervalorizado, então não percam seu tempo indo pra lá. Pois é, como devem ter percebido, desenvolvi um certo apego com o lugar. Afinal, não é sempre que um sonho se torna real.
            E pra mim, estar em Noronha, foi isso. A realização de um sonho, de uma coisa que foi planejada – e adiada – por muito tempo. Logo, quando finalmente eu me vi lá, tinha como não me sentir realizado?
            Viva Fernando de Noronha!!!!!!

*Seguem dois vídeos que fiz por lá. O primeiro começa com uns trechos em Natal.