segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Sozinho em Maceió

            Estive em Maceió entre os dias 26 e 30/10/2013. Peguei céu nublado apenas uma manhã, quando fui fazer o passeio para a Praia do Gunga, mas sem chuva e logo depois do almoço o céu abriu. Pela experiência, a partir de setembro, até março, dá pra ir pra qualquer lugar do nordeste sem risco de chuva. Se chove, é aquela coisa muito rápida, que mal molha o asfalto.
            Antes de postar as informações, vou dissertar um pouco sobre a capital alagoana. Como em todo o Nordeste, a hospitalidade e simpatia do povo sempre merece destaque; Maceió não é diferente. Aliado a isso, está o baixo custo das coisas, especialmente se comparado ao Rio de Janeiro, por exemplo. Fazia tempo que eu queria conhecer Maceió, mas sempre acabei indo para outros destinos. Nesse ano eu decidi que iria e pronto.
            Quando estava organizando toda a viagem, me dei conta de que teria que segurar os gastos; dessa forma, já fui sabendo que não conseguiria aproveitar a cidade e os arredores de forma completa. Fiz apenas um passeio, aquele que eu considerava imprescindível. Resultado: voltei pra casa já querendo voltar. Na próxima, aproveito e combino Aracaju, vou com tempo e dinheiro suficientes para explorar tudo que eu não pude dessa vez. Bom, melhor começar o que interessa logo e, conforme os itens forem surgindo, me aprofundo mais em cada um.

- Onde ficar:
         Maceió – até enquanto eu escrevo aqui – tem dois hostels da HI www.hihostelbrasil.com.br. Pode ser que tenha outros que você encontre em www.hostelworld.com. Ultimamente ando ficando em hotel/pousada, pois passei a apreciar mais a privacidade e o conforto, por isso fiquei em hotel (e também porque achei uma promoção imperdível). Porém, posso opinar sobre a localização da hospedagem. Eu fiquei em Pajuçara, na orla, e não tenho do que me queixar. Perto de restaurantes, farmácia (não vi supermercado) e alguns minutos de caminhada de Ponta Verde. Numa ordem de preferência pelo que eu vi lá, eu organizaria os bairros para se hospedar nessa ordem: Ponta Verde, Pajuçara e Jatiúca. Fora desses três, creio que fique fora de mão, longe da praia. Embora Jatiúca eu tenha conhecido apenas um pedacinho, nas minhas pesquisas antes de viajar, eu notei que é um bairro com várias opções de restaurantes e bares, me pareceu ter uma vida noturna mais interessante. Ponta Verde tem o trecho com melhor estrutura na praia, com mais barracas e mais movimento. Pajuçara tem mais opções de hospedagem e fica muito perto de Ponta Verde. Aí fica a critério de cada um.
Pajuçara. Depois da curva à direita, Ponta Verde. Jatiúca fica além da curva à esquerda.

            O aeroporto fica afastado do centro da cidade, mas o táxi lá não é tão caro (e aqui peço desculpas, pois não anotei o valor da corrida). Tem ônibus para a orla, mas aí vai ter que se informar, não faço ideia dos números e das linhas. Pra vir até Pajuçara, levou meia hora, mas pra voltar foi quase uma por conta do trânsito – lá eles dirigem mal pra caramba. Tenha isso em mente. Se for usar ônibus então, considere perder ainda mais tempo.

- Praias urbanas:
            Na verdade, é uma praia só, não existe uma divisão natural entre as praias, não dá pra saber onde começa uma e onde termina outra. A orla é uma das mais “ajeitadas” que eu já vi. Não sei como era antes, mas hoje ela é bem atraente, com calçadas largas, pista de bicicleta e corrida e um visual muito bom. Pena que não deram a mesma atenção ao problema do esgoto lançado na praia (falo mais sobre isso já, já).
Pajuçara é onde ficam as jangadas, aguardando quem quer fazer passeio até umas supostas piscinas naturais em alto mar. Digo supostas, pois o que li sobre antes de ir me disse que não tem atrativo algum, ainda mais se você já esteve em Maragogi. Talvez valha pelo passeio de jangada em si, ver a cidade de um novo ângulo. Eu não fiz. Aqui as pessoas ficam na areia também, existem algumas barracas com comes e bebes, mas quando fui esse trecho estava cheio de sargaço na arrebentação, aquelas algas escuras tomando conta da areia. Preferi seguir em frente.
As algas em Pajuçara...
Ponta Verde é o lugar ideal para passar o dia na praia. Aqui eu destaco a barraca do Seis Horas e da Ozana. Super barato – duas cadeiras, guarda-sol, banqueta para cerveja e até cesto de lixo, por míseros quatro reais. Como se isso não bastasse, tem a simpatia dos proprietários, super atenciosos, daquele tipo que conquista o cliente com facilidade. Quer mais? Tem ducha de água doce ligada o tempo todo na areia. O único porém é que, segundo o Seis Horas, a prefeitura determinou que eles encerrem tudo às cinco da tarde...
No calçadão de Ponta Verde ficam as duas ‘barracas de calçadão’ mais famosas de Maceió: Kanoa e Lopana. A Lopana percebe-se que é a “top”, frequentada pela sociedade e isso se reflete nos preços, é carinha, especialmente para os padrões maceioenses. Porém, ainda assim vale conhecer, pois o ambiente é agradável. Já a Kanoa me pareceu um pouco mais democrática, mas como não consumi nada ali, não sei dizer se é mais barata. A Kanoa serve como referência para achar a barraca do Seis Horas, pois esta fica logo ao lado dos guarda-sóis verdes da Kanoa – os do Seis Horas são amarelos.
Dentro do mar de Ponta Verde
Jatiúca fica mais a frente de Ponta Verde, depois da curva (chegando lá vai entender). Tem uns restaurantes na orla, mais do que Ponta Verde, mas eu particularmente não simpatizei muito. O mar estava com muito sargaço, tanto que até o cheiro deles chegava ao calçadão – mas ainda assim tinha um povo dentro d’água. Fui caminhando para conhecer, mas não empolgou e voltei rapidinho para Ponta Verde.
A cor do mar realmente é linda em Maceió, um verde/azul raro de se ver em outras praias. Eu não sei como essa cor se mantém, pois um grave problema é o lançamento de esgoto direto na praia. Em alguns trechos existem umas verdadeiras línguas negras que embrulham o estômago – do ladinho da Lopana tem uma, mas a ‘sociedade’ finge que nem vê. Quando sobrevoei a orla ao sair de lá, eu vi lá do alto um rio negro mesmo, em direção ao mar. Triste. Não é à toa que sempre alertam para a péssima qualidade da água. Bom, pelo menos ali perto do Seis Horas não tinha nada disso, até por que se tivesse eu não entraria na água.
 
Não é triste?
- Passeios:
            Ok, estou ciente do subtítulo do blog, mas não encare isso como uma contradição. Fazer os passeios com agência em Maceió me parece ser mais prático e barato. Se tem grana disponível, está viajando em grupo, aí até vale alugar um carro e percorrer toda a costa alagoana mas, viajando sozinho como eu fui, isso encareceria demais a viagem.
            Eu fiz o passeio que passa pela Praia do Francês, Barra de São Miguel e termina no Gunga. Quer um conselho? Não faça esse passeio num domingo. Sério. Francês e S.Miguel estavam insuportavelmente “farofadas”, muita gente, muito barulho, muita sujeira. Ainda bem que foi só uma ‘passada’ mesmo, o foco era a Gunga, pois se tivesse que passar o dia em alguma dessas outras duas praias, eu voltaria correndo pra Ponta Verde.
Barra de São Miguel
            O passeio custa R$ 30, só o transporte, mais nada incluso. Uma vez em Barra, você pode pagar R$ 25 e embarcar num barco e ir pela praia até Gunga. Como estava nublado quase chovendo, não quis pagar e fui até Gunga com o ônibus mesmo, junto com outras pessoas do grupo. Quem fez o passeio disse que curtiu, pois vai por águas rasas e para num bar molhado no meio do caminho. Mesmo assim não me arrependi...
            A Praia do Gunga vale a fama, eu gostei do visual, do mar bem gostoso pra banho e, mesmo sendo domingo, não estava abarrotada de gente, ficamos confortáveis na barraca, perto do mar. A intenção do passeio, pra mim, era conhecer essa praia e posso dizer que valeu a pena.
É bonita, vai.
            Com relação às agências, na própria hospedagem você consegue indicações. Eu recebi dois panfletos no hotel e ambas tinham os mesmos preços, não creio que existe muita diferença; se mesmo assim resolver pesquisar melhor, basta dar uma caminhada pela orla durante a noite e verá várias ofertas.
            Passeios que eu gostaria de ter feito, mas não tinha grana pra fazer: foz do São Francisco, Cânions do São Francisco, Day use no resort Capitão Nicholas com uma possível esticada até Carro Quebrado. Tem ainda Maragogi, mas esse eu já fiz anos atrás (com grana, faria de novo, pois é lindo). Falando nisso, um aviso importante: se for fazer Maragogi, certifique-se antes sobre a tábua das marés, se o horário que sai o passeio garante que a maré esteja baixa quando chegar no local. Maragogi com maré alta é FURADA!! Eles oferecem um city tour, mas eu acho besteira. Pensei em ir até o centro da cidade para conhecer, mas como Maceió nunca me chamou a atenção por esse aspecto, confesso que nem me dei ao trabalho... Entretanto, recomendo – para quem gosta – caminhar até o fim de Pajuçara e entrar numa avenida em direção ao porto. A prefeitura está revitalizando a área e todos os muros dessa avenida estão recebendo umas ilustrações muito bacanas. Quando estive lá, os pintores estavam a todo vapor e já tinham concluído boa parte das obras.

- Comer e beber:
            Como sempre, para saber sobre baladas, procure outra fonte. Eu viajo para aproveitar o dia, não me sobra dinheiro e disposição para passar a noite em claro. Logo, se quer dicas de festas, clubes, “night”, ‘fuén’ pra você.
            Eu consegui dicas de vários lugares para comer com o Ricardo Freire (www.viajenaviagem.com.br). Alguns eu consegui visitar, outros também ficaram para próxima vez. Vamos aos que eu conheci:
Sueca Comedoria: fica em Pajuçara, na orla (não memorizei o nome da avenida, mas não terá dificuldade). Self-service com boa variedade, mas achei o preço meio salgado, tanto que só fui uma vez. Não abre para o jantar – pelo menos as vezes em que passei em frente durante a noite estava fechado.
Parmegianno: Super recomendado, em mais de um blog. Quando fui, entendi a razão: muito bom. Embora seja ‘a la carte’, os pratos são servidos para uma pessoa também, o sonho de qualquer viajante ‘solo’. Eu comi um salmão com maracujá, veio com arroz e batatas, uma bela porção, muito bem preparado e com um preço excelente! É um restaurante que vale a fama e o sucesso que tem.
Bodega do Sertão: não sei quem veio primeiro, se ele ou o Mangai de João Pessoa. Só sei que um se inspirou no outro. O Mangai é de longe muito melhor, mas o Bodega não é um desastre. A única semelhança está no preço, alto. Vale visitar, conhecer, mas não é imperdível. Fica em Jatiúca, perto da pria; paguei R$ 10 numa corrida de táxi e depois acabei voltando a pé pela orla, sem problema algum.
Interior do Bodega
Sorveteria Bali: tinha uma pertinho do hotel e também vi um quiosque no calçadão de Jatiúca. Sorvete bem gostoso, com uma enorme variedade de sabores. Também vale a visita.
            Um lugar que queria ter visitado, mas creio que sozinho não teria muita graça, por isso não fui, é a Casa de Chopp Alagoana. Pelo site e pelas fotos me pareceu um boteco quase carioca, estilo de lugar que eu mais aprecio conhecer. Fica em Jatiúca, não muito longe do Bodega, mas como disse, ir sozinho talvez não fosse uma boa pedida... Vale mencionar também que Lopana e Kanoa também funcionam durante a noite, com música ao vivo e tudo.  
            Bom, acho que fico por aqui. Foram poucos dias na capital alagoana, mas ao menos pude finalmente conhecê-la e ficar com vontade de retornar. Na próxima irei com melhor planejamento – leia-se mais dinheiro – e farei tudo o que não fiz dessa vez. Faltam apenas duas capitais do Nordeste pra eu conhecer, mas entre as demais, Maceió está entre as que mais gostei, ficando bem à frente de outras mais badaladas. Fico na torcida para que o poder público do município invista ainda mais na conservação das praias, pois se estando como estão já atraem muitos turistas, imagino em melhores condições, sem aquelas línguas negras horríveis. Falando em turistas, uma coisa me chamou a atenção: a inexistência de estrangeiros. Ok, pode ser que houvessem gringos por lá – afinal não percorri cada centímetro quadrado – mas não vi nenhum, seja na praia, no passeio, no hotel, restaurante, nada. Algo me diz que eles preferem as praias mais, digamos, remotas, como Pipa, Jeri e Morro (essa última só dá argentino).
Não deixe de passar uma tarde aqui. Vale.
            É isso. Precisando, só pedir. Se eu puder, ajudo com gosto.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Sozinho em Morro de São Paulo

A recomendação de sempre: o texto reflete a minha opinião sobre o lugar, sobre a experiência. Tenha o discernimento de absorver sob o seu ponto de vista, levando em conta o que você gosta. Aquilo que foi bom pra mim, pode não ser para você e vice-versa. 
Estive em Morro entre os dias 20 e 25/10/2013, logo se vai em outra época, é melhor checar o tempo antes. Calor deve fazer sempre, mas me falaram que quando chove, chove muito. Fique atento.

- Como chegar
São três as formas de se chegar até Morro de São Paulo: aéreo, semiterrestre e marítimo. Informações atualizadas podem ser obtidas aqui: http://www.morrodesaopaulo.com.br/
à Aéreo: existem vôos saindo do aeroporto de Salvador para Morro, naqueles aviões menores, tipo ‘teco-teco’. Eu cheguei a pesquisar na época, mas são vários os empecilhos: preço elevado, número mínimo de passageiros, condições climáticas. Além disso, quando estava em Morro, ouvi a dona da pousada dizer para uma hóspede, ao telefone, que a ANAC havia suspendido os vôos por tempo indeterminado. Ou seja, melhor não cogitar essa opção.
à Marítimo: esse é o mais utilizado. Primeiro por ser mais rápido (duas horas e meia) que o semiterrestre (quatro horas), segundo por ser mais prático em termos de logística, dá pra se virar sozinho (compra a passagem no terminal marítimo e pronto). O problema fica por conta do risco de passar mal durante a viagem. Li inúmeros relatos de pessoas que perderam o resto do dia por conta do enjoo, ou porque tomaram Dramim antes de ir e só queriam saber de dormir assim que chegaram na ilha. Li, também, que o trajeto para voltar a Salvador é ainda pior, uma vez que se navega no sentido oposto à corrente marítima - ou algo do gênero. Outra coisa que precisa ser observada nessa forma de transporte, é a antecedência na aquisição da passagem; caso vá num fim de semana ou feriado, as chances de você chegar no terminal para comprar a passagem para o próximo horário e não encontrar mais nada, são grandes. Conheci um gringo em Morro que passou por isso, só conseguiu passagem para um catamarã que sairia dali horas mais tarde. No link que passei ali em cima, existe todos os horários das embarcações, preços e até mesmo o site para pré-reserva (ou compra definitiva, não sei) da passagem.
à Semiterrestre: foi a forma que eu optei. Preferi assim, pois se fosse via catamarã, eu sei que passaria muito mal, por isso resolvei não arriscar. Eu contratei o traslado pela Zulu Turismo (no link também tem o contato deles). Paguei R$ 170,00 antecipadamente – ida e volta – e eles me enviaram os vouchers do transporte. Foi assim: eles me pegaram no hotel bem cedo (atenção, verifique antes o trajeto do traslado, pois eles não passam em todos os bairros de Salvador e dependendo de onde for sua hospedagem, você pode ficar fora dessa ‘área de cobertura’ do serviço), e até pegar os demais passageiros, levamos uma hora para chegar no terminal marítimo. Uma vez lá, eles colocaram no meu pulso e na minha mala uma pulseira daquelas de balada, para identificar o grupo. Com a pulseira, não precisamos encarar a fila enorme que se estendia até a rua, muito menos nos preocupar com passagem, taxa de embarque e tal. Uma vez dentro do barco, foram quarenta minutos até Itaparica, numa viagem tranquila, sem qualquer problema. Chegando em Itaparica, as malas foram acomodadas numas carretas e embarcamos em vans com ar condicionado, com destino à Ponta do Curral, em Valença. Demorou mais de duas horas esse trajeto, ora em estrada boa, ora em trechos bem danificados. Chegando na Ponta, embarcamos as malas em uma lancha rápida e depois de quinze minutos, finalmente chegamos em Morro. Tempo gasto no semiterrestre, da porta do hotel até o desembarque em Morro: quatro horas. Vale lembrar que a Zulu tem horários para clientes que saem/vão direto para o aeroporto e outro para os que estão hospedados em Salvador. Informe-se bem sobre isso antes de fechar o traslado.
Chegando em Morro
             Dependendo do horário em que seu voo chega a Salvador, é possível ir direto para Morro – o serviço de traslado tem horários saindo do aeroporto. Eu, porém, preferi reservar uma noite num hotel em Salvador, no bairro Rio Vermelho, tanto na ida quanto na volta. Primeiro porque os horários de voo disponíveis para Salvador, caso eu resolvesse ir direto, iriam fazer com que eu esperasse muito tempo depois do desembarque, teria que sair da minha cidade ainda de madrugada, ou seja, seria extremamente cansativo. No passado, quando comecei a viajar, fiz muito disso, dormir sentado em rodoviária e em aeroporto e, justamente por saber como é, resolvi que não quero mais isso pra mim. Com o tempo passamos a ficar, digamos, mais exigentes com o conforto. Na volta a situação foi parecida, os horários de voo para o meu próximo destino não combinavam com o horário em que chegaria em Salvador. Se tivesse optado por ir direto para o aeroporto, mas furasse um pneu da van que fosse, eu correria o risco de perder o voo. Isso sem contar no cansaço. Resumindo: dá pra ir até Morro sem precisar dormir em Salvador? Dá, mas se informe muito bem sobre os horários e leve em conta os imprevistos.
             Chegando a Morro, você terá que pagar uma taxa de R$ 5,00 assim que cruzar o portal, a famosa taxa de preservação. Sinceramente? Pelo menos ali eu acho que o dinheiro está sendo convertido em benefícios ao local sim. Morro é bem estruturado. Ao sair, tem que fazer um novo pagamento, de míseros R$ 0,82; não me pergunte o porquê desse valor irrisório e ‘quebrado’. Fica o alerta para você guardar umas moedas para sair da ilha. Já pensou se só tem cinquenta reais na carteira?

- Onde ficar:
Por ser um local muito turístico, Morro possui hospedagens para todos os gostos e bolsos. Tem desde o hostel mais simples até a pousada mais luxuosa, espalhados pelos mais diversos pontos. Vou comentar separadamente as hospedagens e as localizações.
Dessa vez eu resolvi ficar sozinho em uma pousada, para ter mais privacidade e sossego; antes de ir, entretanto, eu cheguei a pesquisar quartos privativos em hostels, na esperança de que mesmo assim ficasse mais em conta. Infelizmente, só ficando em coletivo mesmo para fazer uma boa economia – e olhe lá. No fim das contas, acabou sendo mais vantajosa mesmo a pousada.
Existe um hostel da HI – Escorregue no Reggae – o qual, pelas fotos, me pareceu ser um lugar bacana, bem dentro dos padrões da HI mesmo. O preço do coletivo também estava dentro do normal praticado Brasil afora, mas eu não reservei ali por conta do preço do privativo que era quase o mesmo da pousada em que fiquei e a localização não me pareceu muito atraente, embora depois eu tenha ido até lá e visto que não é assim tão longe da praia como eu pensei. No caminho para o Escorregue, eu passei em frente ao Che Lagarto. Nunca me hospedei num da rede Che, pois nos comentários dos sites eles sempre foram retratados como um hostel de ‘balada’, mais agitado e abarrotado de gringo; depois que vi as instalações do Che em Ilha Grande então... Acontece que o Che de Morro, pelo menos o seu exterior, me pareceu muito diferente da imagem que eu tinha da rede. Creio que a marca passou por uma reformulação, pois a fachada do hostel estava renovadíssima, com um excelente aspecto. Claro que não pude checar o interior, as instalações, tamanho do quarto, número de beliches e tal, mas pelo que vi do lado de fora, me atrevo a dizer que recomendo. Ok, por fora é uma coisa, dentro pode continuar um lixo. Faz assim, visita o www.hostelworld.com e lê os comentários sobre o Che – e sobre os demais hostels que encontrar em Morro. Pela localização do Che e pelo aspecto exterior, eu recomendo, sim.
Eu fiquei hospedado na Pousada Borakay, na rua principal de Morro. Fiz a reserva pelo www.booking.com, pois gostei do preço e das imagens. Não me decepcionei. Claro que me colocaram no quarto virado para os fundos da pousada – quarto do Booking/Decolar é sempre assim, não conte com vista para o mar, jamais. No ato da reserva, o site dizia que eu pagaria tudo no momento do check-in, no cartão de crédito. A pousada acabou cobrando metade logo depois da reserva, deixando para cobrar a outra metade na minha chegada. Embora não tenha sido essa a informação do site, eu não reclamei, pois pra mim acabou sendo melhor, dividir o valor em duas vezes. Fica o alerta, pode ser que isso aconteça com você também.
Como disse, a Borakay fica na rua principal e isso é o trunfo dela, na minha opinião. Existem pousadas na segunda, terceira e quarta praias, na estrada da Fonte Grande, na Biquinha, por toda a ilha. Dê preferência para as que ficam na rua principal (chamada de Caminho da Praia) ou no início da Fonte Grande (onde fica o Che Lagarto) ou, no máximo, até a segunda praia. O movimento noturno fica concentrado entre a praça onde começa a Caminho até a segunda praia. Ok, com exceção da quarta praia, tudo fica perto, basta apenas uma leve caminhada – e uma ladeira, caso venha das praias para o centrinho.
Para entender melhor, saiba que em Morro existem os taxistas da carriola. Isso mesmo, carrinho de mão com a inscrição ‘táxi’. Por quê? Assim que você chega em Morro, obrigatoriamente vai ter que subir uma baita ladeira, bem íngreme; se estiver hospedado a partir da primeira praia, vai ter que descer uma outra ladeira igualmente íngreme e depois, claro, na volta, subir ela todinha com as malas – caso seja daquelas pessoas que levam a casa na bagagem. Os caras cobram um valor dependendo do volume e levam tudo ladeira acima/abaixo nas carriolas. Eu cheguei a ver uma senhora ser levada no ‘táxi’, já que usava uma bengala e não conseguiria subir tudo aquilo sozinha. Da primeira ladeira ninguém escapa. Enfim, na minha opinião, não só por conta de se locomover com as bagagens, mas para circular nos pontos de interesse de Morro, a melhor opção de hospedagem é na rua principal (Caminho da Praia) ou na estrada da Fonte Grande.

- Praias:
            Em Morro são quatro as principais praias, as que tem o acesso mais fácil. Elas são chamadas de Primeira, Segunda, Terceira e Quarta. Até ouvi falar na Quinta, mas fica difícil saber onde ela começa e onde termina a anterior (uns turistas disseram “praia um, praia dois”; eu ri). A Primeira é bem pequena, com muitas pedras e o mar com algumas ondas; eu não entrei na água ali por conta das pedras e confesso que não vi muitas pessoas por ali também. A Segunda é a que se pode chamar de principal, pois é onde ficam concentradas as cadeiras e barracas, tem vários restaurantes e pousadas; o mar aqui é SUPER calmo, sem correnteza alguma, mesmo na maré alta, pois ela é toda protegida por pedras/corais. No fim de semana é onde o povo da farofa se instala e adeus sossego. A terceira não é boa para banho, pois muitos barcos param ali para trazer suprimentos para a ilha e na maré alta a faixa de areia some. A quarta é a mais linda. Você pode caminhar por ela até se cansar e provavelmente não vai ver onde termina. Com a maré baixa, a água fica incrivelmente azul, transparente, um mar muito calmo, onde dá pra você avançar muitos metros para dentro e ficar com água nos joelhos. Para quem curte mar calmo, sem ondas, Morro é o paraíso. Já aqueles que, como eu, preferem umas ondas para deixar a coisa mais divertida, vai ficar entediado em pouco tempo.
Segunda Praia
            Existem ainda a praia da argila e Gamboa, ambas acessíveis por uma trilha de dificuldade baixa/média (depende do seu condicionamento físico). Eu cheguei até a que eu acredito ser a da argila, mas não vi nada de diferente, preferi voltar e ficar na segunda mesmo.

- Passeios:
            Eu fiz apenas um passeio, o volta à ilha, passando por Boipeba e Cairu. Ficou bem abaixo das minhas expectativas, pois tinha Boipeba como um paraíso; quando vi as águas de Morro, já fiquei impressionado, então imaginei que Boipeba seria ainda mais surreal. Ledo engano. Ok, não é horrorosa, mas não vale a fama que tem. Antes de Boipeba, o barco para nas piscinas de Moreré. Não sei se era a lua, vento, mas as águas não estavam transparentes e eu não vi nenhuma vida aquática que valesse o registro. Depois de Boipeba, há uma parada rápida em Cairu, para visitar o museu de Santo Antônio. Confesso que nem entrei. Cidade minúscula, bem interiorzão mesmo, sossegada até dizer chega. O caminho de volta para Morro me lembrou muito o passeio que fiz pelo Rio Preguiças em Barreirinhas/MA, um visual bem interessante, vegetação abundante, água doce, nem parece que você saiu de casa para ir à praia.
            Não vi nenhum outro passeio atraente. Quem curte ou tem vontade, existe a possibilidade de fazer mergulho de cilindro em Morro. Não perguntei preço, duração, nada, mas é muito fácil achar a agência que faz, pois ela fica bem no caminho entre a primeira e a segunda praia, impossível não ver os caras ali.
 
Pedacinho de Boipeba. À esquerda, é um rio, por isso a água dessa cor.
- Vida noturna:
            Embora eu não seja a melhor fonte para informações sobre vida noturna de onde quer que seja, acho que aqui dá pra deixar ao menos umas informações básicas. Existem dois lugares bastante freqüentados em Morro no fim de tarde, no que eles chamam de “after beach”, Toca do Morcego e Hotel Portaló. Em ambos você vai para curtir o pôr-do-sol enquanto relaxa ouvindo um som ambiente e tomando um “qualquer coisa”.
Toca: Só não abre às segundas, inicia atendimento às 16h30 e vai até tarde; nos fins de semana rola balada (vi flyers e cartazes na ilha). Eles cobram R$ 5 apenas pela entrada (eu presumo que seja pelo wifi, o qual tem melhor sinal se você ficar perto do bar e do caixa); achei os preços dentro do padrão de Morro, já fui preparado. Aceitam cartões e isso é ÓTIMO. Fui todos os dias em que estava aberto para o fim de tarde lá.
Na Toca do Morcego é assim

Portaló: Só fui na segunda-feira, justamente por estar a Toca fechada. Por ser um hotel, as chances de terem casais em lua de mel, com crianças por ali é bem maior. O ambiente também é bastante agradável, preços no mesmo patamar, enfim, como plano b, funcionou. Não cobram entrada nem o wifi, mas a qualidade do sinal é bem ruim.
Portaló
            Morro também tem uma balada mais no estilo clube, chamada Pulsar. Eu não vi funcionando, pois cheguei num domingo e saí de lá na sexta de manhã, provavelmente só tenha atividade nas noites de sexta e sábado – o que eu acho estranho, pois todo mundo que está ali está de folga/férias, então uma balada no meio da semana pode ser interessante. Como disse, não fui, não vi, só passei em frente à entrada (fica ao longo da muralha, no caminho à esquerda do portal de entrada, ou seguindo reto quando se desce a ladeira). Não se preocupe com a localização desses lugares, basta perguntar pra qualquer um ali que eles vão te indicar o caminho.

- Comer/beber:
            Acostume-se: Morro é caro. Um coco custa R$ 5, aí você imagina o resto. Para efeito de comparação, por um guarda-sol e uma espreguiçadeira na segunda praia eu paguei R$ 15; em Maceió, na praia de Ponta Verde, por um guarda-sol, duas cadeiras, mais a gentileza dos donos da barraca em vir molhar meus pés com regadores ao longo do dia, eu paguei R$ 4. Entenderam, né?
            Por ser um destino extremamente turístico e muito procurado por casais em lua-de-mel, tudo é para duas pessoas. Eu achei um restaurante self-service que me ajudou bastante, na economia de dinheiro e a não desperdiçar comida. O nome do restaurante é Alecrim e ele fica na rua principal, do lado esquerdo de quem desce a rua, fácil encontrar. Almocei ali todos os dias e recomendo. Para enganar o estômago existem as vendedoras de tapioca perto da igreja e um baiano vendendo acarajé (o qual eu provei e gostei bastante). Nos demais restaurantes, especialmente os da segunda praia, tudo fica mais caro e, como eu já disse, para duas pessoas. Se você vai ficar em hostel, tem a opção de fazer sua própria comida e tal; vi apenas um mercadinho por ali, mas existe.

            Bom, creio que ao menos as informações básicas eu coloquei aqui. Morro não é grande, então é fácil se localizar ali, escolher os melhores lugares para freqüentar, o que fazer durante a noite. Não sei se já escrevi isso nos parágrafos anteriores (estou escrevendo isso aqui um pouco por dia), mas se me perguntarem, eu acredito que, para valer a pena, a estadia mínima em Morro deve ser de quatro dias – sem contar os dias de chegada e partida. Digo isso, pois achei tão trabalhoso chegar lá, que ficar menos tempo vai parecer muito trabalho para pouco proveito, na minha opinião, pelo menos.

          Gostei de Morro de São Paulo? Sim, gostei. Voltaria? Acho muito difícil. Só se ganhar toda a viagem de graça ou se conseguir reunir um grupo muito bom de amigos, pois assim a experiência será outra, viverei Morro de modo diferente. Do contrário, prefiro voltar para Pipa. Ou para Jeri.


            É isso.