sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Sozinho em Jericoacoara


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          Como sempre, adianto que o texto a seguir reflete apenas a minha opinião, baseada nos meus gostos, desgostos, preferências e implicâncias. Não encare como um guia definitivo, pois não sou o dono da verdade e não tenho a intenção de sê-lo. Ao compartilhar tais informações, busco auxiliar quem, assim como eu, prefere viajar de forma independente. Utilize apenas o que considerar útil. Deixe para ter as suas próprias impressões. É isso que faz valer a pena, experimentar pra ver se gosta.

          Outra coisa importante: eu estive em Jericoacoara entre os dias 10 e 19 de dezembro de 2012. Logo, se você vai em outra época do ano, pode encontrar as coisas um pouco diferentes. Não que lá faça frio – isso jamais – mas pode ser época de chuva, o mar estar mais revolto, essas coisas. Informe-se.

EDIT: Voltei para lá entre os dias 19 e 26/09. Não choveu, sol todos os dias, porém a praia principal tinha MUITO sargaço. Estava bem feia. Porém, o praia da Malhada continua excelente para banho.

            Dito isso, vamos ao que interessa:

Como chegar: Existem três formas de se chegar até Jeri: vindo do Piauí, depois de passar pelo Delta do Parnaíba, seguindo até Camocim e de lá até Jeri; de Fortaleza, contratando um transfer particular num 4x4, onde você pode escolher o horário da partida, sem depender de ônibus. Como eu jamais usei uma dessas modalidades, não comentarei a respeito. Se procura um deles, vai pro Google e boa sorte. A terceira forma – e creio que a mais usada – e sair de Fortaleza de ônibus, seguir até Jijoca e de lá pegar a jardineira até Jeri.
            Quem leva é a FretCar - www.fretcar.com.br. No site dá pra fazer a simulação da compra de passagens, assim você já sabe os horários que estão disponíveis para ida e para a volta, porém eu não consegui concluir o procedimento de compra. Fiz toda a negociação por esse e-mail: leno@openpoint.tur.br (Jorge Leno). Você envia as datas e os horários que vai e volta, seus dados e eles informam uma conta para você depositar o valor das passagens; paguei R$ 130,00 ida e volta (esse preço inclui tanto o ônibus quanto a jardineira, você recebe as quatro passagens de uma vez só). Feito isso, eles enviam uma confirmação da compra e, quando chegar em Fortaleza, retira as passagens assim que desembarcar no aeroporto (bem na saída do desembarque, existe o guichê OPEN POINT, fácil achar). ATENÇÃO: a agência não fica 24 horas aberta no aeroporto, logo, se seu vôo chega de madrugada, já combine com eles como fazer para retirar as passagens, se existe algum outro local pra isso. Aí você pergunta: “mas é obrigatório comprar ida e volta?”. Claro que não. Eu comprei, pois já tinha todo o roteiro pronto, não poderia ficar mais dias lá além do previsto – e também não iria voltar antes da hora. Mas, mesmo que não compre a volta junto com a ida, é bom comprar a mesma com antecedência, uma vez em Jeri. Dependendo da época, pode lotar e eu não sei se eles colocam carros extras para rodar.


EDIT: A Open Point não existe mais. Comprei as passagens pelo site e levei comigo o recibo impresso. Agora a própria Fret Car tem uma agência no saguão do aeroporto. Chegamos de madrugada e já conseguimos trocar as passagens. ATENÇÃO: o guichê fica fechado da noite de sábado até a manhã de domingo. O site da empresa diz qual o horário correto de funcionamento.


            O ônibus sai do aeroporto, passa pela rodoviária e depois pela Beira Mar (parando em frente ao Hotel Praiano) antes de pegar a estrada rumo a Jeri. Aí depende do seu roteiro, onde quer pegar o mesmo. Se vai ficar uns dias em Fortaleza, talvez seja interessante na Beira Mar; se vai direto do aeroporto, pega lá mesmo (dependendo do horário de chegada do seu vôo, senão vai ter que ficar horas esperando no saguão). Eu não iria fazer turismo em Fortaleza mas, para não ficar esgotado, reservei uma noite num hotel em frente à rodoviária, assim dormi uma noite com conforto e no dia seguinte, às oito da manhã, já estava na rodoviária. O hotel é “Amaruama”, comprei pelo Decolar e paguei, na época, R$ 155 a diária; hotel decente (a localização ‘em frente à rodoviária’ pode assustar), limpo, confortável, recomendo, basta atravessar a rua e pronto. Foi ótimo fazer isso. Deveria ter feito na volta, inclusive, pois decidir vir direto e quase morri de tanto cansaço. Na volta pra Jeri, o ônibus também faz as paradas na Beira Mar, aeroporto e rodoviária, nessa ordem. IMPORTANTE: caso vá pela rodoviária, antes de embarcar é preciso pagar a taxa de embarque; procure pela Fret Car e compre o passe do embarque.

EDIT: O hotel Amaruama, agora em 2017, custou R$ 209,00 a diária. Quando chegamos, a recepção fez o check-in, cobrou, mas não avisou que estava sem água. Pois é. Saímos para comer e nada da água ter voltado. Acabaram nos mudando de quarto, para um bem inferior, mas pelo menos tinha água. 
Esse será seu transporte até Jijoca. Confortável.
Parada para almoço no trajeto Fortaleza/Jeri
            Para a viagem até Jeri, eu recomendo levar água e algo para enganar o estômago, pois não tem serviço de bordo (da primeira vez, eles vendiam coisas no busão). Na ida ele para num lugar à beira da estrada, mas na volta, não. Eu tinha almoçado antes, mas cheguei com fome em Fortaleza. Também é bom ir de bexiga vazia, pois a tal jardineira sacode tanto...


EDIT: Agora, na ida, eles param num restaurante em Acaraú (algo assim). Comida bem sem gosto, tipo ponto de parada da CVC mesmo, porém é o que tem e ajuda a suportar a viagem. Na volta, a única chance de comer é o no posto em Jijoca, onde pega-se o ônibus para Fortaleza.

A incômoda, porém necessária, jardineira.
          
A jardineira não existe mais. Agora o trajeto Jijoca/Jeri é nessas caminhonetes.
 Saindo de Fortaleza, são umas cinco horas até Jijoca, com apenas essa parada que eu mencionei acima. Uma vez lá, as malas são transferidas para a jardineira as caminhonetes e de lá mais uma hora sacolejando nas estradas de areia; faz parte da experiência, depois você até ri, mas não é nem um pouco confortável. Chegando lá, vão surgir os caras oferecendo pousada, carregador de mala, mas se você vai pro hostel e é mochileiro, não vai precisar de nada disso – mala de rodinha em Jeri é inútil.
Não tem asfalto. Mesmo.

Onde ficar
: Jeri tem uma infinidade de pousadas, afinal sobrevive do turismo. Eu sempre fico em hostel, logo dessa vez não seria diferente.
            Fiquei no Jeri Brasil – www.jeribrasil.com.br – que é filiado à HI. Dependendo da época, dá pra reservar pelo site da Federação – www.hostel.org.br – mas se for temporada, reserva direto com eles, telefone ou e-mail. Eu fiz por e-mail. Demorou um pouco para responderem, no início, mas eu insisti e acabou dando tudo certo.
            O hostel é bem localizado (se bem que lá, tudo fica perto de tudo), fica uma quadra atrás do local onde chega/sai a jardineira. Chegando, a jardineira para em frente a uma lan house, que também é onde são vendidas as passagens; basta pegar a ruazinha do lado esquerdo e chegar em frente à igreja de pedra, o hostel fica em frente à lateral direita dela, não tem como não achar.
            Nem vou entrar em detalhes sobre o hostel, basta dizer que é ótimo, limpo, armários individuais bem grandes (cabe tranquilo um mochilão dentro), ar condicionado ligado durante a noite, frigobar para guardar o que comprar na rua, cozinha disponível, WI-FI (esse só pega na recepção, não dentro do quarto), um bom café da manhã, enfim, recomendo sem medo de errar. *Leve repelente!! Vai precisar.

EDIT: Dessa vez não precisei usar repelente. O hostel mudou de administração e isso gerou uma mudança negativa. Como o transporte de retorno sai de Jeri às 15h30, antigamente eles deixavam fazer check-out do hostel mais tarde, mais próximo desse horário. Agora não deixam mais. Tem que descer as malas - eles até deixam guardar na recepção - e ficar fazendo hora. É ruim pois não dá pra ir à praia (eu pelo menos jamais conseguiria fazer uma viagem de quase sete horas, num ônibus, com o corpo molhado e cheio de areia...), você acaba perdendo o dia todo. Não gostei. Aliás, o hostel perdeu a atmosfera de hostel e parece que virou uma pousada.

Sobre Jeri: Jericoacoara é um vilarejo, não tem asfalto, toda a fiação elétrica é subterrânea, não tem postes de iluminação – a mesma é feita pelas luzes das pousadas e restaurantes – tudo isso para manter a atmosfera local. Nos últimos cinco anos, houve um crescimento no número de restaurantes, pousadas, sinal de celular, até uma pracinha foi construída. Tem Correios, mas não tem banco, nem caixa 24 horas, logo é bom levar dinheiro vivo. Eu levei uma quantia, calculando um gasto específico diário, mas fui surpreendido pela quantidade de locais que aceitam cartão! Houve dias em que não gastei sequer uma moeda, tudo no débito – até no bar da praia. Tem farmácias, mercadinhos, mas tudo pequeno. Cuide-se para não se machucar com gravidade (subir aquelas pedras pode ser perigoso), não comer nada de procedência duvidosa (acho que nem soro tem onde tomar lá) e não tomar porres homéricos (até tem um posto policial lá, mas...).

O que fazer: Existem alguns passeios disponíveis em Jeri. A cavalgada e as aulas de kite/windsurf nunca fiz. Os outros são as lagoas (Paraíso e Azul) e Tatajuba. Na primeira vez em que fui, fiz Tatajuba; dessa vez, não. Me lembro que era uma água turva e um monte de bares/restaurantes, uma bagunça só, por isso não quis voltar. Já o das lagoas, vale a pena. Ambas são lindas, mas a do Paraíso estava melhor. Talvez porque o bugueiro fez o caminho inverso, primeiro Paraíso, depois Azul; assim, disse ele, evita-se o excesso de turistas, pois a maioria faz o trajeto inverso. O passeio consiste em apreciar a paisagem e curtir um banho nas águas limpíssimas, doces e calmas das lagoas. É um dia bem proveitoso, que rende fotos ótimas, um visual impressionante. Fomos em quatro pessoas, saiu por R$ 35 cada um. Na própria recepção do hostel dá pra agendar esse passeio.

EDIT: Agora é possível ir apenas à Lagoa do Paraíso, pagando R$ 20 a ida e mais R$ 20 para voltar. Basta perambular pela rua principal que os caras já te abordam. Lotando as caminhonetes, seguem para a lagoa. Para voltar é a mesma coisa, não precisa esperar todo o seu grupo. Os motoristas ficam na entrada da lagoa abordando até lotar e aí retornam. Super prático. Só cuidar para não ficar além da conta e perder o transporte. Creio que até umas 16h30 eles ainda haja alguém por lá.

A lagoa mudou MUITO desde 2012. Hoje há uma mega estrutura com banheiro, bar, restaurante, mesas (muitas), espreguiçadeiras (essas pagas à parte) e até área VIP (R$ 100 por pessoa).
Lagoa do Paraíso
A área VIP da Lagoa do Paraíso
Lagoa Azul - Dezembro 2012
Lagoa Azul - Setembro 2017
            Pedra Furada: símbolo de Jeri, a visita à Pedra vale por isso mesmo, a visita. Claro que a formação da pedra, assim como os arredores impressiona, imaginar quanto tempo a natureza levou para esculpir tudo aquilo. Eu mesmo fui duas vezes até lá, pois não é uma caminhada longa e toda a paisagem do trajeto vale a pena. Os mais preguiçosos, contratam bugues; eu acho o fim da picada. Na maré baixa, basta caminhar pela praia – existem algum trechos onde é preciso passar sobre pedras, mas nada exaustivo – que sequer cansa; porém, é preciso tomar cuidado com a maré, pois quando ela sobe, fica muito mais difícil. Caso isso aconteça, basta subir o Serrote e voltar caminhando até a Praia da Malhada, caminhada tranquila, sem grandes esforços e com um visual que compensa. Também dá pra ir até a Pedra pelo Serrote; caminhei ele todo até chegar além da Pedra; desci na praia e voltei.
A tal Pedra Furada
            Nessas idas e vindas até a Pedra, eu achei um trechinho onde, mesmo com a maré alta, sobra um pedaço de areia, fica ao lado de uma gruta; excelente lugar. Fiquei sozinho ali, lendo, curtindo, tomando banho de mar (o qual é divino, com ondas fracas, correnteza leve e aquela temperatura...). Quem curte lugares isolados, fica a dica.
A 'minha' praia particular
            No mais, tem a praia principal, onde as áreas para prática de kite e windsurf são delimitadas, sobrando um trecho bem grande para os banhistas; ali você tem como alugar cadeiras e guarda-sol ou, ainda, ficar num dos bares/restaurantes. O mar é praticamente uma piscina, mesmo com todo aquele vento e dá pra ficar na água até o sol se por.

EDIT: Agora a praia principal tem barracas e cadeiras, cobram R$ 5 a hora. Como a praia estava cheia de sargaço, ali não era um bom local para ficar. Além disso, os turistas descobriram Jeri, então o lugar fica cheio de farofa. Povo barulhento, bêbado, com aquelas caixas de som disputando quem toca mais alto. Um horror. Jeri perdeu o brilho nessa parte. A sorte é que esse povo é tão preguiçoso que nem chegam na praia da Malhada, a qual continua agradável.

            Claro que, além da Pedra Furada, outro marco de Jeri e a Duna do Pôr do Sol. Clássico. No fim do dia – recomendo lá por volta das 17h00 – o povo todo sobe a duna para apreciar o fim do dia. Um visual incrível, com a junção da duna, do mar, do sol e dos praticantes de kitesurf. Só não subi todos os dias, pois também é legal ver o sol sumir sentado numa das mesas dos bares da orla, tomando um cervejinha e ouvindo uma música. Dá pra revezar, uma dia duna, no outro bar.
O momento mais aguardado em Jeri
            Olhando para o mar e caminhando do lado esquerdo, a praia parece não ter fim. Dá pra caminhar horas e horas sem se chegar a um ponto final. Porém, no meio do caminho, do lado oposto ao mar, existem alguns trechos com palmeiras, uma vegetação de mangue que, dependendo da maré e da época, formam lagoas. Eu descobri uma dessas, escondida atrás de uma duna (a próxima depois da do pôr do sol, bem perto do mar; as demais são afastadas da orla, não fui até elas) que me lembraram muito os Lençóis Maranhenses. Linda mesmo!

EDIT: Agora em Setembro/2017 essas lagoas estavam totalmente secas. :(
Uma grata surpresa
Eu particularmente vejo Jeri como um lugar para relaxar, curtir o dia, a natureza, não badalar. A vida noturna não é grandes coisas, mas sempre rola um forró, samba, reggae, ou mesmo banquinho e violão. Mas eu não sou de vida noturna – só saía para jantar – então vou me abster de comentar sobre isso. Quem estiver a fim de curtir, só perguntar no hostel, ou na rua mesmo, que logo já indicam o que tem pra fazer durante a noite.

EDIT: Como disse, os turistas descobriram e invadiram Jeri, então já não é mais tão simples relaxar. Tem que achar o lugar certo...
Onde comer: existem muitos restaurantes em Jeri, para todos os gostos e bolsos. Vai de cada um garimpar e escolher o melhor custo-benefício. Mesmo assim, vou citar os quais eu fui.

- Bom de Boca: fica na rua Principal, ao lado de uma escola de kite e em frente à pizzaria Da Vinci. Almocei praticamente todos os dias, menos às segundas, pois eles fecham. Tem um cardápio variado, mas eu sempre comi os executivos mesmo; tem com bife, peixe, fígado e frango, numa média de R$ 16. Vem a refeição mais porção de arroz e feijão. O mais importante: aceita cartão!

EDIT: O restaurante continua bom, mas o PF agora custa mais de R$ 30!!

- Cantina Jeri: Esse eu recomendo com força! Fica na Rua do Forró (mesma rua onde para a jardineira). Lugar super agradável, funcionários simpáticos e um cardápio vasto. Sim, a predominância são de massas, mas mesmo assim, muitas opções. Lasanha, macarrão, nhoque, risoto, vários tipos de molhos, muito bom mesmo. Jantei todos os dias lá, sem exagero. E o suco de melão? Ótimo!

EDIT: A cantina continua ótima!!

- Pura Vida: Local bem pequeno, porém aconchegante. Um ótimo atendimento e pratos deliciosos. Todos servem bem uma pessoa. Também faz lanches e açaí, mas eu não saí de SP para comer lanche em Jeri... O preço é justo, embora não seja econômico, aquele precinho mochileiro.

- Bistrô Caiçara: O melhor restaurante de Jeri. Fica sobre uma loja de artesanato na rua principal. Se conseguir uma mesa na beirada, vai ter uma vista de toda a movimentação da rua lá embaixo. Atendimento impecável e comida perfeita. Prove o camarão no abacaxi. O chef vem à mesa para perguntar se tudo estava bom. Também não é preço de mochileiro - o tempo passa e a gente começa a valorizar o conforto e os prazeres da boa mesa - mas eu acho que vale cada centavo. Uma delícia!

Onde beber: Sim, disse que não sou de balada, mas isso não quer dizer que não aprecie uma cerveja na beira da praia. Jeri tem alguns bares/restaurantes assim, mas só fui em dois, pois eram os melhores localizados, com vista perfeita para toda a praia e para a duna, e outro lá era de acesso exclusivo aos hóspedes... Nem é preciso explicar muito, pois bar é bar, mas a diferença básica entre o Capitão Thomaz e o Bar do Alexandre (os dois que frequentei) é que o do Alexandre tem uma atmosfera melhor, mais espaçoso e também aceita cartão. Enfim, aí vai do freguês. Um fica do lado do outro. Vai nos dois e escolhe o melhor, pronto.

EDIT: Agora existe também o "Dumundu". O mais barato e o melhor. Ótima vista, atendimento ok, e o melhor camarão alho e óleo que já provei na vida. Todos os dias vimos o por do sol dali, nada de duna.
            Já mencionei no início, mas vou reforçar: se possível, se programe para dormir uma noite em Fortaleza antes de ir pra Jeri e outra antes de voltar pra casa (ao menos que more no Nordeste, claro). Eu decidi vir embora direto de Jeri pra São Paulo; me arrependi amargamente. Foram mais de vinte horas na estrada! Até tem um voo da Gol que sai de Fortaleza às 23h30 – saindo de Jeri às 15h00, a estimativa é estar no aeroporto às 21h30 – o que permite embarcar logo, porém, como aconteceu com um conhecido meu, a jardineira pode atolar, o ônibus quebrar e, nesse caso, qualquer atraso pode por tudo a perder. Enfim, apenas uma opinião. Agora, claro que se houver mais tempo e puder conhecer Fortaleza, melhor.

          Bem, acho que é isso. As informações mais importantes estão aí. Caso você que está lendo – obrigado, inclusive – quiser perguntar mais alguma coisa, fique à vontade. MSN nem uso, mas pode me add no Facebook por esse mesmo e-mail: jackventrue@hotmail.com

              E que Jeri faça tão bem para você quanto fez pra mim!

domingo, 20 de maio de 2012

Sozinho em Buenos Aires


Primeiramente, a recomendação de sempre: todo o conteúdo a seguir reflete a MINHA opinião sobre tudo o que vi e vivi em Buenos Aires; meus gostos, desgostos, preferências e implicâncias. Não sou o dono da verdade, logo não tome esse texto como o único roteiro a ser seguido; seja sensato e pondere as informações de acordo com o seu estilo de viajar. O que for bom coloque no seu roteiro e o que for desinteressante, simplesmente descarte. Não é porque gostei muito de tal lugar que todos devem gostar e, principalmente, se não gostarem que não venham me atazanar depois dizendo “mas você disse que era bom!”. O que me agrada pode não agradar o outro – e vice-versa. Existem MUITOS sites de turismo falando de Buenos Aires, logo o que não encontrar aqui, certeza que encontrará por aí. Dito isso, é hora de ir ao que interessa. Porém, antes de descrever meus dias na capital argentina, farei algumas considerações que julgo importantes. Vamos a elas:

1 - Eu fiquei em Buenos Aires entre os dias 09 e 16 de maio de 2012. Estava tão frio como em São Paulo, às vezes até mais confortável, e choveu apenas na manhã do meu primeiro dia lá, por isso NÃO faço ideia de como é o tempo em outros períodos e, mesmo que vá na mesma época em que fui, nada garante que será igual, pois o clima anda maluco há um bom tempo. Sendo assim, nem me pergunte “devo levar roupas pesadas?”, pois não irei responder.
2 – Fiquei hospedado na Calle Florida, logo todo o meu relato é baseado nessa localização. Se vai ficar em outro bairro, tenha em mente que alguns lugares podem não ser tão acessíveis pra você quanto foram pra mim. Portanto, se decidir visitar algum ponto, o qual eu disse ser ‘pertinho’, mas tiver que caminhar um monte ou pegar táxi pra chegar, não venha me encher depois. Lembre-se disso.
3 – Sempre me hospedo em hostels/albergues e dessa vez não foi diferente. Se busca informações sobre hoteis, lamento, não poderei ajudar.
4 – Não sou uma pessoa baladeira. Gosto, mas nunca é a minha prioridade. Fui a Buenos Aires para conhecer o local, visitar todos os lugares possíveis, coisa que é bem mais agradável de se fazer durante o dia. Como não sou zumbi e preciso dormir em algum momento do dia, preferi eliminar as baladas do meu roteiro para poder acordar cedo e curtir o que a cidade tinha a me oferecer à luz do dia. Logo, se busca informações sobre a melhor casa noturna, a melhor balada, não vai encontrar – mesmo.
5 – Por conta da grana curta, deixei de fazer coisas que queria muito, tais como, show de tango, passeio bate e volta pra Colônia no Uruguai, jogo do Boca no La Bombonera e compras nos outlets da Av. Córdoba. Não que precise, mas serão belos pretextos para voltar a Buenos Aires...

Documentação: Acredito que não seja novidade para ninguém, mas para praticamente todos os países da América do Sul, o passaporte não é essencial, basta o RG em bom estado de conservação e emitido há, no máximo, dez anos para poder passar pela imigração. Eu preferi ir com meu passaporte. Primeiro, por ainda não tê-lo usado, queria “inaugurar” o mesmo; segundo, entrando com RG, você tem que guardar um documento que comprova sua entrada legal no país e apresentar o mesmo ao passar pela imigração na volta. E se perder tal papel? Dor de cabeça. Por isso também levei o passaporte. Mas o RG foi comigo. Fiz o seguinte: usei o passaporte para entrar e sair da Argentina e para trocar dinheiro nas casas de câmbio; todo o resto do tempo ele ficou trancado no armário do hostel e eu saí às ruas com o RG. Não me pediram identificação em lugar algum (disseram que poderiam pedir ao passar o cartão de crédito nos estabelecimentos) e, no único lugar onde foi exigido – casa de câmbio – eu fui com o passaporte.

Dinheiro: Eu cheguei a levar alguns dólares, mas confesso que não é imprescindível levar a moeda norte-americana, o Real é bem fácil de trocar, assim como é aceito em vários estabelecimentos (os quais, inclusive, tem perto do caixa uma tabela com a cotação do dia, em Reais, Dólares e até Euros). Embora haja nas ruas – especialmente na Calle Florida – muitas pessoas oferecendo câmbio, preferi não me aventurar e troquei meu dinheiro apenas nas casas de câmbio. Talvez tenha pagado mais pelos Pesos do que com esses ‘cambistas’ da rua, mas não quis arriscar. Qual casa de câmbio recomendo? Nenhuma. Faça como eu fiz e pesquise o preço em várias antes de trocar. Na Calle Florida tem várias – mesmo – e aí não fica difícil fazer uma cotação antes. Mencionaram um site antes de eu viajar (www.dolarhoy.com) mas o que tinha lá não correspondia com o que eu vi nas casas de câmbio; talvez eu não tenha sabido procurar por melhores preços, mas o fato é que a cotação que vi lá era pior do que mostrava no site. No aeroporto, o câmbio do Banco de La Nación tinha melhores cotações, mas não estavam atendendo estrangeiros na hora em que cheguei... Vi uma outra agência do mesmo banco do lado de fora do aeroporto (saindo pelas portas automáticas, segue pelo lado esquerdo, passando um quiosque de táxi), mas só no dia de voltar, quando não precisava mais de câmbio. Enfim, ou troca na primeira que enxergar sem se importar com diferença de cotações ou anda um pouco mais e sai pesquisando o melhor lugar – vai que a tal agência lá fora do desembarque é melhor?

Gastos: Ainda que seja sua primeira viagem – na vida – não cometa o erro de perguntar “quanto, mais ou menos, eu levo de dinheiro?”. Isso é impossível de precisar, pra qualquer pessoa. Eu mesmo levei uma quantia que, no fim, revelou-se pequena. Cada um tem uma noção do que vai fazer no local para o qual vai viajar, saber o quanto come, bebe, se compra muito souvenir, se gosta de andar ou se prefere táxi/ônibus/metrô. Gente, não dá para dizer o quanto é o mínimo que se deve levar. É o tipo de coisa que cada um tem que descobrir sozinho. Porém, posso dizer o seguinte: cuidado com o fato de que o Peso Argentino vale menos do que o Real; isso é fato, mas o que acontece é que as coisas em Buenos Aires são caras. Eu explico: no Brasil, uma cerveja long neck, numa praia do nordeste, gira em torno de R$ 4 e R$ 5; lá, uma mesma long neck (ou porrón, como eles chamam esse tipo de cerveja), custa absurdos 18 a 22 Pesos! Faça a conversão e entenda o que eu digo. Se paga muito mais caro por uma cerveja lá do que aqui. E não é só a cerveja, mas um ‘té com leche’ (chá com leite) custa acima de 20 Pesos, um jantar decente não fica menos do que 50 Pesos. Claro que nem tudo é uma fortuna, o metrô custa 2,50 Pesos, ônibus $ 1,25 e os táxis também não são careiros. Enfim, se você for fazer a conversão em tudo o que é lugar, talvez chegue à conclusão de que tá muito mais barato do que no Brasil, mas tenha sempre em mente que a inflação na Argentina também é grande. Conheço pessoas que, de tão sovinas, se recusariam a tomar uma cerveja que custa, em Reais, duas vezes mais do que pagaria aqui...

Hospedagem: Eu fiquei no Hostel Suítes Florida – www.hostelsuitesflorida.com – o qual havia sido indicado por uma amiga e, tenho que dizer, foi uma excelente escolha! MUITO BEM localizado, um excelente staff, bons quartos, com banheiro dentro (claro, suítes né?), armários gigantes, organização diária de passeios, eventos e com um bar no subsolo. Pode parecer ruim, mas mesmo com esse bar e ficando numa rua movimentadíssima – de pedestres, pois carros não circulam na Florida – não há barulho incomodando (exceto se você tiver o azar de ter um companheiro de quarto que ronca a noite toda). A sala comum é bem espaçosa, tem wifi numa velocidade que não decepciona, com aquecimento potente (você esquece o quão frio está lá fora), cozinha para uso dos hóspedes, televisão, computadores livres para quem não tem o seu próprio e o café da manhã está dentro do padrão dos hostels, um pouco acima eu diria. Enfim, gostei, recomendo e quando voltar a Buenos Aires, certamente fico nele de novo!

Saindo/chegando de Ezeiza: Assim como São Paulo, eles também tem um aeroporto dentro da cidade – o Aeroparque – mas eu só consegui passagens para Ezeiza. Conheço três formas de sair de Ezeiza para o centro de Buenos Aires:
1) Transfer do hostel: você pode agendar o transfer pelo hostel, gratuito, mas ele não sai de lá na hora que você quer, eles tem horários fixos para esse serviço. Na verdade, é uma empresa terceirizada que realiza esse transporte, em convênio com vários hostels. Eles tem uns cinco ou seis horários por dia saindo de Ezeiza e te deixam no ou próximo ao hostel, desde que você faça a reserva antes e esteja no local E horário indicados; caso haja algum atraso na imigração ou você passe tempo demais no Free Shop, eles não esperam e você dança. Na ida é gratuito, mas na volta, não. No Suítes me cobraram 60 Pesos por esse transfer, o que é bem barato dado o valor do táxi; a reserva tem que ser feita e paga na véspera. Eu pedi pra fazer na véspera, a mocinha do hostel só anotou e disse que eu pagaria no check-out; ainda bem que tinha vaga no dia, pois a outra atendente disse que, caso não houvesse, minha reserva não estava confirmada por eu não ter pagado antes. Enfim, pelo menos uma falha o staff do hostel tinha que cometer... Mas deu certo e eu peguei esse transfer na volta, o qual levou cerca de uma hora para chegar em Ezeiza. Tenha cuidado, pois dependendo do horário em que você pegar esse transfer, ele pode demorar bem mais do que uma hora; como eu fui por volta das 09h30, pegamos o ‘contra-fluxo’ do trânsito, então foi pista vazia. Caso você vá mais pro fim da tarde, pode pegar muito trânsito e demorar bem mais, logo fique atento ao horário do vôo, lembrando sempre que a fila da imigração é grande e ainda tem o Free Shop de Ezeiza, que é maravilhoso.

2) Empresa de transfer Manuel Tienda León – www.tiendaleon.com.ar. Bem mais barato que táxi, porém ele sai de Ezeiza e vai até o Teminal Madero, não para nos hotéis. Eu não conheço o Terminal, só sei que fica perto do centro da cidade. Como era tarde, confesso que tive receio de ir até esse terminal, pois não conheço e não sei se é seguro para descer do ônibus do Tienda Léon ali e pegar um táxi. Se fosse durante o dia, arriscava. Talvez se tivesse pesquisado melhor em outros fóruns (tal como www.mochileiros.com.br) tivesse obtido melhores infos sobre o terminal e descobrisse que não é tão podre assim. Mas, como não o fiz, preferi recorrer ao táxi.

3) Táxi: Assim que você passa pelo raio-x das bagagens, logo em frente já se vê um quiosque do “Taxi Ezeiza” – www.taxiezeiza.com.ar . Eu preferi fechar com eles, a ‘caçar’ um taxista lá fora do aeroporto, pois li muitos relatos de golpes e tal. Paguei os $ 198 direto no quiosque e o motorista foi chamado pelo rádio; considerei mais seguro e foi mesmo, cheguei sem problema algum. Detalhe: pagamento só em dinheiro (ou “en efectivo”), nada de cartão. Eles até tem uma promoção para, caso você já agende o retorno com eles, a corrida sai por $ 160. Se você vai voltar pra Ezeiza altas horas da noite, talvez seja de se pensar... Como meu horário permitia pegar o transfer do hostel, não fechei a volta de táxi, senão o faria, sim.

E, finalmente, meu dia-a-dia em Buenos Aires:
Dia 01, quarta-feira: Na verdade, nesse dia eu passei a maior parte do tempo em trânsito. Cheguei no hostel por volta das 22h00, fiz check-in e logo saí para jantar. Apesar da Calle Florida ser bem movimentada durante o dia, à noite quase tudo fecha, mas mesmo assim não foi difícil achar um bom ligar pra comer. Saindo do hostel e indo pela esquerda chega-se na Av. Corrientes, onde bem na esquina tem um Burger King; claro que não comi ali, afinal não saí do Brasil pra comer fast food. Virando à esquerda nessa esquina, bastou caminhar alguns metros pra eu achar um ótimo restaurante, chamado “La Casona” – fica bem em frente à segunda banca de jornais depois do Burger King. Ambiente espaçoso, bem agradável, com uma variedade imensa de pratos, um bom atendimento e, super importante pra mim, aceitam cartão. Depois de jantar, voltei pro hostel pra dormir logo e aproveitar bem o dia seguinte. Eu tinha feito um roteiro de acordo com os passeios que o hostel oferece, mas por conta da pouca grana, preferi fazer tudo o que fosse possível a pé.

Dia 02, quinta-feira: Saí logo depois de tomar café, peguei meu mapa (espero que você tenha providenciado o seu, pois é muito útil ter um na mochila) e segui em direção à Av. de Mayo para ver a Casa Rosada. No meio do caminho, no cruzamento da Florida com a Diagonal Norte (Saens Peña) vi o ponto de informações turísticas onde tem início o passeio do Tour Bus – www.buenosairesbus.com (o site é bem informativo, tem versão em português e dá até pra comprar online, vai lá! Não dá pra clicar no link? Pode digitar na barra de endereços que o site existe, eu conferi). Eu recomendo a todos que, logo no primeiro dia em Buenos façam esse passeio, pois proporciona uma visão geral da cidade, permite descer em alguns pontos que ficam longe do centro (Caminito, La Boca) e que, de outra forma, são acessíveis mais facilmente de táxi ou ônibus. Bom, funciona assim: você compra o bilhete nesse ponto de informações pagando $ 90 (apenas Pesos, em dinheiro, nada de cartão ou outras moedas), o qual vale por 24 horas (embora não tenha ônibus circulando por todo esse tempo); tem, ainda, outro de 48 horas para quem achar que apenas um dia é pouco. Claro que não dá pra você descer em todas as paradas, conhecer os arredores e voltar pro ônibus num dia só. Mas, tendo a visão geral, sabendo pra que lado fica cada bairro e quais são as atrações mais interessantes, nos demais dias você volta caminhando ou de transporte público. Diferente do Tour Bus de Curitiba, onde você tem direito ao embarque e mais quatro reembarques, nesse de Buenos, pelo valor acima, você pode fazer isso quantas vezes quiser ao longo do dia. Lembre-se de guardar com você o bilhete! Pode parecer bobagem dizer isso, mas teve uma senhora que perdeu o dito cujo e não pode descer em lugar nenhum, pois se o fizesse teria que pagar mais $ 90 quando fosse reembarcar. Vale ir na parte superior do ônibus, pois a visão é bem melhor e perfeita para fotografar, mas vá bem agasalhado, pois dá um frio... Eles fornecem fones para você ouvir explicações sobre os pontos turísticos, podendo escolher entre vários idiomas, e antes de parar em um dos pontos a guia avisa que se aproxima, para você já se preparar para descer. Eu aproveitei esse tour para visitar o La Bombonera e o Caminito, lugares que ficam mais longe do centro e o acesso é feito ou de táxi ou ônibus, não tem metrô, e caminhando é bem longe, até pra mim que sou um andarilho. Minha primeira parada foi no La Bombonera, para fazer o tour dentro do estádio e também pelo ‘Museo de La Pasión Boquense’. Dizem que existe a visita guiada, mas confesso que não vi ninguém fazendo e não sei se são todos os dias, quais os horários; particularmente achei desnecessária, pois o museu não é tão grande e tudo está bem organizado e explicado nas placas e vídeos que exibem. Ofereceram-me para tirar uma foto, dentro do gramado, com a réplica da taça da Libertadores; recusei pois, pra mim, não era interessante e também não queria ficar andando o resto do dia com aquela foto nas mãos. No mais, é caminhar dentro do museu, ver uns vídeos, fotografar e fazer uma paradinha na loja de souvenir na saída - ali foi uma tentação, muita coisa bacana para se comprar. Independente de se gostar ou não de futebol, vale uma visita, sim. Recomendo. 
Dentro do La Bombonera
Logo depois, reembarquei no ônibus (o ponto é sempre o mesmo onde você desceu) e fui até o Caminito. Outra visita obrigatória para que vai pela primeira vez a Buenos Aires. É um ponto bem turístico mesmo, com dançarinos de tango se oferecendo para fotos, várias abordagens para você comer nesse ou naquele restaurante e muitos turistas – óbvio. O local em si é pequeno, são uns dois ou três quarteirões com as construções típicas do lugar – aquelas casinhas todas coloridas – e muitas lojas de souvenir. Aliás, achei o Caminito o melhor lugar para se comprar as lembrancinhas de viagem, pois há uma grande variedade; não comprei tudo ali e depois tive certa dificuldade para encontrar o que queria em outros lugares, sendo salvo pela Feira de San Telmo... Creio que não gastei mais do que uma hora no Caminito; se já não tivesse almoçado, até teria ficado mais um pouco para comer por ali, pois tem vários restaurantes bem simpáticos, alguns com apresentação de tango inclusive. 
O famigerado Caminito
Depois do Caminito, reembarquei no ônibus e confesso que não desci mais. Como já era mais de três da tarde e ainda tinha um longo trecho a percorrer (são 24 paradas e eu ainda estava na sétima), decidi ver tudo de cima do ônibus, avaliar bem e voltar nos que mais me chamaram a atenção nos dias seguintes. Como o ônibus roda até certa hora da noite (os horários variam no verão e no inverno), talvez valha a pena fazer esse passeio “pós-Caminito” já com o dia terminado, pois a iluminação de diversos pontos de Buenos é incrível, muda toda a paisagem, tais como Casa Rosada, Planetário e outros lugares. Eu passei por esses pontos em outras oportunidades, mas quem estiver no Tour Bus e puder fazê-lo, é uma boa.

O Tour Bus

Dia 03, sexta-feira: Esse dia eu tirei para fazer uma das coisas que mais gosto em viagens, conhecer a cidade a pé. Como eu queria muito ir ao bairro Recoleta, para ver o famoso cemitério, peguei o metrô na estação Florida (linha B, vermelha) e fui até a estação Pueyrredon (sim, gosto de caminhar, mas também tinha que experimentar o metrô né?). Dali, caminhei umas dez quadras até chegar próximo ao cemitério. Não vou detalhar o caminho, basta usar o mapa. Também não vou descrever o metrô, mas posso dizer que custa $ 2,50 cada embarque, tem linhas bem extensas, parece um labirinto quando você tem que fazer baldeação, tem corredores bem apertados e é BEM abafado. Conselho? Evite horários de pico. Aquilo ali deve ficar terrível.
Pense num lugar abafado...
 Chegando na Recoleta, fui logo ao cemitério; claro que a entrada é gratuita e logo na chegada tem um mapa com todos os túmulos (isso mesmo). Tinha uma senhora vendendo um mapa na entrada, por $ 10, mas totalmente desnecessário. Claro que o interesse maior é visitar o túmulo da Evita Perón, a personalidade mais famosa do local, mas não é difícil encontrar, pois sempre vai haver alguém ali, todos os turistas buscam o mesmo local. Caso tente se localizar no mapa da entrada, lembre-se que lá os sobrenomes usados nos túmulos são os da família, independente se a pessoa foi casada ou não, sendo assim, para achar Evita, procure no sobrenome “Duarte” e não Perón. 
O túmulo de Evita Perón
Depois de conhecer o cemitério, que é bem interessante por sinal, com mausoléus imensos, dei uma passada rápida na igreja de N. Sra. Do Pilar, que fica ao lado e fotografei o jardim em frente, muito bonito e bem cuidado. Em seguida, indo pelo lado esquerdo de quem sai da igreja, caminhei em direção à Faculdade de Direito e à famosa flor prateada gigante, que fica ao lado. Depois, sempre caminhando, fui ao Museu de Belas Artes (estava fechado), Biblioteca Nacional e bem mais a frente, Jardim Japonês. O Jardim custa $ 16 e, mesmo sendo bem pequeno, vale uma visita, pelo menos para sentar um pouco e descansar da caminhada absurda que eu tinha feito.

 Depois do Jardim, fui caminhando até o Palermo Soho, um bairro mais elitizado e bastante mencionado nos guias turísticos. Existem duas praças conhecidas no bairro, Armênia e Cortazar; a primeira havia sido recomendada pelo site que visitei antes de viajar, então foi pra lá que segui. Não tinha nem metade do ‘charme’ que o site descreveu, poucos bares (o qual escolhi pra sentar não aceitava cartão, não vendia Quilmes e tinha um péssimo atendimento) e uma coisa que me irrita demais: pessoas vendendo tudo o que é tipo de tranqueira e, claro, pedindo moedas. Assim não dá. Quando sento pra beber/comer quero sossego e ali foi o único lugar em Buenos onde tive esse tipo de incômodo. Como já estava cansadíssimo e decepcionado com o tal bairro “charmoso”, peguei o metrô na Plaza Itália e voltei pra casa.

Dia 04, sábado: Depois da caminhada absurda do dia anterior, nesse resolvi ser mais cauteloso, afinal já tinha bolhas no pé. Fui até Puerto Madero (caminhando, claro) e fiquei impressionado com o lugar! Sem dúvida, um dos melhores cartões-postais de Buenos Aires. Tudo muito lindo, organizado, limpo, apenas pedestres, sem carros ou sequer bicicletas, construções que variam do antigo, tradicional para o que uma arquitetura bem mais moderna. Gostei tanto que voltei depois, num dia útil, pois queria ver como era a rotina das pessoas que trabalham ali (o que deve ser uma maravilha, trabalhar num lugar daqueles). 
Puerto Madero
Apesar de estar com a grana curta, fui assim mesmo conferir os outlets da Av. Córdoba (só descer na estação Carlos Gardel, dentro do shopping Abasto e caminhar umas seis quadras até a Córdoba). Que sofrimento resistir à tentação de comprar roupas tão bacanas a preços bem interessantes... Agora entendo porque tem gente que tira um dia inteiro para gastar na Córdoba. Andei boa parte da tal avenida e quando olhei no mapa, vi que tinha me aproximado do Palermo Soho; como tinha ficado cismado no dia anterior (não queria acreditar que o tal bairro era só aquilo), voltei, mas dessa vez para a outra praça, a Cortazar. Ainda bem! Ali sim é interessante. Tinha uma outra feirinha de artesanato rolando e muitos, mas muitos mais bares e cafés do que na praça Armênia! Gostei dali. Bebi minha Quilmes em meio àquele povo bonito e elegante, só observando o movimento, bem interessante.

Dia 05, domingo: Dia da famosíssima Feira de San Telmo. Ou eu sou muito maluco ou o povo é muito do preguiçoso. Nos sites em que pesquisei, sempre diziam qual ônibus pegar ou qual o valor de um táxi pra San Telmo. Por favor, eu fui a pé e nem foi uma caminhada tão longa assim. Chegando na Praça de Mayo, basta localizar a Calle Defensa e pronto! Desce toda a vida até chegar na Plaza Dorrego, onde rola a tal feira. Mas já no começo da Defensa, existem barraquinhas com todo o tipo de artesanato à venda, o que torna a caminhada até a feira bem interessante. No meio do caminho, na esquina das ruas Chile e Defensa, está a estátua da Mafalda, sentadinha no banco. Pra quem não sabe, Mafalda está para o argentinos assim como a Mônica está para os brasileiros (guardadas as devidas proporções, claro). A feira é de velharias mesmo, nem chamo de antiguidades; acho que o que não serve mais em casa eles vão vender lá. Claro que não é só isso, tem sim peças de artesanato bem interessantes, não só ao redor da praça, mas em algumas ruas perpendiculares também. 
Se a salvação do mundo depender de um sifão...
Mas vale sentar em um dos cafés ao redor da praça para observar as pessoas, ver o casal que, pelo que percebi, há anos dança tango por ali. Os souvenires que não comprei no Caminito, comprei em San Telmo. Depois de tomar meu ‘té com leche’, voltei à Praça de Mayo e vi que a Casa Rosada estava aberta, claro que fui verificar. Aos domingos de manhã, existem visitas guiadas – gratuitas! – pelo interior da Casa, passando por vários ambientes, inclusive pelo gabinete onde a Presidente despacha. Vale a pena ir, não só pela visita mas pela história contada pelo guia, explicando detalhes interessantes sobre o local e sobre Buenos Aires também. Depois da Casa Rosada, parei na Av. de Mayo, pois estava acontecendo uma festa da comunidade Paraguaia, com apresentações folclóricas e muitas barracas de comidas e bebidas. Comi choripan (um pão com linguiça), empanadas, croquetas e os mais maravilhosos alfajores da minha vida! Pena que não tinha como trazer mais alguns pra casa, pois estavam deliciosos. Na sequência, comecei a caminhar pela Av. de Mayo até o Congresso Nacional mas, no meio do caminho está o Café Tortoni. Como já tinha comido bem na festa paraguaia, parei apenas para fotografar o local; é bem interessante sim, muito bonito em seu interior, bem aconchegante e tão perto de casa, que voltei mais duas vezes – e sempre que for a Buenos Aires, paro lá de novo. 
Dentro do Tortoni
Como a bateria da máquina acabou bem ali, fiz um retorno forçado para o hostel. Depois de tudo arrumado, fui em direção ao Congresso Nacional; eles também tem visitas guiadas, mas naquele já havia passado do horário e resolvi voltar depois. Tirei várias fotos do prédio do Congresso e da praça em frente, os quais são bem bonitos e imponentes. Claro que fiz minha parada básica num café ali pertinho (não posso ver uma mesa na calçada) e tomei mais uma Quilmes. O lugar se chama ‘Café Imperial’ e foi onde fui atendido pelo garçom mais mal-humorado de Buenos Aires. Claro que não ganhou gorjeta... Mas, apesar disso, foi onde eu comi as melhores empanadas! Dali, voltei para a festa paraguaia para ver o encerramento da mesma (pertinho do hostel) e depois fui conhecer a Galeria Pacífico, já que fica na mesma rua onde estava hospedado. A tal Galeria nada mais que do um shopping, com lojas de griffes famosas, uma arquitetura e decoração muito bonitas e uma praça de alimentação bem variada. Mas só. Vale a pena conhecer, mas não é imperdível.

Dia 06, segunda-feira: Como em todo lugar, segunda-feira é dia de museu fechado. Resolvi voltar a Puerto Madero para conhecer o local de forma mais completa. Andei ao redor dos quatro diques, passei em frente ao Cassino e parei tomar um café no Starbucks – apesar de não ser nada argentino, não tenho acesso fácil a esse lugar morando onde moro, logo, sempre que podia entrava num, sim. Depois, saí da parte, digamos, pedestre ao redor dos diques e fui para uma avenida próxima a uma reserva ecológica. Ali ficam muitos ‘trailers’ vendendo choripan, chorizo, hamburguesa e mais vários outras coisas bem típicas, onde os locais param para fazer um lanchinho rápido. Comi um bife de chorizo que me valeu de almoço, de tão bem servido que vem! Dali, voltei para a área dos diques para ver aquele povo chique almoçando naquelas mesas debaixo do sol, com aqueles veleiros à vista, enfim, uma visão bem diferente de qualquer coisa que eu já tenha visto no Brasil. Saindo de Puerto – caminhando, claro – fui novamente em direção ao Congresso, pois queria fazer a visita guiada em seu interior. No caminho, mais uma vez Café Tortoni. Chegando no Congresso, ainda faltava uma hora para a visita começar, então sentei num outro café, bem na esquina e pedi minha Quilmes de cada dia. Que visão privilegiada... O Congresso, a praça em frente, as pessoas circulando, outras tantas nas demais mesas tomando seu café, fumando seu cigarro (sim, o porteños fuma muito, vai se acostumando), me sentindo um local. Assim que deu o horário, fui para a visita. A Casa Rosada é bem mais interessante e bem mais acessível para fotografar – ainda que sem flash. Já no Congresso, só pude fotografar a biblioteca (que é fantástica) e não pudemos visitar algumas outras área pois estavam fechadas, sendo preparadas para alguma solenidade que iria acontecer naquela noite. Mas, como tudo em Buenos Aires, valeu a visita (ainda mais sendo na faixa, hehe).

 Saindo do Congresso, passei em frente a um cinema de rua; me interessei, escolhi o próximo filme que iria passar e entrei. Confesso que não entendi boa parte do texto – castelhano sem legendas – mas foi uma experiência nova, interessante, não-turística. Ao voltar para o hostel, depois que cheguei na Av. 09 de Julio (a do Obelisco), decidi seguir por outro caminho; não recomendo ir pelo passeio no meio da avenida, muitos mendigos, um povo ‘noiado’... Cruzei rapidinho de volta para a calçada e segui em frente. Me perdi, mas foi só abrir o mapa que achei o caminho de casa rapidinho. No mais, jantar no “La Casona” de novo, um café no Starbucks e só.

Dia 07, terça-feira: Saí em direção à Corrientes para fotografar o Obelisco – apesar de ele estar bem próximo do hostel, ainda não tinha, digamos, dedicado um tempo a ele.
Não tem nada demais, mas tinha que fotografar...
 Do Obelisco segui para a Praça Lavalle, onde ficam os ‘Tribunales’ e a parte de trás do Teatro Colón, apenas para fotografar mesmo, pois os arredores não tem cafés para sentar e apreciar a vista. Dali eu resolvi voltar à Recoleta, pois queria experimentar umas empanadas que foram muito bem recomendadas pelo Ricardo Freire (www.viajenaviagem.com.br), as feitas e vendidas pelo “San Juanino”. No caminho, passei pela praça San Martin, que fica bem ao final da Florida (saindo do hostel, virando a esquerda, cruzando a Corrientes e indo em frente até a tal praça), de onde dá pra ver a Torre dos Ingleses e é caminho da Estação de trens Retiro. Seguindo o mapa, fui caminhando pela Av. Del Libertador em direção à rua Callao (pronuncia-se “Caxao”), passei em frente e entrei para conhecer o Pátio Bullrich, uma espécie de galeria só com lojas caríssimas. Claro que entrei e saí rapidinho, só valeu mesmo pra ir ao banheiro... Chegando na Callao, basta subir uma quadra e no cruzamento com a rua Posadas, virar à direita, San Juanino está ali. Lugar bem pequeno – não tinha mesa disponível – mas as empanadas realmente são deliciosas! Comi uma de milho... perfeita. Depois, voltei – caminhando, sempre – pela Carlos Pellegrini (paralela com a 09 de Julio), parei num café pra tomar uma Quilmes, segui até a Córdoba para chegar na Galeria Pacífico. Queria comprar alguns alfajores para trazer, mas uns que não fossem Havana. Acabei tomando mais um ‘té con leche’ por ali mesmo e comprei uns alfajores “Abuela Goye”; nada demais, bom como os da Havana, mas nem chegam perto dos da festa paraguaia... Voltei pro hostel, pois era hora de começar a organizar a bagunça e fazer a mochila para o dia seguinte.
            Pronto, acho que é isso. Não fiz tudo esmiuçado, tipo “vire na rua tal com a rua tal, ande vinte passos e suba...”, pois não é necessário. Tenha um mapa nas mãos e pronto, seja feliz em Buenos Aires! Também recorra à Internet sempre que surgir alguma dúvida, Google e Google Maps podem ser bastante úteis. Pronto. Caso julgue que faltou algo, quer saber mais sobre qualquer coisa que postei, ficou com dúvidas sobre alguma afirmação que fiz, manda pra mim. O e-mail – que também é msn – ta ali, no canto superior direito, só entrar em contato.
            No mais, vá pra Buenos Aires. Acho muito pouco provável que não goste...

            Saludos!!