domingo, 10 de julho de 2011

Sozinho em Cusco, no Peru!


           Estive em Cusco entre os dias 19 e 25/06/11, logo, tudo aqui escrito reflete fatos e situações do período; se você vai pra lá em outra época, provavelmente não vai encontrar tudo do mesmo jeito que descreverei. Obviamente, tudo aqui expressa a minha opinião, as minhas experiências, os meus gostos e desgostos. Como em todos os meus relatos, jamais tenho a pretensão de que isso seja um guia definitivo, um roteiro a ser seguido à risca. Cada um é cada um; o que foi maravilhoso pra mim pode ser detestável para o outro – e vice-versa. Que cada um que chegue até aqui e leia até o fim possa extrair o maior número possível de informações úteis; e aquilo que considerar inútil, simplesmente ignore. Mas é claro que quaisquer correções serão bem-vindas afinal, mesmo que não pareça, não sou intransigente.
            Bom, dito isso, vamos ao que interessa:

- Antes de viajar:
            Só consegui marcar essa viagem graças aos pontos do TAM Fidelidade, pois não poderia – pelo menos não agora – comprar as passagens. Troquei ida e volta, São Paulo/Lima, por 14.000 pontos e paguei apenas cerca de R$ 140,00 de taxas de embarque. Importante: só consegui esses trechos por essa quantidade de pontos, pois troquei tudo com três meses de antecedência; quanto antes efetuar a troca, melhor.
            Pelo tempo que iria passar lá, comprei USD 400 e informei meus bancos sobre a viagem, para que não ocorresse bloqueio dos meus cartões de crédito (caso o seu não seja, deve habilitar para uso no exterior E informar a viagem); também foi possível sacar moeda local direto da minha conta corrente, mas como tive alguns problemas, falarei sobre o dinheiro adiante, com mais detalhes.
            Fiz seguro-viagem pela Mondial Assitence (www.mondialtravel.com.br) o qual, felizmente, não usei; comprei botas de caminhada, pois tênis são muito frágeis para o tipo de caminhada que se faz lá, especialmente nas ruínas, e também aquecem mais os pés. Durante a noite e nas primeiras horas da manhã, o tempo é muito frio, onde todo tipo de proteção é necessária – aqueles gorros típicos peruanos são mais do que meros souvenires, esquentam mesmo – porém, conforme o sol vai subindo, a temperatura muda bastante e torna-se possível caminhar pela cidade usando apenas uma única blusa.
Oceano Pacífico e solo peruano
 - Documentação:
            É possível sim viajar para Lima e Cusco com o RG brasileiro, desde que ele tenha menos de dez anos de expedição e, claro, esteja em ótimas condições e a foto seja fiel ao seu rosto atual; se eles julgarem que a foto não corresponde, podem sim criar problemas. Eu pretendia ir com passaporte, para ter o carimbo do Peru e especialmente o dos 100 anos da descoberta de Machu Picchu, mas, infelizmente, não foi possível providenciá-lo antes de viajar.
            Certificado Internacional de Vacinação (CIV): antes de viajar, em todos os lugares em que eu pesquisei diziam que é imprescindível você ter o CIV junto com seu documento, especialmente ao voltar para o Brasil, pois é necessário comprovar a vacinação contra a Febre Amarela (na verdade, é apenas essa informação que consta no CIV, as demais vacinas não aparecem). Eu fiz a minha quando estive no aeroporto de Joinville e é simples: basta ir ao posto da ANVISA com sua carteirinha de vacinação original e RG (lógico) que na hora eles fazem e imprimem. Não me pediram o CIV em nenhum momento, mas, como é obrigatório, melhor nem arriscar e fazer logo; se pedirem está com você.

- O que levar:
- Manteiga de cacau, algum tipo de soro para umedecer o nariz. Acredite, nessa época o tempo seco incomoda mais do que o frio. A umidade parece ser praticamente zero, ainda mais nos passeios pelas ruínas, onde a quantidade de poeira é bem grande – perceberá isso quanto assoar seu nariz...
- Eu levei apenas um par de botas impermeáveis, própria para trekking (mesmo não sendo período de chuvas, ela ajuda a esquentar) e a usei o tempo todo; chinelo apenas para tomar banho. Tênis? Acho desnecessário, já que a bota é versátil e pode ser usada em todas as ocasiões. Se fizer questão e tiver espaço na mochila...
- Você tem money belt, doleira ou algo do gênero? Aquelas bolsas de pano que ficam ao redor da cintura, debaixo da roupa? Se não tem, compre. Muito útil para guardar o ‘excesso’ de dinheiro, pois eu considero o ideal nunca andar com mais do que 100 (reais, dólares, ou qual quer que seja a moeda local) na carteira, e até mesmo seu documento, um dos seus cartões. Se perder, o prejuízo será pequeno. Acabou o dinheiro da carteira? Acha um banheiro – ou discretamente debaixo da mesa – tira mais grana do money belt e pronto.
- Lenços de papel e papel higiênico na mochila de ataque (para quem não sabe, mochila de ataque é aquela que vai com você para a rua, para os passeios): nunca se sabe quando será preciso ir ao banheiro e nem todos os lugares podem estar devidamente preparados para recebê-lo. Aliás, esse é um hábito que todo viajante deveria ter, enfim...
- Uma farmacinha simples, com analgésicos, contra dor de cabeça, resfriado, band-aids e quaisquer outros que venha tomando. Se forem remédios controlados, informe-se melhor em sites como ANVISA – ou Google... Não precisei tomar nada, sequer entrei numa farmácia, logo não sei qual o rigor para a venda de remédios, quais necessitam de receitas e tal.
- Cópias de documentos: eu tirei cópia colorida do RG, uma cópia do CIV e imprimi duas vias de toda a papelada – comprovante de reserva dos vôos, dos albergues, seguro-viagem – e deixei essas cópias sempre guardadas no armário do albergue; se me assaltassem na rua, teria meu ‘esconderijo’ (seria muita burrice tirar cópia de tudo e levar junto com os originais...). O site do consulado também orienta a tirar cópia colorida das principais folhas do passaporte; não substitui o original, mas facilita provar que você é você, caso seja assaltado. Nem preciso dizer que essas cópias só servem pra isso mesmo, num caso infeliz de perder os originais; não vá pagar o mico federal – literalmente – de passar na imigração com cópia de passaporte ou RG...

- Lidando com dinheiro:
            A moeda do Peru é o Nuevo Sol. Nem vou entrar no mérito da cotação, já que isso varia sempre; posso apenas ilustrar que, na época em que fui, um dólar valia 2,75 nuevos soles. Para Reais a cotação era R$ 1 = S./ 1,50.
            Além de ter habilitado meus cartões de crédito para uso internacional – e avisado por telefone onde estaria e qual o período da viagem (façam isso, senão bloqueiam seu cartão durante a viagem, por julgarem ser clonagem), também habilitei meu cartão do Banco do Brasil para saques na moeda local direto da minha conta corrente. Claro também comprei dólares aqui no Brasil – USD 400 – e foi muito mais fácil trocar do que pensei; no aeroporto de Lima a cotação era menor do que em Cusco logo, troque apenas uma pequena quantia no aero para gastos iniciais e deixe para ir trocando o restante em Cusco (ao redor da Plaza de Armas existem várias casas de câmbio, com a cotação que eu julguei justa). Eu consegiu, inclusive, trocar alguns Reais em Cusco; aproveitei, pois eles estavam “sobrando” e assim que achei uma casa que trocava, achei melhor. Antes Soles na mão do que Reais – inúteis no Peru – fazendo volume na carteira. Mas não conte com isso sempre, trocar reais, leve dólares que é mais garantido.
            Lá no início, mencionei que tive problemas ao sacar Nuevos Soles para débito na minha conta-corrente aqui no Brasil. Minha primeira tentativa foi no saguão de desembarque do aeroporto de Lima; segui todas as orientações da tela (espanhol ou inglês, nada de português, ok?) e, no momento de liberar a grana, o caixa eletrônico deu uma mensagem de erro na operação – mas meu celular avisou que a grana havia sido debitada! Como não dava para acessar minha conta, saí do aeroporto sem saber o que tinha acontecido (não tinha como reclamar, pois não era caixa de agência, mas sim um terminal ‘perdido’ no meio do saguão. Já em Cusco, aconteceu duas vezes a mesma coisa – dessa vez em caixas que estavam dentro de uma agência bancária; consegui sacar a grana apenas uma vez. Quebrando a cabeça para entender, eu cheguei à conclusão de que eu estava sacando valores que ultrapassavam meu limite de saque diário, por isso o caixa reteve as cédulas; só que, se não liberou a grana por causa disso, também não deveria debitar da minha conta, certo? Enfim...
            Vou explicar melhor o que aconteceu. Meu limite de saque diário era de R$ 120,00 (isso eu perguntei na minha agência, antes de viajar); como no primeiro saque eu tentei pegar 400 Soles (s./ 400), o que representava pouco mais de R$ 250,00, meu limite foi ultrapassado – e eu confesso que tinha me esquecido do limite. Nas outras duas tentativas, eu tentei sacar s./ 300 de cada vez, o que passou meu limite também; apenas quando pedi s./ 100 (cerca de R$ 60) a grana saiu. Resumindo? Memorize seu limite de saques em Reais e faça a conversão mentalmente antes de pedir a grana no caixa eletrônico (a senha é a mesma que você usa para saques no Brasil). IMPORTANTE: Para cada saque feito no exterior dessa forma, o Banco do Brasil me cobrou R$ 12 mais a taxa do IOF (sim, um absurdo); ou seja, evite sacar dinheiro na função débito – ao menos que seu limite seja alto e você possa sacar uma quantia razoável de uma só vez. Porque pagar R$ 12 toda vez que sacar R$ 60, ninguém merece...
            Ah sim, apesar de todos esses problemas, no fim das contas o banco percebeu o erro e estornou todos os valores do saques que eu não consegui completar. Menos mal né?
            Antes de voltar ao Brasil, se ainda tem alguma quantia de Nuevos Soles, melhor trocar no aeroporto mesmo, por Reais. Ainda que a cotação não seja lá essas coisas, os Reais você usa aqui. Já os Soles...

- Taxis: No Peru eles não tem taxímetro, o costume é negociar o valor da corrida antes de entrar no carro. Se informe na sua hospedagem quais os táxis credenciados, de confiança. Os táxis que eu usei, o pessoal do hostel quem chamou, não peguei nenhum na rua, não tem como eu dizer “qual a cor dos mais confiáveis”. Evite pegar táxi, na rua, sozinho e sente-se sempre no banco de trás, travando as portas para que nenhum “passageiro extra” entre de repente.

- Onde ficar:
            Cusco tem uma infinidade de hospedagens, desde albergues até hoteis luxuosos. Eu pesquisei pelo site www.hostelworld.com e encontrei vários hostels. Decidi pelo Yamanyá Backpackers, pela avaliação que recebeu no site e fiz uma ótima escolha; muito bem localizado – três quadras da Plaza de Armas – seguro, com chuveiro quente (até demais), cama enorme e um edredon poderoso! Fiz a reserva pelo site e não tive problema algum quando cheguei lá, minha vaga estava garantida e o valor restante que tinha que pagar não sofreu qualquer alteração. Uma equipe super prestativa, me ajudou em tudo que precisei, café da manhã extremamente simples (mas não seria isso que prejudicaria minha estada lá), internet free. Mesmo tendo um bar dentro do hostel, não atrapalhou o meu sono; eles guardam as mochilas de quem vai pra Machu Picchu dentro de um depósito, enfim, recomendo. Queixas? Apenas uma: quando eu ia pra MP, isso às quatro horas da manhã, o cara da recepção me fez pagar o valor da estada – coisa que só faria no check-out – pois, segundo ele, é a regra, quem vai pra MP paga tudo antes de sair. Só que essa regra é pro povo que vai fazer a trilha ou mesmo passar uma noite em Águas Calientes, o que não era o meu caso; mesmo explicando que eu iria voltar no mesmo dia, não teve jeito, tive que pagar tudo naquela hora. Felizmente o dinheiro que sobrou deu pra eu me virar em MP, mas foi desagradável “perder” aquela grana toda antes da hora.
            Além do Yamanyá eu conheci outros dois hostels em Cusco, o Pariwana e o Ecopackers. Achei ambos bem localizados – o Eco é na mesma rua do Yamanyá – mas bem mais movimentados do que o meu. Na pesquisa pelo Hostelworld eu tinha lido alguns elogios sobre um tal de “Loki Hostel”; por acaso, vi onde fica esse e não gostei da localização. Fica perto de San Blas, numa área que eu achei meio desaconselhável andar à noite. Em suma, quanto mais próximo da Plaza de Armas, melhor.
Yamanyá Backpackers

 - O que fazer:
            Como eu fui pra Cusco numa semana festiva, todos os dias tinham eventos, desfiles, shows na Plaza de Armas. Na verdade, a cidade em si já é uma atração; vale muito a pena tirar um dia para andar pelas ruas de Cusco, fotografando a arquitetura, observando os locais, descobrindo lugares interessantes para se comer, tomar um café. Existem também alguns museus – eu visitei apenas o Museu Inka – muitas igrejas, as quais só abrem em hora de missa e onde fotografias no interior são proibidas; existe um “boleto religioso” que você pode comprar e visitar as igrejas fora dos horários de missa.  Aqui acho que nem compensa entrar em detalhes, pois basta dar uma caminhada pelos arredores da Plaza de Armas para conhecer os pontos mais interessantes. Vida noturna? Bom, eu sou a última pessoa a quem perguntar sobre isso, pois saio de casa pra ver o que não tenho aqui perto e, vamos e venhamos, barzinhos e coisas do gênero eu posso freqüentar sem precisar ir tão longe. Mas, porém, contudo, todavia, posso dizer que Cusco tem sim uma vida noturna agitada, dado o alto número de mochileiros e, pelo que ouvi, um tal de “Mama África” é o barzinho mais freqüentado de Cusco, fica na Plaza de Armas. Certeza que existem outros lugares, mas tais informações eu deixo para outro, não é o meu forte.
Plaza de Armas

Comer e beber.
- Restaurante Inkanto: Ambiente aconchegante, perto da Plaza de Armas (olhando para a Catedral, vire na rua à direita), mas serviço muito lento, comida pouco saborosa (escolhi um filé de alpaca com um arroz sei-lá-o-quê) e cara – dois copos de suco mais o prato principal, 60 soles.
- Los Balcones: de costas para a catedral, um dos restaurantes do lado direito da praça. Comi um menu turístico (entrada, sopa, principal e suco) por 30 soles. Gostei, apesar do coentro na alpaca – a sopa estava excelente.
- Não lembro o nome, mas é ao lado do Los Balcones: aqui comi o cuy, mas não assado e sim frito, numa espécie de iscas empanadas, com choclo (milho), papas (batata) e pisco. Também gostei. Não lembro o preço, mas não achei caro – senão lembraria.
- InkaFé: Espalhados por Cusco, um dos melhores lugares onde comi. Primeiro fui no que fica numa esquina, em frente à Plaza Del Regocijo (ou algo parecido), onde comi Trucha Crocante – uma delícia – e bebi a famosa Chicha Morada. Noutro dia, fui em outro InkaFé, próximo a pedra de 12 ângulos, na rua do Jack’s Café (acredite, você vai ver esse lugar e vai se lembrar). Aqui eu tomei um café mesmo, com um pedaço de bolo bem gostoso.
- Bembos e Cappuccino Café: ambos na Plaza de Armas, um ao lado do outro, na parte de cima. O Bembos é um fast-food no térreo e o café no andar de cima; já o Cappuccino é um ambiente mais, digamos, sério. Ambos são bons – no Cappuccino a variedade é maior.
- Paddy’s Pub: fica numa esquina ao lado da Catedral, bem pequeno, não fui. Eu visitei o outro pub que fica na outra esquina, cuja entrada é pela rua lateral, Norton’s Rat; como tudo em Cusco, bem pequeno, mas um ambiente bacana – se der sorte, pegue um banco na sacada e aprecie a vista.
Chicha Morada
 - Passeios:
            Eu fiz três passeios em Cusco: City Tour, Vale Sagrado, acesso ao Inti Raymi e, claro, Machu Picchu. Contratei todos numa agência de Lima, ainda no Brasil, a qual parcelou todo o pacote em três vezes – tudo ficou em 600 dólares. Aí surge a pergunta: “mas não dá pra fazer tudo isso sozinho, sem agência?”. Claro que dá. Porém, eu decidi contratar tudo de antemão, pois eu já sabia que a semana em que eu estaria lá seria concorridíssima, especialmente os ingressos para a Festa do Sol (Inti Raymi). Some-se a isso o fato de que eu teria que correr atrás de tudo lá em Cusco, o que iria tomar boa parte do meu tempo, correndo o risco de não conseguir vaga para a Festa, passagens de trem e até mesmo o acesso a MP. Conforme for descrevendo os passeios, coloco minha opinião sobre como seria se tivesse feito tudo por conta própria.
            Voltando à agência, eu achei pela internet esse site www.andesperu.com; mandei para eles uma mensagem de como eu queria que fosse meu roteiro, o que eu queria fazer em cada um dos dias em que estivesse lá e eles responderam com tudo pronto, do jeito que pedi! Achei ótimo eles montarem esses roteiros personalizados, pois a agência com a qual tinha entrado em contato antes era mais enrolada do que qualquer outra coisa, cheia de restrições quanto ao meu roteiro, demoravam a responder. A Andes Peru, cujo contato foi o André, me prestou um serviço 99% - apenas uma pequena falha, nada que me prejudicasse.
            Funcionou da seguinte forma: depois do meu contato, eles retornaram por e-mail com toda a descrição dos passeios (também solicitei que fossem me buscar no aeroporto de Cusco), na sequência que eu havia escolhido e o preço. Assim que confirmei, eles me enviaram alguns formulários pra eu preencher, assinar e mandar de volta; fiz tudo isso, fotografei a papelada e mandei pra eles. Também foi preciso mandar foto do meu RG e do meu cartão de crédito, para ele poder debitar tudo pelo escritório dele. Arriscado? Pode ser, mas ou era assim ou eu não fazia. Mas eles foram EXTREMAMENTE profissionais, chegando a me perguntar qual a melhor data para passar o cartão, me mandaram todos os vouchers dos passeios, enfim, recomendo sem medo a Andes Peru. A agência fica em Lima – inclusive, um amigo meu que já estava lá, localizou o escritório deles, conheceu o André e comprou com eles o ingresso para a Festa do Sol, ou seja, não se trata de uma empresa fantasma – e eles terceirizam os passeios com outra agência de Cusco. O bacana é que foram sempre as mesmas pessoas que foram me buscar no hostel para os passeios e o guia também foi sempre o mesmo. O que rolou foi o seguinte:

Dia 01 – Assim que saí do desembarque do aero de Cusco, uma moça estava me esperando. Pegamos um táxi (ela mesma pagou) e me deixaram na porta do hostel. Não tinha nada marcado para esse dia, então saí caminhar e conhecer os arredores
Me situando em Cusco
 Dia 02 – Na hora marcada, 13h00, a mesma moça foi até o hostel e me apresentou ao guia do city tour. Fui com ele até a Plaza de Armas para aguardar as demais pessoas do grupo e começar o passeio. Começamos com uma visita à Catedral. Para tanto, é necessário comprar um ingresso na entrada da igreja ou o “boleto religioso”, que dá acesso a outras igrejas em Cusco. Claro que o guia me entregou o boleto, pois já estava tudo pago. Dá pra fazer sem agência? Claro que sim mas, caso faça, aconselho comprar um guia explicativo do interior e da história da Catedral depois, pois sem guia e sem saber nada, a visita fica sem sentido. O guia – Marco – explicou tudo sobre o local, muito mais proveitoso.
            *Aqui eu faço uma observação. Dependendo do número de turistas, eles dividem em grupos com guia que fala em inglês e outro em espanhol. Como brasileiro que sou, me colocaram no grupo dos espanhóis; achei que não iria entender muita coisa, pois meu inglês é bem melhor, mas me surpreendi com a facilidade com a qual entendi tudo o que o guia disse. Continuo não falando espanhol, mas agora posso dizer que pelo menos entendo o idioma – pelo menos o falado no Peru.
            Depois da Catedral, seguimos a pé para o Templo do Sol – Qorikancha – onde existem várias paredes construídas desde a época Inka e o guia explica como tais paredes foram construídas sem cimento ou qualquer material de fixação.
            Bom, não vou me estender ainda mais sobre esse passeio, mas posso dizer que é válido, desde que seja o primeiro passeio feito em Cusco. Vou repetir, por mais que pareça desperdício de dinheiro fazer um city tour numa cidade como Cusco, a presença do guia é importantíssima, especialmente para mim que era totalmente leigo (ignorante mesmo) sobre a cultura da região e do povo Quechua. Depois de Qorikancha seguimos de ônibus para Sacsayhuamán, Puca Púcara, Qenko e Tambomachay. IMPORTANTE: nesses lugares você vai precisar do Boleto Turístico. Se fechar com agência, certifique-se se esse boleto já está incluso, senão você terá que comprar na hora – custava 130 soles – e ele te dá acesso a diversos lugares. O meu me foi entregue pelo guia, pois estava no pacote. É de extrema importância guardá-lo, pois você vai usá-lo no passeio do Vale Sagrado também!
Parada rápida em Puca Pucara
 Dia 03 – Esse dia eu programei para visitar Machu Picchu. O combinado era que me pegassem às 04 da manhã, mas atrasaram cerca de meia hora. A mesma funcionária da agência apareceu pra me buscar – inclusive testemunhou o ‘entrevero’ que tive com o funcionário do hostel por causa do pagamento antecipado das diárias. Dali, entramos no carro que iria me levar até MP e onde ela me entregou toda a papelada: bilhete de ida e volta do trem, passagens do ônibus ida e volta para MP e ingresso de acesso à cidadela. Logo depois, ela foi embora e ficamos apenas eu e o motorista. Ele dirigiu um pouco e logo parou numa rua, dizendo que foi buscar mais dois passageiros; eu achei que eram mais dois turistas, mas não eram. Deu medinho, confesso – ainda mais que um amigo meu já sofreu sequestro relâmpago no Peru – mas foi só cisma minha, correu tudo bem. Chegando em Ollantaytambo, na estação de trem tomei um café e já embarquei no trem. São duas empresas, Peru Rail (um vagão super espaçoso) e a Inka Rail, com um serviço de bordo bem simpático, mas um espaço tão – MAS TÃO – apertado... Adivinhe em qual eu fui? Enfim, apesar do aperto a viagem foi boa, pois a companhia no vagão rendeu bons papos (brasileiros saindo pelo ladrão). E a paisagem? Espetacular!
            Chegando na estação de Águas Calientes, tinha um senhorzinho me esperando – conforme me havia dito a funcionária da agência – e que me levou até onde saem os ônibus para MP. Ah sim, a viagem de trem dura pouco mais de uma hora e a subida de ônibus até MP leva pouco mais de meia hora.
            Assim que eu descesse do ônibus era pra haver algum guia me esperando na entrada de MP, mas não havia ninguém (essa foi a única falha da agência comigo). Aí, uma outra guia que estava formando grupo para entrar me pediu 20 Soles, só que eu teria que esperar juntar um número certo de pessoas. Claro que não esperei e entrei sozinho. Seria necessário o guia? Certamente eu teria muito mais informações. Mas não foi ruim estar sozinho, pois pude andar no meu ritmo, sem ninguém me apressando e tal e, diferente dos demais lugares, eu já havia lido várias coisas sobre Machu Picchu, então não fiquei tão perdido lá dentro – meu guia impresso tinha um mapa com os principais pontos do local. Quanto tempo para conhecer toda a cidadela? Cada um tem seu tempo, mas eu diria que, pelo menos, umas duas horas ali dentro – eu fiquei três. Lembrando Ao voltar para Ollantaytambo, o mesmo motorista que havia me levado estava lá me esperando, com mais um casal (esse de mochileiros mesmo) e voltamos para Cusco sem qualquer imprevisto. E a paisagem no caminho? Impressionante!

            *Reconheço que essa foi a forma mais turística de se ir a Machu Picchu. Pesquisando, descobri outras formas usadas:
- Trilha Inca: caminhada de quatro dias e três noite, acampando, passando pro caminhos estreitos, atingindo mais de 4 mil metros de altitude. Quem fez, disse que compensa todo o sacrifício, uma experiência única. Mesmo assim, não me animei para fazer isso no futuro...
- Passar uma noite (ou várias) em Águas Calientes. Águas é o vilarejo mais próximo de Machu Picchu, encravado nas montanhas, cheio de pousadinhas, restaurante e uma feira de artesanato bem interessante. Dizem também existir um passeio às águas termais, talvez por isso valha a pena ficar uns dias lá. Geralmente que vai para Águas Calientes pretende levantar de madrugada para ir a Machu Picchu e ter acesso ao Huayna Picchu, o ponto mais alto da cidadela; isso é necessário, pois o acesso ao Huayna é limitado e não tem senha, é por ordem de chegada. Antes de ir cogitei fazer isso, mas a ideia de perder um dia em Cusco – e levantar duas madrugadas seguidas naquele frio – me fez desistir.
- Eu cheguei a ler em alguns fóruns uma forma de se ir até MP, saindo de Cusco, saindo de carro até certo ponto e depois caminhar por uma usina(?) até chegar lá. Nem perdi meu tempo atrás disso, porque por mais que eu busque viajar de forma econômica, não significa que tenha que sofrer pra isso. Existe a economia sensata e a economia burra... Tem pessoas também que vão a pé de Águas Calientes até Machu Picchu; se tem disposição física para tanto e tempo de sobra, boa sorte. Eu não faria isso. Se for pra caminhar, então melhor aceitar logo o desafio da Trilha Inca.
- Indo sem agência. Eu cheguei a pesquisar como ir por conta própria e descobri o seguinte: só é possível comprar o ingresso para MP, assim como as passagens de trem, pela internet se o seu cartão tem um sistema chamado “verified by Visa” ou o similar da MasterCard. Eu li que, na época, apenas alguns cartões emitidos pelo Bradesco (ou Itaú, não lembro) tinham essa possibilidade. Caso contrário, o jeito é fazer uma reserva para Machu Picchu pelo site www.drc-cusco.gob.pe, imprimir o boleto e pagar assim que chegar em Cusco (depois de pagar o boleto, tem que ir retirar o ingresso na Secretaria de Cultura, informe-se sobre os endereços). Na verdade, o site que eu acessei era www.machupicchu.gob.pe, mas agora ele está fora do ar logo, acesse o site anterior pra ver se consegue acessar a reserva de outra forma. Já o trem, a www.perurail.com vende as passagens, inclusive dos trens que saem da estação de Poroy (a mais próxima de Cusco) mas, como disse, também existe esse “senão” do cartão de crédito. Já a outra empresa, www.inkarail.com.pe, também faz reservas pelo site (não sei se é só reserva ou também venda), mas seus trens só saem de Ollantaytambo, quase duas horas de carro de Cusco.

Dia 04 – Nesse dia, fomos ao Vale Sagrado. Confesso que não anotei a sequência dos lugares visitados, então vou tentar ser o mais fiel possível, de acordo com a minha memória. Esse dia estava cheio de pessoas para o passeio, fomos num ônibus (mais uma vez, fiquei na turma que ouvia em espanhol). Boa parte do percurso é às margens do Rio Urubamba, o mesmo que transbordou no começo do ano, impedindo o acesso a Machu Picchu e destruindo vários vilarejos. A primeira parada foi rápida, na “Escuela de Cerâmica Ccorao”; apenas alguns objetos de cerâmica – não entrei no que seria a escola, e várias barracas de artesanato, um mais lindo do que o outro, como sempre. Tem uma mulher usando o tear e outra cuidando de lhamas, se você quiser tirar foto delas ou com elas, é bom dar umas moedas de gorjeta (em espanhol, propina). A parada seguinte foi no “Mirador Taray”, onde o guia dá mais algumas explicações e mostra um vilarejo que praticamente foi lavado pela enchente do Urubamba. Na sequência, o Complexo Arqueológico de Pisaq (Boleto Turístico); lugar enorme, com várias ruínas e um visual impressionante das montanhas. Mais uma vez, a explicação do guia é essencial. Depois das ruínas, o ônibus desce até o vilarejo de Pisaq, onde existe um mercado de artesanato absurdo! Sério, eu fiquei doidinho ali, com tanta variedade de coisas para se ver e comprar – gastei uma grana boa nesse lugar. Após, é hora de almoçar. Não sei o motivo, mas cada pessoa, cada grupo, tinha um restaurante diferente para almoçar; acredito que sejam várias agências em Lima que concentram suas atividades na mesma agência em Cusco, por isso os restaurantes diferentes. Eu fui no último restaurante, com mais umas cinco pessoas, chamado “Tunupa”, uma delícia por sinal; comida toda inclusa, apenas bebida à parte (não tem caixa, paga direto pro garçom) e umas sobremesas, ai, ai...
            Depois do almoço, vem o trecho que eu achei o mais interessante: Ollantaytambo (de novo, precisa do Boleto Turístico). Apesar de ter ido lá no dia anterior, eu fui apenas para pegar o trem e não vi nada das ruínas; o lugar é fantástico! Claro que Machu Picchu é o lugar mais impressionante, mas aqui também mostra toda a inteligência e força dos Quechua, para construir um lugar tão imponente. Sem dúvida, o melhor do Vale Sagrado, pra mim, foi Ollantaytambo. Claro que na saída também tem a tradicional feirinha, uma tentação... Pra terminar, uma parada rápida por “Chinchero”, mas também muito interessante. Aqui, mulheres com trajes típicos fazem uma demonstração de como se extrai os fios da lã da alpaca, a lavagem, tingimento e confecção dos tecidos; extremamente interessante, onde elas comprovam que todas as etapas são feitas de forma natural – até o “sabão” que limpa a lã é, na verdade, uma raiz. Impressionante! Na saída, claro, uma ‘propina’ para as moças e mais artesanatos para comprar.
            Em todos os passeios, na volta, algumas pessoas entravam no ônibus para vender DVD com fotos e imagens de Cusco e arredores – teve um que entrou vendendo um licor de anis – todos com autorização do guia, dizendo que são universitários e tal. Não comprei nada, porque senão ficava sem um tostão...
Mercado de Pisaq
 Dia 05 – Como era dia de Corpus Christi, não marquei nenhum passeio para poder curtir a cidade, pois eles celebram a data com muito entusiasmo. A praça fica tomada com desfiles de pessoas de várias partes do Peru, todos em trajes típicos, sai uma procissão com todas as imagens sacras que ficam nas igrejas – os santos são imensos – e toda a celebração tradicional do dia. Devido à colonização espanhola, Cusco ainda tem uma fortíssima cultura católica, muito mais fervorosos do que eu pensei que fossem. Aliado a isso, em uma outra praça – San Francisco ou San Domingos – existem barracas vendendo comidas típicas, especialmente o cuy e o chiriuchu. Não comi nada dessas barracas, pois não senti firmeza nas condições de higiene, comi apenas em restaurantes – sei que ninguém garante que lá sejam mais limpos que as barracas, mas enfim... Como encontrei meu amigo que fez a Trilha Inca, e os amigos dele também, fomos dar uma volta pela cidade de novo, pois eles ainda não conheciam.
Procissão de Corpus Christi
 Dia 06 – Festa do Sol ou Inti Raymi. Segundo o guia, essa festa ocorre duas vezes por ano, no solstício de inverno (24 de junho) e no solstício de verão (em fevereiro, não sei o dia). É uma encenação de rituais celebrados pelo Inca, toda falada em quechua, dividida em três partes. As duas primeiras são de livre acesso, pois acontecem em espaços públicos – Qorikancha e Plaza de Armas; caso queira ver de perto, chegue cedo, pois lota. E é assim mesmo: em Qorikancha tudo começa com a apresentação dos quatro povos que vem saudar o sol, o exército e o Imperador Inca; depois, todos vão a pé – público e ‘elenco’ até a Plaza de Armas – para dar continuidade à encenação. Finalmente, todos sobem a Sacsayhuamán; quem comprou o ingresso, tem acesso às cadeiras – o meu era setor laranja, um dos melhores pontos para se assistir o espetáculo – quem não comprou, teve que subir num morro lotado de pessoas e que fica a uma distância meio ruim para visualizar tudo. Eles fornecem um roteiro do espetáculo, em quéchua, inglês e espanhol, mas é apenas assistir antes e ler depois, pois fica impossível acompanhar; vem um DVD junto, mas confesso que ainda nem vi. Se for ao Inti Raymi, leve protetor solar, água (não vendem nada lá dentro) e uma proteção para cabeça e pescoço, pois o sol é forte, bem forte.
Inti Raymi
 Dia 07 – Volta pra Lima, onde dei uma volta pelo bairro de Miraflores (muito bacana, por sinal) e respirei um pouco de ares urbanos, depois de uma imersão em cultura, história e tradições. Se vou detalhar minha permanência em Lima? Nem... Foi tão pouco tempo que nem compensa, não vai ajudar ninguém.

            Bom, acho que deu né? Li, reli e acredito que tudo de útil e interessante que poderia compartilhar, está aqui. Caso você, prezado leitor, tenha alguma outra pergunta, me manda que, se eu puder, respondo com prazer.
           
            Pra encerrar, quero dizer que Cusco é uma cidade muito interessante que vale sim uma visita; não vá pra lá apenas por causa de Machu Picchu, tire pelo menos um dia para andar pelas ruas cusqueñas, garanto que não vai se arrepender. Violência? Tudo bem que eu não fiquei até altas horas perambulando pela cidade, mas estive no centro dela em momentos de festa, alta concentração de pessoas, andei fotografando tudo e nenhum momento me senti observado, sequer fui abordado por bêbados ou similares (confesso que nem vi gente nesse estado por lá). Como dizem, canja de galinha e cautela não fazem mal a ninguém; não ande com a câmera no pescoço, mas também não deixe de registrar imagens de um lugar tão belo.
             E viva El Peru!