segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Sozinho em Maceió

            Estive em Maceió entre os dias 26 e 30/10/2013. Peguei céu nublado apenas uma manhã, quando fui fazer o passeio para a Praia do Gunga, mas sem chuva e logo depois do almoço o céu abriu. Pela experiência, a partir de setembro, até março, dá pra ir pra qualquer lugar do nordeste sem risco de chuva. Se chove, é aquela coisa muito rápida, que mal molha o asfalto.
            Antes de postar as informações, vou dissertar um pouco sobre a capital alagoana. Como em todo o Nordeste, a hospitalidade e simpatia do povo sempre merece destaque; Maceió não é diferente. Aliado a isso, está o baixo custo das coisas, especialmente se comparado ao Rio de Janeiro, por exemplo. Fazia tempo que eu queria conhecer Maceió, mas sempre acabei indo para outros destinos. Nesse ano eu decidi que iria e pronto.
            Quando estava organizando toda a viagem, me dei conta de que teria que segurar os gastos; dessa forma, já fui sabendo que não conseguiria aproveitar a cidade e os arredores de forma completa. Fiz apenas um passeio, aquele que eu considerava imprescindível. Resultado: voltei pra casa já querendo voltar. Na próxima, aproveito e combino Aracaju, vou com tempo e dinheiro suficientes para explorar tudo que eu não pude dessa vez. Bom, melhor começar o que interessa logo e, conforme os itens forem surgindo, me aprofundo mais em cada um.

- Onde ficar:
         Maceió – até enquanto eu escrevo aqui – tem dois hostels da HI www.hihostelbrasil.com.br. Pode ser que tenha outros que você encontre em www.hostelworld.com. Ultimamente ando ficando em hotel/pousada, pois passei a apreciar mais a privacidade e o conforto, por isso fiquei em hotel (e também porque achei uma promoção imperdível). Porém, posso opinar sobre a localização da hospedagem. Eu fiquei em Pajuçara, na orla, e não tenho do que me queixar. Perto de restaurantes, farmácia (não vi supermercado) e alguns minutos de caminhada de Ponta Verde. Numa ordem de preferência pelo que eu vi lá, eu organizaria os bairros para se hospedar nessa ordem: Ponta Verde, Pajuçara e Jatiúca. Fora desses três, creio que fique fora de mão, longe da praia. Embora Jatiúca eu tenha conhecido apenas um pedacinho, nas minhas pesquisas antes de viajar, eu notei que é um bairro com várias opções de restaurantes e bares, me pareceu ter uma vida noturna mais interessante. Ponta Verde tem o trecho com melhor estrutura na praia, com mais barracas e mais movimento. Pajuçara tem mais opções de hospedagem e fica muito perto de Ponta Verde. Aí fica a critério de cada um.
Pajuçara. Depois da curva à direita, Ponta Verde. Jatiúca fica além da curva à esquerda.

            O aeroporto fica afastado do centro da cidade, mas o táxi lá não é tão caro (e aqui peço desculpas, pois não anotei o valor da corrida). Tem ônibus para a orla, mas aí vai ter que se informar, não faço ideia dos números e das linhas. Pra vir até Pajuçara, levou meia hora, mas pra voltar foi quase uma por conta do trânsito – lá eles dirigem mal pra caramba. Tenha isso em mente. Se for usar ônibus então, considere perder ainda mais tempo.

- Praias urbanas:
            Na verdade, é uma praia só, não existe uma divisão natural entre as praias, não dá pra saber onde começa uma e onde termina outra. A orla é uma das mais “ajeitadas” que eu já vi. Não sei como era antes, mas hoje ela é bem atraente, com calçadas largas, pista de bicicleta e corrida e um visual muito bom. Pena que não deram a mesma atenção ao problema do esgoto lançado na praia (falo mais sobre isso já, já).
Pajuçara é onde ficam as jangadas, aguardando quem quer fazer passeio até umas supostas piscinas naturais em alto mar. Digo supostas, pois o que li sobre antes de ir me disse que não tem atrativo algum, ainda mais se você já esteve em Maragogi. Talvez valha pelo passeio de jangada em si, ver a cidade de um novo ângulo. Eu não fiz. Aqui as pessoas ficam na areia também, existem algumas barracas com comes e bebes, mas quando fui esse trecho estava cheio de sargaço na arrebentação, aquelas algas escuras tomando conta da areia. Preferi seguir em frente.
As algas em Pajuçara...
Ponta Verde é o lugar ideal para passar o dia na praia. Aqui eu destaco a barraca do Seis Horas e da Ozana. Super barato – duas cadeiras, guarda-sol, banqueta para cerveja e até cesto de lixo, por míseros quatro reais. Como se isso não bastasse, tem a simpatia dos proprietários, super atenciosos, daquele tipo que conquista o cliente com facilidade. Quer mais? Tem ducha de água doce ligada o tempo todo na areia. O único porém é que, segundo o Seis Horas, a prefeitura determinou que eles encerrem tudo às cinco da tarde...
No calçadão de Ponta Verde ficam as duas ‘barracas de calçadão’ mais famosas de Maceió: Kanoa e Lopana. A Lopana percebe-se que é a “top”, frequentada pela sociedade e isso se reflete nos preços, é carinha, especialmente para os padrões maceioenses. Porém, ainda assim vale conhecer, pois o ambiente é agradável. Já a Kanoa me pareceu um pouco mais democrática, mas como não consumi nada ali, não sei dizer se é mais barata. A Kanoa serve como referência para achar a barraca do Seis Horas, pois esta fica logo ao lado dos guarda-sóis verdes da Kanoa – os do Seis Horas são amarelos.
Dentro do mar de Ponta Verde
Jatiúca fica mais a frente de Ponta Verde, depois da curva (chegando lá vai entender). Tem uns restaurantes na orla, mais do que Ponta Verde, mas eu particularmente não simpatizei muito. O mar estava com muito sargaço, tanto que até o cheiro deles chegava ao calçadão – mas ainda assim tinha um povo dentro d’água. Fui caminhando para conhecer, mas não empolgou e voltei rapidinho para Ponta Verde.
A cor do mar realmente é linda em Maceió, um verde/azul raro de se ver em outras praias. Eu não sei como essa cor se mantém, pois um grave problema é o lançamento de esgoto direto na praia. Em alguns trechos existem umas verdadeiras línguas negras que embrulham o estômago – do ladinho da Lopana tem uma, mas a ‘sociedade’ finge que nem vê. Quando sobrevoei a orla ao sair de lá, eu vi lá do alto um rio negro mesmo, em direção ao mar. Triste. Não é à toa que sempre alertam para a péssima qualidade da água. Bom, pelo menos ali perto do Seis Horas não tinha nada disso, até por que se tivesse eu não entraria na água.
 
Não é triste?
- Passeios:
            Ok, estou ciente do subtítulo do blog, mas não encare isso como uma contradição. Fazer os passeios com agência em Maceió me parece ser mais prático e barato. Se tem grana disponível, está viajando em grupo, aí até vale alugar um carro e percorrer toda a costa alagoana mas, viajando sozinho como eu fui, isso encareceria demais a viagem.
            Eu fiz o passeio que passa pela Praia do Francês, Barra de São Miguel e termina no Gunga. Quer um conselho? Não faça esse passeio num domingo. Sério. Francês e S.Miguel estavam insuportavelmente “farofadas”, muita gente, muito barulho, muita sujeira. Ainda bem que foi só uma ‘passada’ mesmo, o foco era a Gunga, pois se tivesse que passar o dia em alguma dessas outras duas praias, eu voltaria correndo pra Ponta Verde.
Barra de São Miguel
            O passeio custa R$ 30, só o transporte, mais nada incluso. Uma vez em Barra, você pode pagar R$ 25 e embarcar num barco e ir pela praia até Gunga. Como estava nublado quase chovendo, não quis pagar e fui até Gunga com o ônibus mesmo, junto com outras pessoas do grupo. Quem fez o passeio disse que curtiu, pois vai por águas rasas e para num bar molhado no meio do caminho. Mesmo assim não me arrependi...
            A Praia do Gunga vale a fama, eu gostei do visual, do mar bem gostoso pra banho e, mesmo sendo domingo, não estava abarrotada de gente, ficamos confortáveis na barraca, perto do mar. A intenção do passeio, pra mim, era conhecer essa praia e posso dizer que valeu a pena.
É bonita, vai.
            Com relação às agências, na própria hospedagem você consegue indicações. Eu recebi dois panfletos no hotel e ambas tinham os mesmos preços, não creio que existe muita diferença; se mesmo assim resolver pesquisar melhor, basta dar uma caminhada pela orla durante a noite e verá várias ofertas.
            Passeios que eu gostaria de ter feito, mas não tinha grana pra fazer: foz do São Francisco, Cânions do São Francisco, Day use no resort Capitão Nicholas com uma possível esticada até Carro Quebrado. Tem ainda Maragogi, mas esse eu já fiz anos atrás (com grana, faria de novo, pois é lindo). Falando nisso, um aviso importante: se for fazer Maragogi, certifique-se antes sobre a tábua das marés, se o horário que sai o passeio garante que a maré esteja baixa quando chegar no local. Maragogi com maré alta é FURADA!! Eles oferecem um city tour, mas eu acho besteira. Pensei em ir até o centro da cidade para conhecer, mas como Maceió nunca me chamou a atenção por esse aspecto, confesso que nem me dei ao trabalho... Entretanto, recomendo – para quem gosta – caminhar até o fim de Pajuçara e entrar numa avenida em direção ao porto. A prefeitura está revitalizando a área e todos os muros dessa avenida estão recebendo umas ilustrações muito bacanas. Quando estive lá, os pintores estavam a todo vapor e já tinham concluído boa parte das obras.

- Comer e beber:
            Como sempre, para saber sobre baladas, procure outra fonte. Eu viajo para aproveitar o dia, não me sobra dinheiro e disposição para passar a noite em claro. Logo, se quer dicas de festas, clubes, “night”, ‘fuén’ pra você.
            Eu consegui dicas de vários lugares para comer com o Ricardo Freire (www.viajenaviagem.com.br). Alguns eu consegui visitar, outros também ficaram para próxima vez. Vamos aos que eu conheci:
Sueca Comedoria: fica em Pajuçara, na orla (não memorizei o nome da avenida, mas não terá dificuldade). Self-service com boa variedade, mas achei o preço meio salgado, tanto que só fui uma vez. Não abre para o jantar – pelo menos as vezes em que passei em frente durante a noite estava fechado.
Parmegianno: Super recomendado, em mais de um blog. Quando fui, entendi a razão: muito bom. Embora seja ‘a la carte’, os pratos são servidos para uma pessoa também, o sonho de qualquer viajante ‘solo’. Eu comi um salmão com maracujá, veio com arroz e batatas, uma bela porção, muito bem preparado e com um preço excelente! É um restaurante que vale a fama e o sucesso que tem.
Bodega do Sertão: não sei quem veio primeiro, se ele ou o Mangai de João Pessoa. Só sei que um se inspirou no outro. O Mangai é de longe muito melhor, mas o Bodega não é um desastre. A única semelhança está no preço, alto. Vale visitar, conhecer, mas não é imperdível. Fica em Jatiúca, perto da pria; paguei R$ 10 numa corrida de táxi e depois acabei voltando a pé pela orla, sem problema algum.
Interior do Bodega
Sorveteria Bali: tinha uma pertinho do hotel e também vi um quiosque no calçadão de Jatiúca. Sorvete bem gostoso, com uma enorme variedade de sabores. Também vale a visita.
            Um lugar que queria ter visitado, mas creio que sozinho não teria muita graça, por isso não fui, é a Casa de Chopp Alagoana. Pelo site e pelas fotos me pareceu um boteco quase carioca, estilo de lugar que eu mais aprecio conhecer. Fica em Jatiúca, não muito longe do Bodega, mas como disse, ir sozinho talvez não fosse uma boa pedida... Vale mencionar também que Lopana e Kanoa também funcionam durante a noite, com música ao vivo e tudo.  
            Bom, acho que fico por aqui. Foram poucos dias na capital alagoana, mas ao menos pude finalmente conhecê-la e ficar com vontade de retornar. Na próxima irei com melhor planejamento – leia-se mais dinheiro – e farei tudo o que não fiz dessa vez. Faltam apenas duas capitais do Nordeste pra eu conhecer, mas entre as demais, Maceió está entre as que mais gostei, ficando bem à frente de outras mais badaladas. Fico na torcida para que o poder público do município invista ainda mais na conservação das praias, pois se estando como estão já atraem muitos turistas, imagino em melhores condições, sem aquelas línguas negras horríveis. Falando em turistas, uma coisa me chamou a atenção: a inexistência de estrangeiros. Ok, pode ser que houvessem gringos por lá – afinal não percorri cada centímetro quadrado – mas não vi nenhum, seja na praia, no passeio, no hotel, restaurante, nada. Algo me diz que eles preferem as praias mais, digamos, remotas, como Pipa, Jeri e Morro (essa última só dá argentino).
Não deixe de passar uma tarde aqui. Vale.
            É isso. Precisando, só pedir. Se eu puder, ajudo com gosto.

6 comentários:

  1. Estarei indo em setembro de 2015, muito interessante seu comentário, abraço Eduardo - Rio de Janeiro

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  2. Estarei indo em setembro de 2015, muito interessante seu comentário, abraço Eduardo - Rio de Janeiro

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  3. Adorei os comentários! Vc poderia me passar o nome do hotel em que você se hospedou? Obrigada!

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  4. Oi! Irei sozinha em dezembro pra lá e to querendo saber se nas praias tem 'lockers' ou 'escaninhos' para guardar os pertences. Vi que la e um destino muito procurado por viajantes solo e fiquei nessa duvida. Voce sabe me falar?

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